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Cientistas não sabiam o que fazer com esse lixo tóxico, mas descobriram que ele é um tesouro de metais raros avaliado em US$ 8,4 bilhões

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 07/12/2024 às 09:58
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Foto: REPRODUÇÃO

Tesouro: Cientistas transformaram um problema ambiental em uma oportunidade econômica ao descobrir que um lixo tóxico contém metais raros de grande valor, avaliados em impressionantes US$ 8,4 bilhões.

Uma pesquisa recente revelou um fato pode te surpreender: resíduos tóxicos de carvão podem esconder um valioso tesouro de metais raros para a transição energética. Segundo a CNN, milhões de toneladas de cinzas de carvão, resultado da queima do combustível fóssil mais poluente, estão armazenadas em lagoas e aterros sanitários nos Estados Unidos, frequentemente contaminando solos e cursos d’água.

Agora, cientistas deescobriram que esse lixo tóxico contém até 11 milhões de toneladas de elementos de terras raras, com valor estimado em US$ 8,4 bilhões.

Um tesouro escondido

Esses metais, conhecidos como elementos de terras raras, incluem nomes como neodímio, ítrio e escândio. Eles são cruciais para tecnologias limpas, como veículos elétricos, turbinas eólicas e painéis solares. Embora não sejam raros na natureza, sua extração é complexa, e a oferta atual não atende à crescente demanda global.

Com a busca por fontes renováveis e a transição para longe dos combustíveis fósseis, a necessidade por esses metais deve crescer até sete vezes até 2040, segundo a Agência Internacional de Energia.

No entanto, os Estados Unidos possuem poucas reservas e dependem de importações, principalmente da China, que domina o mercado global. Isso levanta questões de segurança e vulnerabilidade na cadeia de suprimentos.

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O depósito de cinzas de carvão da Buck Steam Station na Carolina do Norte. Foto © Les Stone / Greenpeace

Alternativa sustentável

O estudo liderado pela Universidade do Texas em Austin identificou nas cinzas de carvão uma oportunidade única para ampliar as reservas nacionais de terras raras sem recorrer à mineração tradicional.

A pesquisadora Bridget Scanlon, autora do estudo, destacou: “Estamos transformando lixo em tesouro, fechando o ciclo ao recuperar recursos valiosos de resíduos tóxicos.”

Atualmente, os Estados Unidos produzem cerca de 70 milhões de toneladas de cinzas de carvão por ano. Além disso, há mais de 2 bilhões de toneladas armazenadas em locais variados. Essas cinzas contêm pequenas concentrações de elementos de terras raras, mas em quantidades suficientes para justificar a extração.

Regiões e potencial de extração

A origem do carvão desempenha um papel importante na viabilidade da extração. Segundo o estudo, as cinzas da Bacia dos Apalaches apresentam maior concentração de metais, mas apenas 30% podem ser extraídos. Já as cinzas da Bacia do Rio Powder, que abrange Wyoming e Montana, contêm menores concentrações, porém com uma taxa de extração de até 70%.

Esses números ressaltam a viabilidade econômica do processo, como explicou Davin Bagdonas, coautor do estudo: “O carvão já foi processado para gerar energia. Isso significa que parte do trabalho inicial de extração já foi feito para nós.”

Desafios Econômicos e Ambientais

Apesar do potencial, o processo de extração ainda enfrenta desafios financeiros. Segundo Paul Ziemkiewicz, diretor do Water Research Institute da West Virginia University, os custos são significativos. A extração exige ácidos e bases fortes, que não apenas encarecem o processo, mas também aumentam os riscos ambientais.

Outro ponto levantado é que as cinzas de carvão, além de metais valiosos, contêm contaminantes perigosos, como mercúrio, arsênio e chumbo. A extração de terras raras não elimina a necessidade de gerenciar adequadamente esses resíduos tóxicos.

Soluções e Investimentos

Os autores do estudo sugerem que o valor dos metais extraídos poderia financiar melhorias no armazenamento e no tratamento das cinzas. Em abril deste ano, o governo Biden anunciou um investimento de US$ 17,5 milhões em projetos para extrair terras raras do carvão e de seus resíduos. A secretária de Energia, Jennifer Granholm, destacou que essa iniciativa pode fortalecer a segurança nacional e revitalizar comunidades de mineração e energia.

Essa estratégia é vista como uma forma de reduzir a dependência externa sem incentivar a queima de mais carvão. “O foco será o reaproveitamento de resíduos legados”, afirmou Scanlon. Segundo ela, o objetivo é ampliar o uso de subprodutos do carvão, minimizando danos ambientais.

Oportunidades futuras com esse tesouro

Embora alguns temam que o valor das cinzas de carvão possa ser usado para justificar o aumento da produção de carvão, especialistas garantem que a dependência futura será dos resíduos já existentes.

O Departamento de Energia dos EUA reforça que o objetivo principal é explorar alternativas sustentáveis e extrair o máximo valor desses resíduos, sem estimular o uso contínuo do carvão como combustível.

Essa descoberta traz uma nova perspectiva sobre a transição energética. Em vez de descartar resíduos tóxicos, há uma oportunidade de transformá-los em recursos essenciais para a revolução das energias limpas. Com a demanda por tecnologias renováveis crescendo, os elementos de terras raras extraídos das cinzas de carvão podem ser a chave para um futuro mais sustentável.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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