Projeto visa garantir liderança tecnológica no setor naval e fortalecer a posição do país no mercado de energia limpa
A Coreia do Sul revelou um ambicioso plano para construir o maior navio transportador de hidrogênio liquefeito (LH2) do mundo até 2027. A iniciativa tem como objetivo consolidar uma vantagem competitiva estratégica e fortalecer a indústria nacional de construção naval em um cenário global cada vez mais voltado para soluções sustentáveis.
De acordo com o Ministério do Comércio, Indústria e Energia (MOTIE), o projeto faz parte de uma política nacional voltada à expansão do uso do hidrogênio como fonte energética de futuro, substituindo progressivamente os tradicionais transportadores de gás natural liquefeito (GNL).
Investimento público impulsiona inovação no setor naval voltada ao hidrogênio
O governo sul-coreano prevê um investimento de KRW 55,5 bilhões (equivalente a US$ 39,2 milhões) ainda em 2025 para impulsionar a construção do navio de demonstração. A informação foi divulgada pelo MOTIE durante uma cerimônia realizada em 9 de maio, na cidade portuária de Busan, conforme noticiado pelo portal Offshore Energy.
-
Transpetro lança licitação de barcaças e empurradores: mobilização da indústria naval brasileira, foco em navegação interior e transporte de combustíveis na costa
-
Monitoramento dos rios na Amazônia ganha reforço com embarcação Uiara, unindo tecnologia hidrológica, gestão sustentável, inovação naval e segurança hídrica nacional
-
R$ 2,6 bilhões na Bahia: Petrobras reacende o setor naval, reabre a Fafen e promete novo ciclo de prosperidade industrial
-
Petrobras assina contratos estratégicos do Projeto Refino Boaventura e embarcações de apoio para sistemas submarinos, impulsionando indústria naval, logística offshore e empregos
O projeto é conduzido por um grupo de promoção público-privado, que reúne especialistas em navios LH2 do ministério, três grandes construtoras navais, universidades e institutos de pesquisa. A estratégia visa acelerar o desenvolvimento tecnológico e estabelecer um modelo de cooperação capaz de gerar inovação com aplicação internacional.
Navios transportadores de hidrogênio liquefeito (LH2) representam nova fronteira da tecnologia marítima
O transporte de hidrogênio liquefeito exige soluções técnicas avançadas, uma vez que o gás precisa ser resfriado a -253°C para se manter em estado líquido. Nessa condição, seu volume é reduzido em até 800 vezes, o que permite um ganho expressivo em eficiência, estimado em mais de dez vezes em comparação ao hidrogênio em estado gasoso.
Segundo o MOTIE, nenhum país ainda conseguiu comercializar embarcações desse porte dedicadas ao transporte de LH2. Diante disso, a Coreia do Sul busca ocupar essa lacuna e transformar sua expertise em GNL em liderança no segmento emergente de hidrogênio.
Objetivo é transformar inovação em padrão global
Além da construção do navio, o governo sul-coreano pretende desenvolver marcos regulatórios que transformem a tecnologia nacional em padrão internacional. A proposta é estabelecer um sistema jurídico e normativo capaz de sustentar a disseminação dessa inovação no mercado global.
Esse movimento faz parte de uma estratégia lançada em 2024, que busca garantir o protagonismo da indústria naval sul-coreana frente à transição energética em curso. O MOTIE ressaltou que os navios LH2 são voltados para o futuro e serão fundamentais para garantir a chamada “super-gap” — termo utilizado para se referir a uma vantagem tecnológica significativa frente à concorrência internacional.
Desenvolvimento sustentável e liderança industrial
Diante da crescente demanda por soluções energéticas de baixo carbono, a aposta da Coreia do Sul na construção do maior navio de hidrogênio do mundo reforça sua intenção de liderar o setor naval global. O país não apenas investe em tecnologia, mas também busca ditar os rumos da regulamentação e do comércio internacional neste novo capítulo da indústria marítima.