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Cidade da América Latina que impressiona: construída do zero em 1882, planejada com perfeição geométrica, praças a cada seis quarteirões e um centro neogótico monumental

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 05/10/2025 às 21:26
Construída do zero em 1882, encanta com ruas simétricas, praças a cada seis quarteirões e uma catedral neogótica que domina seu centro urbano.
Construída do zero em 1882, encanta com ruas simétricas, praças a cada seis quarteirões e uma catedral neogótica que domina seu centro urbano.
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Com traçado matematicamente preciso, ruas que se cruzam em ângulos retos e diagonais estrategicamente posicionadas, a cidade argentina exibe praças a cada seis quarteirões, parques distribuídos com harmonia e uma monumental catedral neogótica que domina o coração da capital planejada.

La Plata é a capital da província de Buenos Aires, na Argentina, e nasceu como cidade planejada para cumprir essa função administrativa após a federalização da cidade de Buenos Aires em 1880.

Fundada em 19 de novembro de 1882 pelo então governador Dardo Rocha, La Plata tornou-se um caso clássico de urbanismo racional no Cone Sul — e essa condição está documentada em fontes de referência.

Origem política e fundação

A decisão de criar uma nova capital provincial decorreu do rearranjo institucional argentino do fim do século XIX: quando Buenos Aires foi federalizada como capital nacional (1880), a província perdeu sua sede administrativa e optou por erguer uma cidade do zero para abrigá-la.

O próprio Dardo Rocha escolheu o sítio e liderou a iniciativa que culminou na fundação oficial em 19 de novembro de 1882.

Fontes de referência também registram que La Plata foi concebida como um plano urbano coerente desde o início, com documentação fotográfica de sua construção e, mais tarde, com uma breve mudança de nome para “Ciudad Eva Perón” entre 1952 e 1955 — outro indicativo do caráter simbólico e administrativo da cidade.

O plano de Pedro Benoit: grade ortogonal + diagonais

O desenho urbano coube ao arquiteto e engenheiro Pedro Benoit, amplamente reconhecido como autor do traçado de La Plata.

O plano combinou uma malha ortogonal (ruas e avenidas que se cruzam em ângulos retos) com diagonais que cortam a cidade e encurtam deslocamentos, marca que rendeu a La Plata a alcunha de “cidade das diagonais”.

A literatura especializada e referências enciclopédicas apontam Benoit como o responsável por esse arranjo urbano singular.

A comparação internacional mais aceita nas fontes gerais é que o plano tomou como modelo cidades capitais planejadas, e a Encyclopaedia Britannica registra explicitamente um parentesco conceitual com Washington, D.C. — ou seja, uma capital desenhada com vistas a funções de governo e ordenação do espaço desde a origem.

Centro cívico: Plaza Moreno, Prefeitura e Catedral

No coração da malha, La Plata organiza seus principais símbolos cívicos em torno da Plaza Moreno. Essa praça central funciona como nó urbano e reúne, em frentes opostas, dois marcos: o Palácio Municipal (Prefeitura) e a Catedral de La Plata. A Catedral — de estilo neogótico — ergue-se no centro geográfico da cidade, de frente para a praça e para a sede do governo local, compondo um eixo cívico-arquitetônico que sintetiza a intenção original do plano.

Relatos de visitantes e guias locais reforçam o caráter de centralidade da Plaza Moreno, descrevendo-a como o ponto onde se lê a estrutura “quadrada” (em grade) da cidade e onde se percebe, com clareza, a lógica simétrica do traçado.

Rede de áreas verdes: a regra das praças a cada seis quarteirões

Um elemento frequentemente citado por pesquisadores e entidades de patrimônio é a regularidade das áreas verdes. Estudos acadêmicos e instituições de preservação urbana descrevem La Plata como uma cidade em que praças e canteiros aparecem em ritmo constante, com áreas verdes a cada seis quadras no setor fundacional — princípio que definiu uma paisagem de avenidas arborizadas e pequenos parques disseminados pela malha.

Essa distribuição não é apenas estética: ela espelha a busca, no século XIX, por cidades mais salubres e organizadas, coerentes com a função administrativa e com a circulação facilitada por eixos planejados. Embora a expansão periférica tenha, com o tempo, tensionado a homogeneidade desse desenho, o núcleo original segue reconhecido por sua regularidade verde e pela leitura clara do plano.

Reconhecimento e legado urbano

O conjunto formado por malha ortogonal, diagonais, praças ritmadas e eixo cívico central faz de La Plata um caso recorrente em manuais, guias e materiais de divulgação internacional. Enciclopédias, guias culturais e reportagens de veículos internacionais destacam a cidade como exemplo de sede administrativa concebida integralmente como projeto — característica que sustenta seu interesse para arquitetos, urbanistas e visitantes.

Esse legado não se traduz apenas em forma: La Plata abrigou, desde o início, instituições de conhecimento e cultura (como observatório, museu e biblioteca municipal) integradas ao plano, o que reforça o papel da cidade como capital e pólo educacional da província.

Desafios contemporâneos: a enchente de 2013 como marco

Como outras cidades planejadas do século XIX, La Plata convive com desafios da urbanização contemporânea, da expansão metropolitana e de eventos climáticos extremos.

Em 2 e 3 de abril de 2013, um episódio de chuvas excepcionais provocou inundações severas. Os números oficiais para a cidade de La Plata foram consolidados judicialmente e confirmam 89 perdas humanas decorrentes do desastre — um dado amplamente repercutido por monitoras internacionais de cheias.

Considerando a região metropolitana (Greater La Plata), fontes enciclopédicas em inglês indicam 91 óbitos reportados, distinção metodológica importante entre o perímetro municipal e o recorte metropolitano.

Relatos jornalísticos da época já apontavam dezenas de vítimas fatais e dimensionavam a gravidade do evento, que se tornou um ponto de inflexão no debate local sobre drenagem, risco e preparação para extremos hidrometeorológicos.

A estratificação de números ao longo dos dias posteriores — com atualizações oficiais — ajuda a entender por que parte das matérias iniciais mencionava totais menores (na casa das “dezenas”), antes da consolidação final adotada pela Justiça.

O que está solidamente confirmado sobre La Plata

Capital provincial criada de propósito: La Plata foi planejada e construída para ser a capital da província de Buenos Aires, após a federalização de Buenos Aires (1880). Fundou-se oficialmente em 19 de novembro de 1882.

Traçado singular: grade ortogonal combinada com diagonais; característica recorrente nas descrições sobre a cidade

Centro cívico: a Plaza Moreno articula prefeitura e Catedral de La Plata (neogótica), situada no centro geográfico e de frente para a praça.

Áreas verdes regulares: literatura técnica aponta áreas verdes a cada seis quadras no setor fundacional e redes de espaços abertos como marca do plano.

Evento extremo de 2013: 89 mortes confirmadas para a cidade de La Plata; 91 reportadas para a Grande La Plata segundo fonte enciclopédica em inglês.

    Nota sobre o que não está confirmado (e por isso foi omitido)

    Este texto não utiliza indicadores numéricos de “qualidade de vida” específicos (como 133,85; 116,77; 93,94) nem percentuais detalhados de superfície verde (“21%”) ou de hábitos de deslocamento (“40% caminham diariamente”), pois não encontramos, em fontes confiáveis, estudos públicos que sustentem precisamente esses valores para La Plata e suas comparações.

    Também evitamos atribuir uma influência direta e documentalmente comprovada de Auguste Comte no desenho da cidade, embora o espírito do século XIX e capitais planejadas sirvam de contexto geral nas obras de referência. (Ver referências citadas ao longo do texto.)

    Em síntese, La Plata permanece um exemplo notável de capital planejada: nasceu de uma decisão política clara, materializou-se num traçado geométrico com diagonais e rede de praças regulares, consolidou um centro cívico simbólico na Plaza Moreno com a Catedral neogótica e, ao mesmo tempo, enfrenta dilemas contemporâneos que testam a resiliência de qualquer cidade histórica.

    O que a distingue — e isso continua confirmado — é a força de um plano urbano legível, capaz de contar, nas linhas de sua malha, a própria história de sua fundação e de seu papel na Argentina.

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    Fabio Lucas Carvalho

    Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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