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Como o refrigerante mais popular do Brasil sumiu? A ascensão e a queda da Dolly – de rival da Coca-Cola a fantasma nas prateleiras, com o lendário Dollynho

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 29/07/2025 às 19:54
A ascensão e a queda da Dolly – de rival da Coca-Cola a fantasma nas prateleiras, com o lendário Dollynho
Foto: A ascensão e a queda da Dolly – de rival da Coca-Cola a fantasma nas prateleiras, com o lendário Dollynho
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O que aconteceu com a Dolly? Entenda por que o refrigerante brasileiro que já rivalizou com a Coca-Cola praticamente sumiu do mercado. Veja a história do Dollynho e os bastidores da crise que tirou a marca das prateleiras

Durante os anos 2000, era praticamente impossível ligar a televisão e não ver o simpático Dollynho estampando propagandas de TV. Criado como um refrigerante acessível e brasileiro, a Dolly chegou a disputar espaço diretamente com gigantes do setor, como a Coca-Cola. Mas hoje, muitos consumidores notam: Dolly sumiu. O que aconteceu com a marca que foi símbolo de irreverência, marketing popular e resistência? Este artigo investiga a história do Dolly, os bastidores de sua ascensão meteórica, os problemas judiciais enfrentados pela empresa e o que levou a marca a se tornar praticamente invisível no mercado atual de bebidas. Entenda o que fez o refrigerante mais popular do Brasil desaparecer das prateleiras.

O auge da Dolly: um refrigerante brasileiro que conquistou o país

Fundada em 1987 por Laerte Codonho, a Dolly surgiu com uma proposta ousada: oferecer refrigerantes com preço acessível, mas com sabor e qualidade comparável às grandes marcas internacionais.

O foco inicial foi o refrigerante de guaraná, que rapidamente ganhou popularidade entre consumidores da Grande São Paulo.

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Durante a década de 1990 e, principalmente, nos anos 2000, a empresa investiu fortemente em campanhas publicitárias com o personagem Dollynho – o “amiguinho da galera”.

O mascote virou um ícone da cultura pop brasileira, viralizando em comerciais, programas infantis e até memes da internet. Com isso, a Dolly se consolidou como um dos principais nomes no mercado de bebidas, chegando a deter 30% da participação de mercado em São Paulo, segundo dados da Nielsen na época.

Esse crescimento notável colocou a Dolly em uma posição estratégica no setor de bebidas, a ponto de se tornar uma ameaça real à hegemonia da Coca-Cola no mercado nacional, especialmente no Sudeste. A briga por espaço nas gôndolas de supermercados se intensificou, e a comparação entre Dolly x Coca-Cola passou a ser inevitável.

Quando a Dolly desapareceu do radar: da rivalidade à derrocada

A trajetória da Dolly, no entanto, começou a mudar drasticamente a partir de 2017. Foi nesse ano que o fundador Laerte Codonho foi alvo de uma operação do Ministério Público e da Receita Estadual, acusado de fraude fiscal e lavagem de dinheiro. A operação resultou em sua prisão temporária e no bloqueio de bens e contas da empresa.

O episódio teve grande repercussão na mídia. Codonho afirmou que a ação foi fruto de uma suposta perseguição movida por concorrentes maiores, especialmente a Coca-Cola. Em entrevistas, ele alegou que sua empresa foi prejudicada de maneira sistemática por grandes conglomerados e órgãos fiscais, dificultando a permanência da Dolly no mercado.

A situação afetou diretamente a cadeia de distribuição da marca. Supermercados e redes de varejo passaram a reduzir os pedidos. Sem acesso a crédito e com imagem desgastada, a Dolly começou a desaparecer das prateleiras – não só em São Paulo, mas em diversas outras regiões. O refrigerante mais popular do Brasil, que havia chegado a rivalizar com a líder mundial do setor, tornou-se um caso clássico de ascensão e queda.

O impacto do marketing e do Dollynho na história do Dolly

Parte do sucesso inicial da Dolly pode ser atribuída a uma estratégia de marketing singular. Ao contrário das campanhas sofisticadas de suas concorrentes, a marca apostava em comerciais simples, de baixo custo e veiculados em massa nas emissoras regionais. A presença onipresente do mascote Dollynho ajudou a fixar a marca no imaginário coletivo, especialmente entre crianças e adolescentes.

Apesar de suas limitações técnicas, a publicidade da Dolly se destacava pela originalidade e pela conexão emocional com o público.

Dollynho virou meme e parte da cultura da internet brasileira, contribuindo para a visibilidade da empresa mesmo em tempos de crise. Ainda hoje, vídeos antigos das propagandas circulam no YouTube e nas redes sociais.

No entanto, esse estilo de marketing também teve efeitos colaterais. Muitos passaram a ver a marca como “popular demais” ou associada à baixa qualidade, mesmo que a composição do produto estivesse dentro dos padrões da Anvisa. A forte exposição, com pegada infantil, acabou afastando parte do público adulto, impactando a percepção do consumidor sobre o valor da marca.

Crise judicial e perseguição: como o refrigerante brasileiro foi pressionado

A crise da Dolly não pode ser compreendida sem mencionar o contexto judicial. Segundo o próprio Laerte Codonho, a empresa foi vítima de um processo injusto que envolveu multas milionárias, acusações sem provas consolidadas e um cerco fiscal que inviabilizou sua operação.

Em entrevistas a veículos como Record TV e Jovem Pan, Codonho denunciou práticas abusivas da Receita Estadual de São Paulo e afirmou que empresas como a Coca-Cola tinham influência indevida em ações contra a Dolly. Ele chegou a produzir e divulgar vídeos com provas e documentos que, segundo ele, demonstravam perseguição e manipulação.

A defesa da Dolly chegou a protocolar ações na Justiça denunciando concorrência desleal. No entanto, o dano à reputação da marca já estava consolidado. A cadeia de fornecimento foi prejudicada, funcionários demitidos e várias linhas de produção encerradas.

Em meio à turbulência, Dolly desapareceu do radar do consumidor comum. Sem presença consistente em redes varejistas, sem campanhas massivas de publicidade e com a reputação abalada, o refrigerante virou praticamente um fantasma no setor de bebidas.

Existe futuro para a Dolly no mercado de refrigerante brasileiro?

Apesar de todas as dificuldades enfrentadas, a marca Dolly ainda sobrevive. Segundo registros da Junta Comercial do Estado de São Paulo, a empresa continua ativa e com CNPJ regularizado. Há produção localizada em algumas regiões do estado, embora em escala bem menor do que nos anos de ouro.

Laerte Codonho também segue tentando recuperar a marca. Em canais como YouTube e redes sociais, o empresário continua denunciando o que chama de “sabotagem” à Dolly e aposta na retomada da imagem do Dollynho para reconquistar o público. Ainda há uma base fiel de consumidores que reconhece o valor da marca como refrigerante brasileiro de custo acessível.

Em 2023, surgiram indícios de que a Dolly poderia retomar algumas linhas de distribuição, com foco em mercados regionais. No entanto, a concorrência está ainda mais acirrada, com novas marcas populares e artesanais surgindo, além do avanço de refrigerantes internacionais de baixo custo.

O que o caso Dolly revela sobre o setor de refrigerantes no Brasil?

A história do Dolly é um retrato fiel das dificuldades enfrentadas por empresas nacionais ao competir com multinacionais poderosas. De ícone da publicidade popular a caso complexo de disputa judicial, a Dolly representa tanto a resiliência do empreendedorismo brasileiro quanto os riscos de um mercado concentrado.

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Dolly sumiu, mas seu impacto cultural permanece. Dollynho virou símbolo de uma era em que marcas menores conseguiam competir com gigantes por meio da criatividade e da conexão direta com o público. O caso também levanta discussões importantes sobre justiça fiscal, concorrência e proteção ao pequeno empresário.

Se voltará a ser o refrigerante mais popular do Brasil, ainda é incerto. Mas o legado da Dolly, com todos os altos e baixos, já está garantido como um dos episódios mais curiosos e emblemáticos do mercado de bebidas nacional.

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Luiz Cláudio Bimestre Fortes
Luiz Cláudio Bimestre Fortes
30/07/2025 22:16

Nesse país o dinheir@ fala mais alto…

Valter
Valter
30/07/2025 11:24

E uma pena o que está acontecendo com a Dolly, um bom refrigerante de boa qualidade. E uma boa empresa.

Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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