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Corte da Selic coloca fim ao privilégio dos rentistas e cria choque direto entre poupadores tradicionais e mercado de ações

Publicado em 13/09/2025 às 21:43
O corte da Selic no Brasil marca o fim do privilégio dos rentistas: decisão do Copom reduz ganhos da renda fixa e cria choque direto com o mercado de ações, forçando poupadores a reverem estratégias de investimento.
O corte da Selic no Brasil marca o fim do privilégio dos rentistas: decisão do Copom reduz ganhos da renda fixa e cria choque direto com o mercado de ações, forçando poupadores a reverem estratégias de investimento.
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Redução da taxa básica de juros muda dinâmica dos investimentos no Brasil e pressiona conservadores a migrarem para ativos de risco.

O corte da Selic já é tratado pelo mercado como inevitável e representa muito mais do que uma simples decisão técnica do Copom (Comitê de Política Monetária). Na prática, o movimento marca o fim do privilégio dos rentistas, que por anos obtiveram ganhos elevados apenas com aplicações em renda fixa. Agora, a mudança abre espaço para um choque direto entre poupadores tradicionais e o mercado de ações, segundo análise do especialista Raul Sena.

Durante anos, a Selic em patamares elevados permitiu que investidores conservadores vivessem apenas dos juros, sem a necessidade de assumir riscos.

Mas com a queda da taxa, os retornos de CDBs, LCIs, CRIs e outros títulos começam a encolher, forçando uma reconfiguração do mercado financeiro brasileiro.

Quem ganha e quem perde com o corte da Selic

O corte da Selic tende a favorecer o mercado de capitais. Com a renda fixa rendendo menos, ações e fundos imobiliários (FIIs) passam a se destacar como alternativas de maior rentabilidade.

Historicamente, ciclos de queda nos juros sempre foram acompanhados de valorização na B3, já que o capital migra para ativos de risco em busca de ganhos.

Por outro lado, poupadores tradicionais, aposentados e famílias que dependiam dos altos juros para complementar a renda sentirão o impacto direto em seus ganhos mensais.

Esse grupo, acostumado a viver de aplicações conservadoras, precisará rever estratégias e considerar diversificação, mesmo que isso envolva assumir riscos maiores.

Quanto a renda fixa perde de atratividade

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Com a Selic em 15% ao ano, títulos públicos e privados ofereciam retornos expressivos, alguns ultrapassando IPCA + 12%, o que sustentava a lógica do rentismo.

Mas a tendência de cortes deve reduzir significativamente essa remuneração. Isso significa que aplicações em renda fixa deixarão de garantir o mesmo conforto financeiro, obrigando investidores a procurar alternativas.

Segundo Raul Sena, o efeito é inevitável: quanto menor a taxa Selic, menor a atratividade da renda fixa e maior a pressão por alocação em ativos de risco.

Por que a bolsa se beneficia com o corte da Selic

A história recente comprova a correlação. Em 2008, mesmo com a crise do subprime, a queda dos juros sustentou a recuperação da bolsa brasileira.

Em 2020, com a Selic no menor nível da história, o Ibovespa voltou a subir fortemente.

Hoje, o índice negocia a 9,2 vezes lucro (P/L), abaixo da média histórica de 10,9, o que abre espaço para valorização se a migração de capital se confirmar.

Fundos imobiliários também tendem a se beneficiar, já que a redução dos juros aumenta a atratividade de dividendos pagos por esses ativos em comparação à renda fixa.

Onde o impacto social é mais visível

O corte da Selic não afeta apenas investidores. Juros menores reduzem o custo do crédito, barateiam financiamentos imobiliários e tornam mais acessíveis empréstimos para empresas e consumidores. Isso estimula o consumo, os investimentos e a geração de empregos.

Por outro lado, aposentados que dependem de aplicações conservadoras podem ter sua renda reduzida.

Esse efeito redistributivo revela o caráter social da política monetária, que ao mesmo tempo que impulsiona a economia, mexe com o bolso de quem sempre viveu de juros altos.

O risco de cortar demais e perder o controle da inflação

Apesar dos benefícios, o Banco Central enfrenta um dilema. Se o corte da Selic for excessivo ou acelerado, há risco de reaquecer a inflação.

A autoridade monetária precisa encontrar equilíbrio: reduzir juros para estimular a economia, mas sem comprometer o regime de metas de inflação, base da credibilidade do sistema.

Esse ponto será decisivo para definir se o movimento de queda será sustentável e confiável aos olhos de investidores nacionais e internacionais.

Vale a pena migrar para o mercado de risco?

Especialistas alertam que a resposta depende do perfil do investidor. Quem busca maiores retornos terá de se abrir à diversificação, especialmente em ações, fundos imobiliários e ETFs.

No entanto, é provável que parte dos poupadores aceite rendimentos menores em troca de segurança, mantendo recursos em renda fixa mesmo com rentabilidade reduzida.

Ainda assim, a tendência é clara: quanto maior a diferença entre os retornos da renda fixa e as oportunidades na bolsa, maior a pressão para que investidores conservadores se arrisquem no mercado de capitais.

O corte da Selic não é apenas uma decisão técnica do Copom. Ele simboliza a transição de uma era de rentismo para um novo ciclo de protagonismo do mercado de risco no Brasil.

Para uns, abre oportunidades de ganhos em ações e fundos imobiliários. Para outros, significa perda de renda e necessidade de adaptação.

E você, acredita que o corte da Selic vai de fato obrigar poupadores tradicionais a migrarem para a bolsa? Ou acha que muitos ainda preferirão rendimentos menores em troca de segurança?

Deixe sua opinião nos comentários queremos ouvir a visão de quem já sente os efeitos dessa mudança.

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Maria Heloisa Barbosa Borges

Falo sobre construção, mineração, minas brasileiras, petróleo e grandes projetos ferroviários e de engenharia civil. Diariamente escrevo sobre curiosidades do mercado brasileiro.

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