Em reunião sobre cenário do petróleo mundial com ministro do Brasil, representante dos Estados Unidos solicita ampliação da produção
Em razão da guerra na Ucrânia, o mercado global anda muito instável, sendo o principal reflexo na disparada do preço do barril de petróleo. Nesse sentido, os Estados Unidos chegaram a solicitar ao Brasil que aumente sua produção. Jennifer Granholm, secretária de energia do governo estadunidense, realizou o pedido a Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia, ao longo de uma videoconferência na última quinta, dia 10 de março.
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Segundo o portal Valor, no dia seguinte, o ministro brasileiro afirmou que a reunião com a representante estadunidense foi útil para debater a “conjuntura internacional”, que vem oscilando desde o início do conflito na Europa. Grande parte da conversa foi para discutir a necessidade de ampliar a produção de petróleo no mundo com urgência.
“Os países que têm estoque, como Estados Unidos, Japão, Índia e outros, estão liberando. Mas também tem que ter o esforço de aumento da produção. Ela [Jennifer Granholm] me perguntou se o Brasil poderia fazer parte desse esforço, e eu falei ‘claro que pode’. Já estamos aumentando a produção, enquanto a maioria dos países da OCDE, reduziu. Nós aumentamos nossa produção nos últimos três anos”, contou o Albuquerque.
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O ministro de Minas e Energia informou que os integrantes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) irão disponibilizar 60 milhões de metros cúbicos de petróleo ao longo dos dois próximos meses. De acordo com ele, a medida visa evitar a instabilidade do preço do petróleo no mercado global.
Ele reconheceu que o grande “desbalanceamento” entre oferta e procura, agravado pelo conflito entre Rússia e Ucrânia, pode ultrapassar o problema de aumento dos valores e ocasionar a falta de fornecimento aos mercados. “Talvez não tenha diesel para atender a demanda de todos os países”, concluiu. Albuquerque explicou ainda que as reservas de óleo diesel nos EUA estão 20% mais baixas, assim como os estoques dos países do Oriente Médio, que também foram afetados, com uma queda de 40% nas reservas do combustível.
Além disso, o ministro disse que, aqui no Brasil, o armazenamento é supervisionado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Conforme ele, as reservas necessitam ser mantidas em níveis maiores à medida que os tanques de estoque estiverem mais distantes das refinarias.
Risco de desabastecimento de petróleo e alta nos combustíveis
A preocupação acerca do desabastecimento de petróleo foi responsável pela criação do Governo de um comitê de monitoramento, constituído por órgãos do governo, a fim de acompanhar o cenário todos os dias.
Em relação à alta dos combustíveis, Albuquerque afirmou que essa não é uma preocupação exclusiva do país, visto que a disparidade entre oferta e demanda não começou na Guerra da Ucrânia, apenas foi intensificada.
“Na retomada econômica do mundo em 2021, começou a haver aumento da demanda. Ocorre que a oferta não se recupera imediatamente. O aumento da produção de óleo e gás leva um determinado tempo, além de que os investimentos nestes setores foram reduzidos”, explicou ele. O ministro enfatizou também que o Brasil foi o único país a acrescentar 17% no valor do óleo e 22% no do gás.
O Brasil ainda não é capaz de processar o óleo gruto extraído dos campos, portanto, precisa importar derivados para atender o mercado nacional. Segundo Albuquerque, o país é fortemente dependente dos produtos externos, considerando que aproximadamente 30% do diesel e do GLP consumidos pelos brasileiros vêm do exterior.
Quanto às medidas para controlar a disparada dos combustíveis, o ministro disse que uma parcela delas precisa de tempo para apresentar resultados, como o fundo de estabilização de preços. “Fundos não nascem da noite para o dia. Estoques também não são estabelecidos tão rápido assim”, finalizou.