Cientistas identificam um enorme aquífero de água doce sob o oceano Atlântico, que pode abastecer milhões, mas enfrentam desafios.
Cientistas internacionais anunciaram a descoberta de um extenso aquífero de água doce escondido sob o oceano Atlântico, entre os estados de Nova Jersey e Maine, nos Estados Unidos.
O achado, revelado nesta semana, abre novas perspectivas para enfrentar a escassez hídrica global, mas também levanta preocupações sobre os impactos ambientais.
O estudo mostra que o sistema subterrâneo poderia, em teoria, abastecer uma cidade do porte de Nova York por até 800 anos.
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Entretanto, especialistas alertam que a extração desse recurso ainda está distante da realidade, devido a barreiras técnicas, legais e ambientais.
Expedição científica confirma achado de décadas atrás
A descoberta foi feita pela Expedição 501, apoiada pela National Science Foundation e pelo European Consortium for Ocean Research Drilling.
Os cientistas perfuraram sedimentos a até 400 metros de profundidade e coletaram cerca de 50 mil litros de água doce para análise em laboratórios ao redor do mundo.
Esse resultado confirma suspeitas levantadas há quase 50 anos, quando um navio do governo norte-americano, em busca de minerais, perfurou o fundo do mar e encontrou, de forma inesperada, água potável em meio ao ambiente salgado.
Estudos anteriores reforçaram a hipótese
Antes dessa expedição, uma pesquisa realizada em 2015 pelo Woods Hole Oceanographic Institution e pelo Lamont-Doherty Earth Observatory já havia mapeado sinais de um grande aquífero submarino.
Para isso, foi utilizada tecnologia eletromagnética, capaz de diferenciar água salgada de água doce.
As análises preliminares já apontavam que a reserva era gigantesca e poderia ser explorada em situações de emergência hídrica.
Água doce escondida no oceano: de onde ela vem?
Uma das principais perguntas dos cientistas agora é sobre a origem desse aquífero.
As amostras serão estudadas para entender se a água vem de antigas geleiras, se está conectada a sistemas subterrâneos terrestres ou se resulta de uma combinação de fatores.
Como explicou a pesquisadora Dugan, “Se for jovem, significa que está recarregando”. Esse detalhe é crucial, pois determinará se o recurso é renovável ou se trata de um reservatório finito, formado há milhares de anos.
Potencial e riscos ambientais
Embora a perspectiva de um gigantesco reservatório de água doce sob o mar seja promissora, os riscos não podem ser ignorados.
O geofísico Rob Evans, do Woods Hole, alertou: “Quase certamente haveria consequências imprevistas”, caso a exploração em larga escala seja realizada.
Isso porque a água subterrânea que escapa naturalmente para o fundo do oceano fornece nutrientes essenciais para ecossistemas marinhos. Alterar esse equilíbrio poderia comprometer espécies e habitats sensíveis.
Questões técnicas e jurídicas ainda sem resposta
Além das barreiras ambientais, a extração da água enfrenta obstáculos tecnológicos. As atuais técnicas de perfuração submarina ainda não permitem a exploração em larga escala.
Outro ponto delicado envolve a jurisdição internacional: como o aquífero se estende por áreas marítimas sob soberania dos EUA e águas internacionais, não há clareza sobre quem teria direito de uso do recurso.
Um futuro promissor, mas cheio de incertezas
A descoberta do aquífero de água doce sob o oceano é um marco científico que amplia as possibilidades de enfrentar crises hídricas.
No entanto, os cientistas destacam que a prioridade agora é aprofundar os estudos, compreender a dinâmica desse sistema e avaliar cuidadosamente seus impactos.
Se for comprovado que o aquífero é renovável, ele poderá se tornar uma fonte estratégica para gerações futuras. Mas, até lá, a exploração permanece como um desafio técnico, ambiental e diplomático de grandes proporções.