Longe dos canhões, estas embarcações são equipadas com alta tecnologia para mapear águas, garantir rotas seguras e apoiar a pesquisa científica, sendo essenciais para o Brasil.
Pouco conhecidos do grande público, os “navios brancos” da Marinha do Brasil são fundamentais para a soberania e o desenvolvimento do país. Sem mísseis, mas com sonares e sensores de precisão, sua frota de 21 embarcações trabalha silenciosamente para garantir a segurança de quem navega e para desvendar os segredos do ambiente marinho.
O que são os “navios brancos” e qual a sua missão?
No lugar de canhões, os navios brancos carregam ecobatímetros e posicionadores de alta precisão. Essas embarcações hidroceanográficas da Marinha do Brasil (MB) têm um papel essencial na segurança da navegação. Atuam também na pesquisa científica e no monitoramento ambiental.
Sua missão é manter as rotas marítimas seguras e salvaguardar a vida humana no mar. Eles realizam levantamentos hidrográficos e produzem cartas náuticas, que são como mapas do mar. Além disso, emitem previsões do tempo e cuidam do balizamento, que é a instalação e manutenção de boias e faróis em rios e no litoral. São eles que identificam áreas de perigo para os navegantes.
-
Indústria naval volta a crescer no RS com 1,5 mil empregos diretos e reativação do Estaleiro Rio Grande
-
BNDES aprova financiamento para embarcações sustentáveis da Hermasa com recursos do Fundo da Marinha Mercante
-
Modernização da APS no Porto de Santos: investimento de R$ 3 milhões reforça segurança e tecnologia
-
Royal Navy comissiona HMS Stirling Castle para reforçar operações de caça a minas no Reino Unido
Mapeando as águas brasileiras
Muitos desses navios operam em locais de difícil acesso. Navegam por águas rasas e canais estreitos de rios. Este trabalho permite a descoberta de novas rotas seguras e amplia o conhecimento sobre a geografia das águas brasileiras.
Segundo o Capitão de Fragata Jorge Luiz Nascimento de Paula, a Hidrografia da Marinha é crucial para a segurança e para a ciência no país. “Seu trabalho contínuo assegura rotas marítimas seguras e contribui para o conhecimento dos nossos mares e águas interiores”, afirma. Um exemplo notável é o Navio de Pesquisa Hidroceanográfico “Vital de Oliveira”. Em 2015, ele localizou no fundo do mar o único navio de guerra brasileiro afundado no país durante a Segunda Guerra Mundial.
A rotina intensa dos hidrógrafos
O trabalho a bordo dos navios brancos é intenso. O Suboficial-Mor Alberto Rêgo Chaves Junior, com mais de 30 anos de carreira e 1.600 dias de mar, descreve a rotina. A coleta, o processamento e a verificação de dados ditam o ritmo das missões, 24 horas por dia.
“Existe uma simbiose entre os grupos de trabalho”, explica o suboficial. As equipes se revezam para operar os equipamentos e garantir a qualidade das informações. Apesar da rotina exigente, ele afirma que escolheria a carreira novamente. “Os navios brancos representam, para mim, realização profissional e pessoal. Sei que o nosso trabalho é útil para a nação”.
A importância dos navios brancos em cenários de combate
A relevância dessas embarcações não se limita a tempos de paz. Elas possuem grande valor estratégico. Conforme ressalta o Capitão de Fragata Jorge Luiz, em situações de conflito, os navios hidroceanográficos podem atuar em cenários complexos.
Eles são capazes de realizar levantamentos de praias para operações anfíbias. Também podem fazer o reconhecimento de áreas para a guerra de minas e caracterizar o ambiente em regiões de interesse estratégico para uma força-tarefa.
Da Antártica à formação de novos profissionais
Além dos navios brancos, a hidrografia da Marinha opera os “navios vermelhos” na Antártica. O NApOc “Ary Rongel” e o Navio Polar “Almirante Maximiano” apoiam o Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR). Na última operação, apoiaram 23 projetos científicos com 134 pesquisadores.
Os navios da Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) também são plataformas de instrução. Recebem estudantes de oceanografia para estágios e contribuem para a formação de militares e civis. Por fim, participam ativamente da sinalização náutica, instalando e mantendo faróis e boias que guiam os navegadores e protegem o comércio brasileiro, do qual 95% escoa pelos portos.
Fonte: Agência Marinha de Notícias.