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Pequim impõe controle rígido no Estreito de Ormuz, e navios chineses são obrigados a reportar posição em tempo real em meio à tensão com o Irã e riscos à rota comercial do petróleo

Escrito por Débora Araújo
Publicado em 23/06/2025 às 10:53
Pequim impõe controle rígido no Estreito de Ormuz, e navios chineses são obrigados a reportar posição em tempo real
Foto: CANVA + IA
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China exige relatórios diários de navios chineses no Estreito de Ormuz enquanto o Irã ameaça fechar rota crucial do petróleo após ataques dos Estados Unidos.

A China intensificou o monitoramento dos navios chineses que transitam pelo Estreito de Ormuz, em resposta ao aumento das tensões na região após ataques aéreos realizados pelos Estados Unidos contra o Irã. O temor de um possível fechamento da rota comercial crucial para o fluxo global de petróleo fez Pequim emitir uma orientação inédita às empresas do setor marítimo: a partir desta semana, todas as companhias devem enviar relatórios diários detalhando os movimentos de suas embarcações nas águas do Golfo Pérsico, do Golfo de Omã e do próprio Estreito de Ormuz.

Relatórios obrigatórios para reforçar segurança nacional

Segundo o comunicado divulgado pela Associação de Armadores da China (CSA), que está ligada ao Ministério dos Transportes, as informações devem incluir nome da embarcação, número IMO, tipo de navio, bandeira, capacidade, portos de origem e destino, número de tripulantes, horários previstos e dados sobre viagens já realizadas desde o início do ano passado. O objetivo é ampliar a vigilância e proteger os interesses estratégicos do país em uma área de importância central para o comércio de energia.

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A associação destacou que o cenário atual, agravado pelos conflitos no Mar Vermelho e pela escalada de tensões no Oriente Médio, exige medidas excepcionais. O Estreito de Ormuz, por onde passa quase metade do petróleo importado pela China, tornou-se ainda mais sensível diante da ameaça de bloqueio ventilada pelo governo iraniano após os bombardeios norte-americanos.

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Irã cogita fechar Ormuz em reação a ataques

No último domingo, o parlamento do Irã aprovou uma proposta que autoriza o eventual fechamento do Estreito de Ormuz como forma de retaliação aos Estados Unidos. A medida ocorre após Washington ter atacado instalações nucleares no território iraniano, em meio ao aumento da tensão com Israel.

Apesar da autorização do parlamento, especialistas indicam que a decisão final caberá ao Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã e que, no momento, a possibilidade de fechamento é considerada remota. Ainda assim, o risco já afeta o comportamento do setor marítimo e preocupa potências econômicas como a China, que depende diretamente da estabilidade na rota comercial para manter seu suprimento energético.

Estados Unidos pressionam China por ação diplomática

Em entrevista concedida no domingo, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, instou a China a atuar junto ao Irã para evitar o fechamento de Ormuz. “Eles dependem fortemente do Estreito de Ormuz para seu petróleo.

É do interesse da China garantir que essa hidrovia permaneça aberta”, afirmou Rubio. O governo norte-americano vê Pequim como um ator com influência suficiente para conter um possível movimento mais radical por parte de Teerã.

Durante coletiva de imprensa, o Ministério das Relações Exteriores da China reforçou que a região do Golfo Pérsico é vital para o comércio internacional e defendeu esforços conjuntos da comunidade global para reduzir o risco de escalada e preservar a estabilidade econômica.

Empresas ajustam operações enquanto monitoram riscos

A crescente tensão no Estreito de Ormuz já impacta o planejamento de empresas e governos. A Maersk e a CMA CGM, duas das maiores companhias de transporte marítimo do mundo, informaram que seguem monitorando a situação e mantêm, por enquanto, as operações na área. A Maersk destacou que está pronta para reavaliar suas rotas e tomar medidas operacionais conforme novos desdobramentos ocorram.

Em paralelo, o Ministério do Transporte Marítimo da Grécia recomendou aos armadores nacionais que reexaminem os trânsitos planejados pela região, alertando para os riscos crescentes após os recentes ataques dos Estados Unidos.

Para Lars Jensen, CEO da consultoria Vespucci Maritime, o principal fator de decisão para as empresas não é o ataque em si, mas o nível de risco percebido. “A questão é se o risco basta para provocar uma mudança nas rotas e reduzir o tráfego no Estreito de Ormuz”, afirmou Jensen.

Fechamento de Ormuz prejudicaria China e Irã

Especialistas avaliam que o fechamento do Estreito de Ormuz seria altamente prejudicial ao próprio Irã, além de afetar diretamente seu maior parceiro comercial, a China. Segundo dados da Kpler, 90% das exportações de petróleo do Irã têm como destino o mercado chinês. A interrupção da rota comercial colocaria em risco as receitas do governo iraniano e a segurança energética de Pequim.

Homayoun Falakshahi, chefe de análise de petróleo bruto da Kpler, estima em menos de 5% a chance de um fechamento efetivo do estreito. Ele destacou que, além do impacto econômico, o fechamento violaria águas de Omã, parceiro regional do Irã, criando um novo foco de atrito diplomático.

Caso o estreito fosse bloqueado, a China teria de buscar fontes alternativas de fornecimento, o que poderia gerar um grande teste de estresse em sua cadeia logística e nos sistemas de refino.

China busca proteger seu comércio e sua frota

A decisão de reforçar o controle sobre os navios chineses na região é uma forma de antecipar possíveis impactos e manter um canal direto de comunicação com as empresas do setor. O governo chinês pretende acompanhar de perto o tráfego na rota comercial e atuar rapidamente caso a situação se deteriore.

Para especialistas, a medida reflete o papel da China como potência global com forte dependência do comércio marítimo e do fornecimento de petróleo. Em um cenário de incerteza crescente, o país aposta no monitoramento rigoroso e em uma política externa de cautela para evitar rupturas em sua matriz energética e em suas cadeias de suprimento.

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Débora Araújo

Débora Araújo é redatora no Click Petróleo e Gás, com mais de dois anos de experiência em produção de conteúdo e mais de mil matérias publicadas sobre tecnologia, mercado de trabalho, geopolítica, indústria, construção, curiosidades e outros temas. Seu foco é produzir conteúdos acessíveis, bem apurados e de interesse coletivo. Para sugestões de pauta, correções ou contato direto: deborasthefanecruz@gmail.com

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