Engenheiros da China desenvolvem motor supersônico capaz de atingir velocidades de até Mach 16, o equivalente a 19 mil km/h. Com esta velocidade, seria possível ir a qualquer lugar do mundo em apenas duas horas.
Apesar de ter sido explorado por vários anos, o voo supersônico nunca conseguiu atingir o mesmo nível de outras tecnologias de propulsão, e o principal motivo disto está ligado às dificuldades técnicas que apresenta e nos problemas físico-mecânicos que pode gerar, como é o caso do modelo chamado de Concorde. Entretanto, uma equipe de engenheiros da China anunciou recentemente o desenvolvimento de uma nova forma de motor supersônico, chamado de Sodramjet, que ultrapassa obstáculos clássicos colocados por este tipo de propulsor.
Motor supersônico consegue atingir velocidade Mach 16
Embora os primeiros testes experimentais tenham sido concluídos, ainda há muito trabalho a ser feito pelos pesquisadores antes que o motor supersônico chegue ao mercado. Segundo os engenheiros da China, o novo motor pode atingir velocidades até Mach 16, o equivalente a 19 mil km/h, além de permanecer estável quando testado em um túnel de vento. Os resultados foram publicados no Chinese Journal of Aeronautics.
O Sodramjet tem como base a tecnologia existente conhecida como ramjet, que vem sendo desenvolvida desde que o inventor húngaro Albert Fonó utilizou a tecnologia para expandir o alcance da artilharia. Enquanto os motores a jato comuns utilizam uma seção do compressor de pás do ventilador para comprimir o ar de admissão antes de enviá-lo para a combustão, os ramjets dependem do movimento de avanço da aeronave para disponibilizar um fluxo de ar comprimido e movimento rápido.
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Um avanço foi feito em ramjets para gerar um modelo de combustão supersônica (scramjet), que mantém o ar fluindo por meio do motor em velocidades supersônicas, diferentemente de um ramjet, que desacelera o ar antes da combustão. Entretanto, os scramjets sofrem grandes falhas e o ar supersônico cria ondas de choque que podem bloquear a queima de combustível.
Detalhes que devem ser aprimorados no motor que afirma atingir Mach 16
Zonglin Jiang e seus colegas da Academia Chinesa de Ciências, em Pequim, buscaram o trabalho que o engenheiro Richard Morrison realizou em 1980. Morrison acreditava que a onda de choque gerada pelo ar supersônico poderia conter energia suficiente para reacender o motor continuamente e manter velocidades iguais ou superiores a Mach 16.
Mesmo que suas ideias nunca tenham sido aplicadas a nível comercial, devido à falta de financiamento e à escolha de buscar outras ideias, os engenheiros chineses colocaram a ideia em prática no novo motor supersônico, e os resultados são bastante promissores. Porém, ainda há alguns obstáculos a serem superados até que o mecanismo esteja totalmente funcional.
As ondas de choque que reacendem a combustão podem sustentar o impulso, entretanto, ao fazê-lo, geram oscilações no motor, que impactam sua estabilidade. Além disso, velocidades como essa foram descritas em túneis de vento utilizando scramjets antes, mas não foram verificadas em aviões. Por isso, o motor precisará de muitos mais testes antes do uso comercial.
Força Aérea Brasileira busca atingir Mach 10
Além dos engenheiros chineses, que buscam atingir Mach 16, a Força Aérea Brasileira (FAB) está estudando a tecnologia hipersônica. Em dezembro de 2021, o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, realizou o lançamento da primeira aeronave que utiliza um motor supersônico, equipada com um scramjet desenvolvido no país.
O teste compõe o projeto de Propulsão supersônica 14-X, que possui esse nome em homenagem ao 14-Bis. Os motores hipersônicos geraram uma potência de 5 mil hp e atingiram uma velocidade próxima a Mach 6 logo no primeiro teste de voo, que foi realizado há 13 anos pela FAB. A expectativa da instituição é fazer com que a tecnologia atinja a Mach 10 futuramente.