O CNPE definiu novas regras para a prorrogação dos contratos de partilha de petróleo e gás, medida que busca ampliar a segurança jurídica, atrair investimentos e fortalecer o setor energético brasileiro
Nesta quarta-feira, 1º de outubro de 2025, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou uma resolução estratégica que estabelece diretrizes para a prorrogação dos contratos de partilha de produção de petróleo e gás no Brasil.
A medida representa um avanço regulatório que fortalece o setor energético, promovendo previsibilidade, segurança jurídica e atratividade para investidores. Essa decisão, divulgada pelo Governo Federal, sinaliza estabilidade e confiança para o futuro da matriz energética brasileira.
CNPE define novo marco para contratos de partilha
A resolução aprovada pelo CNPE tem como base a Lei nº 15.075/2024, que conferiu ao conselho a competência para regulamentar a extensão dos contratos de partilha de produção.
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Até então, esses contratos não previam cláusulas específicas de prorrogação, o que gerava insegurança jurídica e limitava o potencial de investimento no setor energético.
Com a nova diretriz, os contratos de partilha poderão ser prorrogados por até 27 anos, desde que sejam comprovadas a viabilidade técnica e econômica da continuidade da produção e a vantagem da prorrogação para a União.
Essa mudança representa uma adequação importante ao modelo de exploração do pré-sal, que exige planejamento de longo prazo e estabilidade regulatória.
Setor energético ganha em previsibilidade e competitividade
A medida traz impactos positivos em diversas frentes:
- Previsibilidade regulatória: a definição de critérios claros para prorrogação dos contratos de partilha reduz riscos e incertezas para os operadores.
- Atratividade para investidores: com regras mais estáveis, o Brasil se torna mais competitivo no cenário global de exploração de petróleo e gás.
- Aproveitamento estratégico das reservas: a extensão dos contratos permite que campos produtivos continuem gerando receita e desenvolvimento por mais tempo.
Segundo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a medida representa um avanço significativo para a previsibilidade do setor, ao ampliar a atratividade dos investimentos no Brasil e assegurar que os recursos públicos provenientes da produção de petróleo sejam direcionados ao desenvolvimento nacional.
ANP será responsável pela análise técnica dos pedidos
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, será responsável por analisar os pedidos de prorrogação. A avaliação será feita com base nos critérios técnicos e econômicos definidos pela nova resolução do CNPE.
A ANP atuará como guardiã da eficiência e da transparência nos processos de extensão contratual, garantindo que apenas projetos viáveis e vantajosos para o país sejam contemplados.
Além disso, a agência deverá considerar aspectos como o histórico de produção, o plano de desenvolvimento e os investimentos realizados pelas operadoras.
Investimento e geração de empregos com contratos de partilha
A prorrogação dos contratos de partilha tem potencial para estimular novos investimentos em infraestrutura, tecnologia e capacitação profissional. Com a continuidade das operações em campos maduros, empresas poderão planejar com mais segurança seus aportes financeiros, o que contribui diretamente para a geração de empregos e renda.
Estudos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) indicam que o setor de petróleo e gás representa cerca de 13% do Produto Interno Bruto industrial brasileiro, e responde por mais de 400 mil empregos diretos e indiretos. A ampliação da fase de produção pode aumentar esses números significativamente nos próximos anos.
Além disso, a arrecadação de royalties e participações especiais tende a crescer, beneficiando estados e municípios produtores.
Regime de partilha fortalece o controle nacional sobre o petróleo e gás
O regime de partilha de produção foi instituído no Brasil em 2010, com foco na exploração do pré-sal. Nesse modelo, a União é proprietária do petróleo e gás extraídos, e os contratos estabelecem uma divisão da produção entre o Estado e as empresas contratadas.
Esse sistema garante maior retorno econômico para o país, além de permitir maior controle sobre os recursos naturais. Com a nova resolução do CNPE, o modelo ganha ainda mais robustez, ao incorporar mecanismos de prorrogação que valorizam a continuidade produtiva.
A medida também promove isonomia entre os modelos contratuais, aproximando o regime de partilha das melhores práticas internacionais.
Segurança jurídica e estabilidade regulatória no setor energético
A ausência de cláusulas de prorrogação nos contratos anteriores gerava insegurança jurídica e dificultava o planejamento de longo prazo. Com a aprovação da resolução, o CNPE promove estabilidade regulatória e segurança jurídica, elementos essenciais para atrair capital estrangeiro e fomentar a inovação no setor energético.
A previsibilidade das regras é um dos pilares para o desenvolvimento sustentável da indústria de petróleo e gás, especialmente em áreas de alta complexidade técnica como o pré-sal.
A medida também contribui para a redução do risco regulatório, fator decisivo na tomada de decisão de grandes investidores internacionais.
Oportunidades para o futuro do petróleo e gás no Brasil
A decisão do CNPE abre caminho para uma nova fase de desenvolvimento no setor energético. Com a possibilidade de prorrogação dos contratos de partilha, o Brasil poderá:
- Maximizar o aproveitamento de campos maduros, evitando ociosidade de infraestrutura.
- Aumentar a arrecadação governamental, com royalties e participações especiais.
- Fortalecer a cadeia produtiva nacional, com estímulo à indústria de bens e serviços.
- Promover a transição energética, ao reinvestir parte dos recursos em fontes renováveis.
Além disso, a medida pode incentivar a adoção de tecnologias mais eficientes e sustentáveis, alinhadas aos compromissos climáticos assumidos pelo Brasil.
Comparativo internacional reforça a importância da medida do CNPE
Diversos países produtores de petróleo adotam modelos de partilha com cláusulas de prorrogação, como Noruega, Angola e Indonésia. A inclusão dessa possibilidade no Brasil alinha o país às melhores práticas globais, aumentando sua competitividade e capacidade de atrair investimentos.
Segundo relatório da Wood Mackenzie, contratos com prazos flexíveis e bem definidos são essenciais para garantir a sustentabilidade da produção em longo prazo, especialmente em áreas de alta complexidade técnica como o pré-sal.
A medida também contribui para a harmonização regulatória entre os regimes de concessão e partilha, promovendo maior eficiência na gestão dos recursos energéticos.
Importância da aprovação do CNPE
A aprovação da resolução pelo CNPE em 1º de outubro de 2025 marca um divisor de águas na gestão dos contratos de partilha de petróleo e gás no Brasil. Ao permitir a prorrogação por até 27 anos, o país fortalece sua posição como destino estratégico para investimentos no setor energético.
A medida promove previsibilidade, segurança jurídica e aproveitamento eficiente das reservas nacionais, além de estimular a geração de empregos, arrecadação e desenvolvimento tecnológico.
Com a atuação da ANP e o respaldo legal da Lei nº 15.075/2024, o Brasil dá um passo firme rumo à consolidação de um ambiente regulatório moderno, transparente e competitivo.