Forte Coimbra: 250 anos de história, resistência e restauração no Pantanal com investimento de R$ 19 milhões para preservação cultural
Um dos símbolos históricos de Mato Grosso do Sul, o Forte Coimbra, localizado no Pantanal, completou 250 anos e entrou em uma nova fase da sua trajetória.
O Governo do Estado anunciou a restauração completa do monumento, com investimento de R$ 19 milhões, reafirmando a importância da preservação da memória e da história do Brasil.
A celebração aconteceu no sábado (20), com lançamento da pedra fundamental da obra e uma solenidade militar.
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Estiveram presentes o governador Eduardo Riedel, o ministro da Defesa, José Múcio, o comandante do Exército, general Tomás Paiva, e o comandante do CMO, general Alcides de Faria.
Governador destaca integração entre história e futuro
Durante o evento, o governador Eduardo Riedel ressaltou o valor histórico do Forte e a ligação entre a preservação da memória e o desenvolvimento do Estado.
“Eu estive no Forte Coimbra para conhecer um pouco de toda a história, a gente não pode esquecer, em momento algum da nossa origem, formação, de onde viemos”, afirmou.
O Forte Coimbra é considerado um marco da engenharia militar brasileira e desempenhou papel estratégico na defesa do território, especialmente no processo de definição de limites entre Portugal e Espanha.
Tombamento e relevância nacional
Construído em 1775, às margens do Rio Paraguai, próximo à tríplice fronteira com Bolívia e Paraguai, o Forte foi tombado pelo Iphan em 1974.
O comandante do Exército, general Tomás Paiva, destacou o papel da preservação:
“Com esta celebração dos 250 anos do Forte, damos um exemplo para o Brasil de como a gente integra a sociedade, com o Estado e o Exército Brasileiro. Com respeito, continuidade e comprometimento, para preservar esse patrimônio, valorizar a cultura para que as pessoas possam visitar e ver o que aconteceu no passado e como isso foi importante para a integração no Brasil. É uma aula de história e cidadania, com tolerância, respeito, integração”.
Ao longo de sua história, o Forte foi palco de conflitos, como a Guerra da Tríplice Aliança em 1864, além de servir como base para operações das Forças Armadas contra ilícitos fronteiriços e na proteção do Pantanal, inclusive no combate a incêndios florestais.
Patrimônio com potencial mundial
O Forte Coimbra pertence ao Exército, que mantém guarnição no local.
A vila vizinha abriga moradores devotos de Nossa Senhora do Carmo, padroeira da região, cuja festa religiosa, em 16 de julho, é uma das mais antigas de Mato Grosso do Sul.
Com a restauração ampla, o monumento poderá pleitear o título de Patrimônio Mundial da Unesco.
Acesso e turismo sustentável
O Governo do Estado também é responsável por garantir o acesso terrestre ao Forte, por meio da implantação da MS-454.
A obra, orçada em R$ 40 milhões, tem como objetivo fomentar o turismo sustentável, preservar a história e reforçar a imagem de Mato Grosso do Sul no cenário internacional.
“Nós temos obrigação de viabilizar, restaurar o Forte e potencializá-lo para o Brasil e o mundo. Nossa história é importante para o país e para Mato Grosso do Sul. Fico emocionado de estar no Pantanal, na celebração dos 250 anos e na revitalização. Convido a iniciativa privada a participar desse processo, porque é um monumento que certamente vai ser reconhecido pela Unesco. O processo já está avançado, é referência global para a história da América do Sul. O Exército Brasileiro tem sido um grande parceiro em todas as etapas. Seguimos firmes para viabilizar a restauração e valorizar esse ativo histórico que Mato Grosso do Sul detém”, completou Riedel.
A restauração foi contratada pelo Iphan e viabilizada por meio de acordo entre o CMO e a Associação Pró-Cultura e Promoção das Artes (APPA), responsável pela captação de recursos pela Lei de Incentivos.
História de resistência
A fundação do Forte remonta a 1775, quando o capitão Matias Ribeiro da Costa foi encarregado pelo Capitão-General Luiz de Albuquerque de erguer uma fortificação estratégica para assegurar a presença portuguesa e afastar os espanhóis.
No início, a estrutura era modesta: uma paliçada de troncos de carandá e construções de palha. Em 1797, o tenente-coronel Ricardo Franco assumiu o comando e projetou nova estrutura em pedra e cal, adaptando-se ao terreno.
Em 1801, no conflito entre Portugal e Espanha, Ricardo Franco comandou 50 soldados e 60 civis contra quatro navios espanhóis com cerca de 900 combatentes. Após nove dias de cerco, o Forte resistiu e consolidou sua importância estratégica.
Décadas depois, em 1864, o Forte foi atacado novamente por tropas paraguaias durante a Guerra da Tríplice Aliança. Com 150 militares, 20 indígenas aliados e famílias residentes, a resistência garantiu a sobrevivência da população.
A devoção à Nossa Senhora do Carmo marcou o episódio. A imagem erguida pelo corneteiro Verdeixas teria surpreendido os inimigos, que recuaram. Mesmo assim, o Forte ficou sob domínio paraguaio por quatro anos, sendo reconstruído em 1868 pelos brasileiros, no formato atual.
Um patrimônio em transformação
O Forte Coimbra chega aos 250 anos como testemunha viva da história brasileira e peça central da defesa do território. Agora, entra em um novo capítulo, que une preservação cultural, fortalecimento turístico e reconhecimento internacional.
Com o apoio do Estado, do Exército e da sociedade, a restauração promete transformar o Forte em referência global de memória, resistência e integração, reforçando a identidade de Mato Grosso do Sul e do Brasil no cenário mundial.


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