Com traçado matematicamente preciso, ruas que se cruzam em ângulos retos e diagonais estrategicamente posicionadas, a cidade argentina exibe praças a cada seis quarteirões, parques distribuídos com harmonia e uma monumental catedral neogótica que domina o coração da capital planejada.
La Plata é a capital da província de Buenos Aires, na Argentina, e nasceu como cidade planejada para cumprir essa função administrativa após a federalização da cidade de Buenos Aires em 1880.
Fundada em 19 de novembro de 1882 pelo então governador Dardo Rocha, La Plata tornou-se um caso clássico de urbanismo racional no Cone Sul — e essa condição está documentada em fontes de referência.
Origem política e fundação
A decisão de criar uma nova capital provincial decorreu do rearranjo institucional argentino do fim do século XIX: quando Buenos Aires foi federalizada como capital nacional (1880), a província perdeu sua sede administrativa e optou por erguer uma cidade do zero para abrigá-la.
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O próprio Dardo Rocha escolheu o sítio e liderou a iniciativa que culminou na fundação oficial em 19 de novembro de 1882.
Fontes de referência também registram que La Plata foi concebida como um plano urbano coerente desde o início, com documentação fotográfica de sua construção e, mais tarde, com uma breve mudança de nome para “Ciudad Eva Perón” entre 1952 e 1955 — outro indicativo do caráter simbólico e administrativo da cidade.
O plano de Pedro Benoit: grade ortogonal + diagonais
O desenho urbano coube ao arquiteto e engenheiro Pedro Benoit, amplamente reconhecido como autor do traçado de La Plata.
O plano combinou uma malha ortogonal (ruas e avenidas que se cruzam em ângulos retos) com diagonais que cortam a cidade e encurtam deslocamentos, marca que rendeu a La Plata a alcunha de “cidade das diagonais”.
A literatura especializada e referências enciclopédicas apontam Benoit como o responsável por esse arranjo urbano singular.
A comparação internacional mais aceita nas fontes gerais é que o plano tomou como modelo cidades capitais planejadas, e a Encyclopaedia Britannica registra explicitamente um parentesco conceitual com Washington, D.C. — ou seja, uma capital desenhada com vistas a funções de governo e ordenação do espaço desde a origem.
Centro cívico: Plaza Moreno, Prefeitura e Catedral
No coração da malha, La Plata organiza seus principais símbolos cívicos em torno da Plaza Moreno. Essa praça central funciona como nó urbano e reúne, em frentes opostas, dois marcos: o Palácio Municipal (Prefeitura) e a Catedral de La Plata. A Catedral — de estilo neogótico — ergue-se no centro geográfico da cidade, de frente para a praça e para a sede do governo local, compondo um eixo cívico-arquitetônico que sintetiza a intenção original do plano.
Relatos de visitantes e guias locais reforçam o caráter de centralidade da Plaza Moreno, descrevendo-a como o ponto onde se lê a estrutura “quadrada” (em grade) da cidade e onde se percebe, com clareza, a lógica simétrica do traçado.
Rede de áreas verdes: a regra das praças a cada seis quarteirões
Um elemento frequentemente citado por pesquisadores e entidades de patrimônio é a regularidade das áreas verdes. Estudos acadêmicos e instituições de preservação urbana descrevem La Plata como uma cidade em que praças e canteiros aparecem em ritmo constante, com áreas verdes a cada seis quadras no setor fundacional — princípio que definiu uma paisagem de avenidas arborizadas e pequenos parques disseminados pela malha.
Essa distribuição não é apenas estética: ela espelha a busca, no século XIX, por cidades mais salubres e organizadas, coerentes com a função administrativa e com a circulação facilitada por eixos planejados. Embora a expansão periférica tenha, com o tempo, tensionado a homogeneidade desse desenho, o núcleo original segue reconhecido por sua regularidade verde e pela leitura clara do plano.
Reconhecimento e legado urbano
O conjunto formado por malha ortogonal, diagonais, praças ritmadas e eixo cívico central faz de La Plata um caso recorrente em manuais, guias e materiais de divulgação internacional. Enciclopédias, guias culturais e reportagens de veículos internacionais destacam a cidade como exemplo de sede administrativa concebida integralmente como projeto — característica que sustenta seu interesse para arquitetos, urbanistas e visitantes.
Esse legado não se traduz apenas em forma: La Plata abrigou, desde o início, instituições de conhecimento e cultura (como observatório, museu e biblioteca municipal) integradas ao plano, o que reforça o papel da cidade como capital e pólo educacional da província.
Desafios contemporâneos: a enchente de 2013 como marco
Como outras cidades planejadas do século XIX, La Plata convive com desafios da urbanização contemporânea, da expansão metropolitana e de eventos climáticos extremos.
Em 2 e 3 de abril de 2013, um episódio de chuvas excepcionais provocou inundações severas. Os números oficiais para a cidade de La Plata foram consolidados judicialmente e confirmam 89 perdas humanas decorrentes do desastre — um dado amplamente repercutido por monitoras internacionais de cheias.
Considerando a região metropolitana (Greater La Plata), fontes enciclopédicas em inglês indicam 91 óbitos reportados, distinção metodológica importante entre o perímetro municipal e o recorte metropolitano.
Relatos jornalísticos da época já apontavam dezenas de vítimas fatais e dimensionavam a gravidade do evento, que se tornou um ponto de inflexão no debate local sobre drenagem, risco e preparação para extremos hidrometeorológicos.
A estratificação de números ao longo dos dias posteriores — com atualizações oficiais — ajuda a entender por que parte das matérias iniciais mencionava totais menores (na casa das “dezenas”), antes da consolidação final adotada pela Justiça.
O que está solidamente confirmado sobre La Plata
Capital provincial criada de propósito: La Plata foi planejada e construída para ser a capital da província de Buenos Aires, após a federalização de Buenos Aires (1880). Fundou-se oficialmente em 19 de novembro de 1882.
Traçado singular: grade ortogonal combinada com diagonais; característica recorrente nas descrições sobre a cidade
Centro cívico: a Plaza Moreno articula prefeitura e Catedral de La Plata (neogótica), situada no centro geográfico e de frente para a praça.
Áreas verdes regulares: literatura técnica aponta áreas verdes a cada seis quadras no setor fundacional e redes de espaços abertos como marca do plano.
Evento extremo de 2013: 89 mortes confirmadas para a cidade de La Plata; 91 reportadas para a Grande La Plata segundo fonte enciclopédica em inglês.
Nota sobre o que não está confirmado (e por isso foi omitido)
Este texto não utiliza indicadores numéricos de “qualidade de vida” específicos (como 133,85; 116,77; 93,94) nem percentuais detalhados de superfície verde (“21%”) ou de hábitos de deslocamento (“40% caminham diariamente”), pois não encontramos, em fontes confiáveis, estudos públicos que sustentem precisamente esses valores para La Plata e suas comparações.
Também evitamos atribuir uma influência direta e documentalmente comprovada de Auguste Comte no desenho da cidade, embora o espírito do século XIX e capitais planejadas sirvam de contexto geral nas obras de referência. (Ver referências citadas ao longo do texto.)
Em síntese, La Plata permanece um exemplo notável de capital planejada: nasceu de uma decisão política clara, materializou-se num traçado geométrico com diagonais e rede de praças regulares, consolidou um centro cívico simbólico na Plaza Moreno com a Catedral neogótica e, ao mesmo tempo, enfrenta dilemas contemporâneos que testam a resiliência de qualquer cidade histórica.
O que a distingue — e isso continua confirmado — é a força de um plano urbano legível, capaz de contar, nas linhas de sua malha, a própria história de sua fundação e de seu papel na Argentina.