1. Início
  2. / Ciência e Tecnologia
  3. / Chineses desenvolvem dispositivo que extrai hélio 99,99997% puro de campos de gás natural
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 0 comentários

Chineses desenvolvem dispositivo que extrai hélio 99,99997% puro de campos de gás natural

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 27/08/2025 às 22:39
Chineses desenvolvem dispositivo que extrai hélio 99,99997% puro de campos de gás natural
Foto: Reprodução
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

China anuncia tecnologia inédita que extrai hélio ultrapuro de campos com baixa concentração, reduzindo dependência de importações e fortalecendo setores estratégicos.

A China deu um passo importante ao anunciar um dispositivo capaz de produzir hélio ultrapuro a partir de campos de gás natural. A criação é da Vacree Technologies, empresa de Yan’an especializada em tecnologias criogênicas e de vácuo. O sistema consegue atingir pureza de 99,99997%, também chamada de grau 6N9, nível alcançado raramente no mundo.

Esse resultado significa que existe apenas uma molécula de impureza em cada milhão de moléculas de hélio. Segundo o Science and Technology Daily, trata-se do primeiro sistema na China que funciona de forma contínua e pode produzir até 400 mil metros cúbicos de hélio ao ano.

Importância do elemento

O hélio possui características únicas, como baixa temperatura de ebulição e inércia química. Por isso, é essencial em várias áreas. Ele mantém ímãs supercondutores em temperaturas criogênicas em aceleradores de partículas e também em aparelhos de ressonância magnética.

Além disso, está presente na fabricação de semicondutores, em sistemas de pressurização para voos espaciais e até em aplicações nucleares.

Produzir o gás com pureza tão alta sempre foi um desafio. Métodos convencionais não alcançam o nível necessário para indústrias científicas e aeroespaciais mais sensíveis. Portanto, a inovação chinesa representa um marco para a engenharia moderna.

Como funciona o processo

O desenvolvimento levou seis anos e foi liderado pelo cientista Rong Chengxu. O dispositivo combina diferentes etapas. A desidrogenação catalítica remove o hidrogênio.

Depois, a separação por membrana e a adsorção por oscilação de pressão eliminam gases como nitrogênio e metano. Em seguida, o refino em temperaturas ultrabaixas retira o néon.

Essa abordagem multicamadas passou por avaliações de terceiros e foi confirmada como tecnologia de classe mundial. O engenheiro-chefe da Vacree Technologies, Zhang Xuehua, destacou que o avanço fortalece a segurança de recursos estratégicos da China.

Escassez e dependência externa

Apesar da ampla utilidade, o hélio é um recurso não renovável. Quando liberado na atmosfera, ele escapa para o espaço. Hoje, a maior parte do suprimento vem como subproduto do gás natural. Os principais produtores mundiais são Estados Unidos, Catar e Argélia.

Na China, a situação é mais complicada. O teor de hélio em seus campos de gás natural varia entre 0,03% e 0,05%. Em outros países, essa taxa chega a 7%.

Por isso, os métodos tradicionais não garantem resultados adequados. Essa realidade deixou o país dependente de importações caras para manter setores estratégicos funcionando.

Superando limites

O novo sistema conseguiu manter as impurezas de néon abaixo de 0,3 partes por milhão. Isso permitiu alcançar o grau 6N9 de pureza, ultrapassando o padrão internacional conhecido como 6N, que já exige 99,9999%. A conquista reforça a capacidade da China de resolver um desafio científico que impactava diretamente sua indústria e segurança nacional.

Além disso, o avanço chega em um momento de maior atenção global ao hélio. A escassez no mercado internacional provocou alta nos preços e pressionou indústrias que dependem do gás. Portanto, garantir a produção interna em níveis inéditos representa uma estratégia para reduzir riscos futuros.

Recurso estratégico no futuro

O papel do hélio cresceu nos últimos anos porque ele sustenta áreas de alta tecnologia. A falta do gás ameaça pesquisas científicas, sistemas médicos e até projetos espaciais.

Com a nova tecnologia, a China demonstra capacidade de atender suas próprias necessidades e diminuir a vulnerabilidade diante do mercado externo.

Um estudo da IDTechEx prevê que a demanda mundial de hélio deve dobrar até 2035. A tendência decorre da expansão de setores como semicondutores, aeroespacial e saúde.

Isso indica que países capazes de garantir suprimento ultrapuro terão vantagem estratégica na economia global.

Ao desenvolver um sistema capaz de extrair hélio quase perfeito de campos com baixíssima concentração, a China mostra como ciência e segurança podem andar juntas.

A tecnologia surge não apenas como inovação, mas também como resposta a um problema que afeta indústrias no mundo inteiro.

Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

Compartilhar em aplicativos
1
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x