Cientistas chineses criam um cimento superfrio que reduz até 5,4 °C em ambientes quentes, com alta resistência, durabilidade e potencial sustentável.
Pesquisadores da Universidade do Sudeste da China anunciaram um avanço que pode transformar a construção civil. Eles criaram um cimento capaz de reduzir a temperatura em até 5,4 °C durante o dia porque, em vez de absorver a luz solar, o material consegue dispersá-la.
Material resistente e eficiente
O estudo revelou que o chamado “cimento superfrio” apresenta alta resistência intrínseca e estabilidade óptica. Ele mantém suas propriedades mesmo em contato com líquidos corrosivos, radiação ultravioleta ou ciclos de congelamento e degelo.
Além disso, também possui resistência abrasiva e pode ser aplicado em diferentes condições sem perder eficiência.
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Outro ponto destacado pela equipe foi a robustez mecânica. Testes confirmaram resistência a forças de compressão, flexão e abrasão, além de boa plasticidade para formas complexas. Isso garante versatilidade no design de telhados e paredes.
Desempenho em ambientes reais
Os testes práticos mostraram resultados expressivos. Durante o período mais quente do dia, entre 13h e 14h, quando a temperatura ambiente chegou a 38,4 °C, o cimento superfrio permaneceu 5,4 °C abaixo do registrado no entorno.
No mesmo cenário, o cimento convencional chegou a aquecer até 15 °C a mais, evidenciando o contraste no desempenho.
Segundo os pesquisadores, o material pode atuar como resfriador radiativo e estrutural, funcionando em telhados e paredes. Essa aplicação pode reduzir significativamente a necessidade de sistemas de ar-condicionado em áreas urbanas.
Como o cimento foi desenvolvido
A equipe iniciou o processo ajustando a composição química das partículas de clínquer, que formam a base do cimento.
O objetivo foi criar uma estrutura capaz de dispersar a luz solar de forma eficiente. Depois, aplicaram pressão para obter o material final, já com funcionalidade de resfriamento.
O estudo, publicado na revista Science Advances, mostrou que a automontagem de etringitas reflexivas em diferentes tamanhos, combinada a poros hierárquicos, garantiu refletância solar de 96,2%.
Além disso, as matérias-primas usadas, ricas em alumina e enxofre, elevaram a emissividade no infravermelho médio para 96%.
Vantagens econômicas e ambientais
O cimento superfrio também se destaca pelo custo-benefício. Os processos de fabricação são escaláveis, o que permite produção em larga escala.
Essa característica lhe dá vantagem sobre outros materiais de resfriamento, que muitas vezes são caros ou limitados em aplicações práticas.
Além disso, uma avaliação de ciclo de vida com aprendizado de máquina indicou que o material tem potencial para atingir um perfil de emissão de carbono líquido negativo.
Isso significa que sua produção e uso podem colaborar para reduzir impactos ambientais e contribuir na resposta climática.
Aplicação em larga escala
Guo Lu, pesquisador e primeiro autor do estudo, afirmou que o uso do cimento em construções urbanas pode gerar grande economia de energia.
Segundo ele, o desenvolvimento transforma o cimento convencional, conhecido por reter calor, em um material sustentável, capaz de refletir e emitir calor solar.
Os cientistas ainda ressaltaram que a tecnologia é aplicável também ao cimento Portland tradicional.
Por meio do enriquecimento superficial de etringita, seria possível atingir níveis semelhantes de desempenho, ampliando a adoção da solução em diferentes tipos de construção.
Um novo horizonte na construção civil
Os resultados mostram que o cimento superfrio une eficiência energética, resistência estrutural e viabilidade econômica. Como se adapta a ambientes severos, pode ser usado em telhados e paredes sem comprometer sua durabilidade.
Esse avanço pode representar uma mudança no setor da construção, porque oferece uma alternativa concreta para reduzir temperaturas urbanas e, ao mesmo tempo, diminuir o consumo de energia elétrica em resfriamento.
Portanto, a inovação surge como uma peça importante no desafio global de enfrentar as mudanças climáticas.