Pequim amplia controle sobre exportações de terras raras e exige dados confidenciais de empresas, deixando Europa e Estados Unidos dependentes em cadeias estratégicas
As exportações de terras raras se tornaram um novo campo de disputa global. A China, responsável por mais de 90% do refino desses elementos, passou a impor restrições e exigir informações sensíveis das empresas que dependem desses recursos para tecnologias avançadas.
Esse movimento deixou Europa e Estados Unidos em alerta.
Sem acesso garantido às matérias-primas, setores inteiros de automóveis elétricos à defesa enfrentam riscos de paralisação, revelando a fragilidade de suas cadeias de suprimentos.
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O que são terras raras
As chamadas terras raras são 17 elementos químicos essenciais para a indústria moderna.
Apesar de não serem realmente escassos, seu processamento é altamente complexo, caro e poluente.
São usados em ímãs permanentes, turbinas eólicas, carros elétricos, smartphones, aviões de combate e até aplicações aeroespaciais.
Segundo especialistas como a geógrafa Julie Klinger, citada pela DW Brasil, suas propriedades magnéticas e condutoras os tornam insubstituíveis em setores estratégicos.
O problema não está na disponibilidade geológica, mas no domínio chinês sobre mineração, processamento e refino.
O domínio da China
Hoje, a China controla até 70% da mineração, 87% do processamento e mais de 90% do refino de terras raras no mundo. Além disso, concentra 94% da produção de ímãs permanentes, insumo vital para indústrias civis e militares.
Esse poder é resultado de décadas de planejamento estratégico, subsídios estatais e investimentos em pesquisa. Enquanto o Ocidente terceirizava produção e mineração, Pequim consolidava uma posição quase monopolista.
Tensões comerciais crescentes
Em 2023, como resposta a tarifas impostas por Washington, Pequim restringiu exportações de sete elementos críticos, impactando especialmente o setor de defesa dos EUA.
Empresas europeias também foram forçadas a interromper atividades, segundo apuração da DW Brasil.
Além das restrições, Pequim passou a exigir que companhias fornecessem dados confidenciais sobre uso e demanda das terras raras para liberar licenças de exportação.
Isso expôs empresas a dilemas de segurança estratégica e proteção de propriedade intelectual.
A busca europeia por alternativas
A Europa já tentou desenvolver projetos locais, como em Storkwitz, na Alemanha, mas os custos tornaram a exploração inviável frente aos preços chineses.
A descoberta mais promissora ocorreu em 2023, na Suécia, com a estatal LKAB anunciando o maior depósito do continente.
Mesmo assim, especialistas alertam que não basta ter depósitos identificados. É preciso criar toda a cadeia de valor mineração, processamento e refino algo que levou décadas para a China consolidar.
Sem investimento coordenado, o risco de dependência continuará.
As exportações de terras raras representam hoje um dos maiores dilemas estratégicos do Ocidente. Enquanto a China impõe barreiras e coleta informações sensíveis, Europa e Estados Unidos buscam saídas para reduzir vulnerabilidades em setores vitais.
Você acredita que a Europa conseguirá criar uma cadeia própria de terras raras? Ou a dependência da China é inevitável?
Deixe sua opinião nos comentários queremos ouvir quem acompanha de perto esse embate estratégico.