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Ciência promove retorno do lobo-terrível de Game of Thrones extinto há 10 mil anos

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 09/04/2025 às 17:21
Startup revive o lobo-terrível de Game of Thrones usando DNA antigo e tecnologia CRISPR — a ciência agora desafia até a própria extinção!
Startup revive o lobo-terrível de Game of Thrones usando DNA antigo e tecnologia CRISPR — a ciência agora desafia até a própria extinção!
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A ciência ultrapassa limites e revive um predador lendário, misturando alta tecnologia genética, mistério, ficção e dilemas éticos. Uma startup bilionária recria animais extintos e divide a opinião pública ao reprogramar o passado para alterar o futuro da biodiversidade.

Tecnologia genética de ponta permitiu o nascimento de três filhotes com DNA inspirado no lendário predador pré-histórico.

Mas nem todos estão convencidos de que o animal realmente voltou à vida.

O que antes parecia ficção científica agora se aproxima da realidade.

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A startup americana Colossal Biosciences anunciou a criação de três filhotes que trazem parte do código genético do lobo-terrível, espécie extinta há mais de 10 mil anos e eternizada na cultura pop por meio da série “Game of Thrones”, da HBO.

Dois machos, batizados de Remus e Romulus, e uma fêmea chamada Khaleesi nasceram com características genéticas baseadas em fósseis de Canis dirus, o nome científico do temido predador pré-histórico.

Segundo a empresa, os filhotes apresentam traços comportamentais e físicos inspirados no animal que habitava as Américas durante o Pleistoceno.

A notícia, divulgada no dia 7 de abril de 2025, movimentou a comunidade científica e os fãs da série.

Tecnologia de ponta para reescrever a história

A façanha só foi possível graças ao uso de tecnologias avançadas de edição genética, como o CRISPR-Cas9, que permitiram aos cientistas da Colossal modificar o DNA de lobos-cinzentos, atuais parentes distantes dos lobos-terríveis.

Os pesquisadores decodificaram o genoma de fósseis com até 72 mil anos de idade, extraídos de dentes e crânios bem preservados encontrados na Venezuela, Estados Unidos e Canadá.

A partir dessa base, criaram um código híbrido, compatível com o de lobos modernos.

Os embriões gerados com esse DNA modificado foram implantados em cadelas domésticas, que serviram como “barrigas de aluguel” para o nascimento dos filhotes.

Atualmente, os animais estão sob cuidados em um centro de preservação da vida selvagem em local sigiloso nos Estados Unidos.

A medida foi adotada para evitar aglomerações de curiosos e proteger os espécimes.

Um avanço científico com nome e inspiração na cultura pop

Remus e Romulus homenageiam os irmãos mitológicos criados por uma loba na fundação de Roma.

Já Khaleesi faz referência à personagem da casa Targaryen, símbolo de poder em “Game of Thrones”.

Os lobos-terríveis, embora não tão grandes quanto os lobos-cinzentos atuais, eram predadores robustos, com cerca de 80 quilos.

Suas presas incluíam bisões-antigos e até mesmo mastodontes.

Seu legado foi resgatado na série da HBO, onde os “dire wolves” são representados como companheiros leais da família Stark.

Além disso, também aparecem na música “Dire Wolf”, da banda Grateful Dead.

Mais que nostalgia: ciência com foco na preservação

Apesar da ligação afetiva com a cultura pop, a Colossal Biosciences afirma que sua missão vai além do entretenimento.

A startup, que já anunciou projetos para ressuscitar outras espécies extintas como o mamute-lanoso, o dodô e o tilacino (ou tigre-da-Tasmânia), pretende aplicar os conhecimentos obtidos na conservação de espécies ameaçadas de extinção.

Segundo a empresa, o aprendizado com o DNA do lobo-terrível pode auxiliar na preservação do lobo-vermelho, uma das espécies mais ameaçadas dos Estados Unidos.

Da mesma forma, os estudos com o mamute podem contribuir para desenvolver elefantes mais resistentes ao aquecimento global.

Em março de 2025, a Colossal surpreendeu ao criar um rato lanoso usando genes do mamute-lanoso, combinando pelagem espessa com um metabolismo adaptado ao frio.

A iniciativa reforça o potencial da empresa em impulsionar pesquisas de genética e evolução.

Com mais de 130 cientistas e um valor de mercado estimado em 10 bilhões de dólares, a Colossal se posiciona como líder global no movimento de “desextinção” — a ciência de trazer de volta espécies desaparecidas.

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Críticas da comunidade científica: lobo ou apenas um híbrido?

Apesar do entusiasmo da empresa, a comunidade científica internacional se mostra cética quanto à legitimidade do feito.

Corey Bradshaw, professor de Ecologia Global da Universidade Flinders, na Austrália, afirma que os animais criados não podem ser considerados lobos-terríveis puros.

“Essas modificações parecem ter sido derivadas do material genético recuperado do lobo-terrível. Isso faz deles lobos-terríveis? Não. Faz deles lobos-cinzentos ligeiramente modificados? Sim”, declarou à imprensa.

Segundo Bradshaw, a ausência de provas sólidas e a falta de publicação científica com revisão por pares torna o anúncio uma “bandeira vermelha gigantesca”.

Para ele, há exagero, quando não desinformação.

O paleogeneticista Nic Rawlence, da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, compartilha da mesma visão.

“O lobo-terrível está em um gênero completamente diferente dos lobos-cinzentos […] De cerca de 19 mil genes, eles determinaram que 20 mudanças em 14 genes deram a eles um lobo-terrível”, explicou em entrevista à BBC News.

Para os críticos, o resultado obtido pela Colossal é mais próximo de um híbrido geneticamente modificado do que de um verdadeiro exemplar da espécie extinta.

George R.R. Martin com o lobo Romulus, criador de Game Of Thrones. (georgerrmartin.com/Reprodução)

Comportamento selvagem e desafios éticos

Em visita ao centro onde estão abrigados os filhotes, jornalistas da revista Time observaram que os animais têm comportamento arisco e evitam contato com humanos, inclusive com os cuidadores que os alimentam desde o nascimento.

Isso indica um instinto mais selvagem, possivelmente herdado de seus ancestrais genéticos.

Entretanto, nem tudo são flores.

O uso de animais como mães de aluguel gera preocupações éticas, já que o processo pode causar sofrimento e até morte durante o parto.

Além disso, a introdução de espécies extintas em ecossistemas modernos pode gerar impactos ambientais imprevisíveis, desequilibrando cadeias alimentares e ameaçando a biodiversidade local.

Ben Lamm, CEO da Colossal, e Beth Shapiro, diretora científica da empresa, defendem que a desextinção é uma forma eficaz de combater a perda da biodiversidade.

Conforme dados do Center for Biological Diversity, até 30% da diversidade genética mundial pode desaparecer até 2050 se nada for feito.

Ainda assim, o debate sobre até onde a ciência deve ir continua aceso. A fronteira entre inovação e responsabilidade ética exige atenção constante.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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