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Cientistas identificaram 7.000 espécies inéditas na Fossa das Marianas

Publicado em 10/03/2025 às 08:15
Profundezas
Foto: NOAA

A exploração da fossa oceânica mais profunda trouxe à tona milhares de espécies nunca registradas, evidenciando a diversidade da vida nos ambientes extremos dos oceanos

Uma expedição chinesa explorou a Fossa das Marianas e encontrou uma surpreendente diversidade de formas de vida em um ambiente antes considerado hostil. A missão utilizou o submersível Fendouzhe, capaz de atingir quase 11.000 metros de profundidade. Entre agosto e novembro de 2021, os cientistas coletaram centenas de amostras biológicas.

Três estudos publicados na revista Cell detalham essas descobertas. Eles revelam aspectos genéticos e adaptações de espécies que vivem em condições extremas, como escuridão absoluta, temperaturas baixas e pressão intensa.

A expedição ao abismo

O projeto Mariana Trench Environment and Ecology Research (MEER) liderou a investigação. Entre os cientistas, estava Weishu Zhao, microbiologista da Shanghai Jiao Tong University. Ele relatou ter visto organismos bioluminescentes durante a descida do submersível.

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Eu soube imediatamente que o [oceano profundo] devia ser um habitat muito mais próspero do que imaginávamos“, disse Zhao.

No fundo do oceano, as luzes do Fendouzhe revelaram uma grande variedade de plâncton. A presença dessas formas de vida desafiou teorias antigas sobre a escassez de organismos nessa região.

O Fendouzhe é um submersível avançado, projetado para resistir às intensas pressões do oceano profundo. Equipado com braços robóticos e uma cesta de amostras, ele permitiu a coleta de peixes, crustáceos e sedimentos ricos em microrganismos.

O microbiologista Douglas Bartlett, da Universidade da Califórnia em San Diego, destacou a tecnologia do Fendouzhe como uma conquista notável da engenharia.

Adaptações notáveis

Um dos estudos identificou mais de 7.000 espécies microbianas na Fossa das Marianas, sendo 89% delas novas para a ciência. O cientista Mo Han, da BGI Research, explicou que esses microrganismos possuem mecanismos diversos de sobrevivência.

Algumas bactérias apresentam genomas pequenos e especializados, adaptados à escassez de luz e nutrientes. Outras possuem genomas maiores, permitindo maior flexibilidade diante de mudanças ambientais.

Algumas também conseguem metabolizar compostos como o monóxido de carbono, tornando-se essenciais para a cadeia alimentar nesse habitat.

Outro estudo focou em anfípodes, pequenos crustáceos semelhantes a camarões. Os pesquisadores descobriram que esses animais vivem em simbiose com bactérias do fundo do mar. Análises revelaram altos níveis da bactéria Psychromonas no intestino dos anfípodes.

Suspeita-se que esses microrganismos auxiliem na produção de N-óxido de trimetilamina, substância que estabiliza fluidos corporais sob pressão extrema.

Um terceiro estudo analisou peixes que habitam profundidades superiores a 3.000 metros. Os cientistas identificaram uma mutação genética comum nessas espécies, que aprimora a eficiência da transcrição de genes em proteínas. Isso permite uma resposta rápida ao estresse ambiental.

Comparando os genomas de 11 espécies, os pesquisadores estimaram a época em que esses peixes colonizaram o oceano profundo. As enguias, por exemplo, podem ter migrado para essas regiões há cerca de 100 milhões de anos, possivelmente escapando da extinção em massa que atingiu os dinossauros.

Os peixes-caracol, por outro lado, parecem ter descido para as trincheiras há aproximadamente 20 milhões de anos.

Impacto humano e novas expedições nas profundezas

Apesar da diversidade encontrada, os cientistas também se depararam com sinais preocupantes de poluição. Sacolas plásticas, latas de refrigerante e até um cesto de roupa suja foram encontrados em profundidades extremas. Zhao expressou surpresa ao notar a presença desses resíduos em uma região tão remota.

No entanto, alguns microrganismos parecem capazes de degradar certos poluentes. Os cientistas acreditam que isso pode abrir caminho para soluções biotecnológicas contra a poluição dos oceanos.

O projeto MEER pretende explorar outras trincheiras submarinas ao redor do mundo. Atualmente, cerca de 80% da zona hadal permanece desconhecida. O pesquisador Liang Meng, da BGI, sugere que essas regiões podem conter informações valiosas sobre as origens da vida e novas formas de organismos adaptados a condições extremas.

Cada nova expedição revela detalhes impressionantes sobre as profundezas oceânicas. Embora esses ambientes permaneçam envoltos em mistério, avanços tecnológicos estão ajudando a desvendá-los.

Com informações de Interesting Engineering.

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Romário Pereira de Carvalho

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