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Colisão monstruosa: Buracos negros gigantes desafiam a ciência!

Escrito por Sara Aquino
Publicado em 17/07/2025 às 09:08
Atualizado em 21/07/2025 às 20:57
Maior colisão de buracos negros da história acontece e novo recorde intrigante desafia teorias do espaço sideral!
Foto Divulgação GMVA+ALMA.
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Maior colisão de buracos negros da história acontece e novo recorde intrigante desafia teorias do espaço sideral!

Cientistas de todo o mundo estão intrigados com um evento cósmico sem precedentes: a colisão de dois buracos negros supermassivos, cada um com centenas de vezes a massa do Sol, detectada em novembro de 2023.

Esse fenômeno, batizado de GW231123, ocorreu no vasto espaço sideral e foi registrado pelo Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (LIGO), um marco na astronomia que prova, mais uma vez, as previsões de Albert Einstein.

A descoberta não só estabelece um novo recorde para a maior fusão de buracos negros já observada, mas também levanta sérias questões sobre como esses colossos celestes se formam, desafiando as teorias atuais de formação estelar.

O que torna essa colisão tão especial?

A fusão GW231123 se destaca entre as cerca de 300 detecções de colisão de buracos negros feitas pelo LIGO e seus parceiros (Virgo na Itália e KAGRA no Japão).

A massa combinada dos dois objetos – um com aproximadamente 100 e o outro com cerca de 140 vezes a massa do Sol – coloca-os diretamente em uma “lacuna de massa” teórica.

Essa lacuna, que vai de cerca de 60 a 130 massas solares, representa uma faixa onde os cientistas não esperam que buracos negros se formem a partir do colapso de estrelas massivas.

A revelação das ondas gravitacionais: como detectamos o invisível

A detecção dessa colisão massiva só foi possível graças às ondas gravitacionais, ondulações sutis no espaço-tempo. Previstas por Albert Einstein em sua teoria da relatividade em 1915, ele acreditava que seriam muito fracas para serem detectadas pela tecnologia humana.

No entanto, em 2016, o LIGO provou o contrário, realizando a primeira detecção e abrindo uma nova era para a astronomia.

Desde então, a capacidade desses detectores, que Mark Hannam, chefe do Instituto de exploração da Gravidade da Universidade de Cardiff, descreve como “os instrumentos de medição mais sensíveis que os seres humanos já construíram”, tem permitido aos cientistas observar os eventos mais violentos e extremos do universo.

A importância das ondas gravitacionais é ainda maior quando se considera que os buracos negros não emitem luz ou qualquer outra radiação eletromagnética.

Portanto, a única maneira de observar uma colisão em um sistema binário de buracos negros é através dessas ondulações no espaço-tempo. Antes da detecção por ondas gravitacionais, a própria existência de sistemas binários de buracos negros era uma questão em aberto.

A “lacuna de massa” e o dilema da formação dos buracos negros

A principal questão levantada pelo GW231123 é como esses buracos negros gigantes se formaram. Os mecanismos padrão de formação de buracos negros envolvem o colapso de estrelas massivas ao ficarem sem combustível.

No entanto, a massa dos buracos negros envolvidos nessa colisão os coloca bem no meio da “lacuna de massa”, uma faixa onde a formação estelar não explicaria sua existência.

Mark Hannam explica o enigma: “Existem mecanismos padrão pelos quais os buracos negros se formam — quando as estrelas ficam sem combustível, morrem e então colapsam.

Mas há uma faixa de massas onde pensamos que não é possível que buracos negros se formem dessa maneira. E os buracos negros do GW231123 estão exatamente no meio dessa lacuna (de massa). Então há uma questão sobre como eles se formaram e isso os torna muito interessantes”.

Hipóteses para a gênese dos gigantes: fusões em cascata?

Para tentar preencher essa lacuna de conhecimento, Hannam e seus colegas propõem uma explicação no estudo publicado no repositório Arxiv: os dois buracos negros poderiam ser resultados de fusões anteriores, e não de estrelas moribundas.

Este cenário sugere uma reação em cadeia de fusões de buracos negros, onde objetos menores se combinam repetidamente para formar buracos negros de massa cada vez maior.

Imre Bartos, professor associado da Universidade da Flórida, que não esteve envolvido na pesquisa, concorda que fusões anteriores poderiam explicar tanto a alta massa quanto a rápida rotação dos buracos negros.

Ele também aponta outras possibilidades, como colisões repetidas em aglomerados de estrelas jovens ou o colapso direto de uma estrela excepcionalmente massiva, embora considere essas últimas menos prováveis de produzir buracos negros que giram tão rapidamente.

O futuro da astronomia de ondas gravitacionais

A descoberta do GW231123 abre uma nova janela para a compreensão da formação e crescimento dos buracos negros. A astronomia de ondas gravitacionais está amadurecendo rapidamente, passando da primeira detecção para explorar território que desafia as teorias mais consolidadas.

O recorde anterior para a fusão de buracos negros mais massiva, o GW190521, era apenas 60% do tamanho do GW231123, indicando que o espaço sideral ainda guarda muitos segredos.

Hannam sugere que os cientistas podem encontrar fusões ainda mais massivas no futuro, especialmente com o desenvolvimento de instrumentos ainda mais precisos nas próximas décadas, como o proposto Cosmic Explorer nos EUA e o Telescópio Einstein na Europa.

A cada nova colisão detectada, mais aprendemos sobre os mistérios insondáveis do universo.

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Sara Aquino

Farmacêutica Generalista e Redatora. Escrevo sobre Empregos, Cursos, Ciência, Tecnologia e Energia. Apaixonada por leitura, escrita e música.

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