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Caverna mais moderna do mundo é lar de 18 famílias que recusaram reassentamento e vivem isoladas com milho, galinhas e eletricidade

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 04/11/2025 às 14:57
Comunidade de 18 famílias vive permanentemente em caverna de calcário na China, mantém milho, galinhas e eletricidade mesmo com acesso difícil e planos de realocação. (Imagem gerada por IA)
Comunidade de 18 famílias vive permanentemente em caverna de calcário na China, mantém milho, galinhas e eletricidade mesmo com acesso difícil e planos de realocação. (Imagem gerada por IA)
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No sudoeste da China, famílias vivem dentro de uma caverna a mais de 1.800 metros de altitude, com energia elétrica e agricultura de subsistência, mantendo tradições em meio ao isolamento e às tentativas de reassentamento.

No sudoeste da China, na província de Guizhou, um grupo de 18 famílias vive de forma permanente dentro de uma grande caverna de calcário, em uma área de difícil acesso conhecida como Zhongdong, no condado de Ziyun.

O local só pode ser alcançado por uma trilha estreita de montanha, e a rotina é baseada na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte.

energia elétrica para iluminação e uso de equipamentos básicos, mas o isolamento geográfico permanece como principal característica da comunidade, segundo reportagens da imprensa chinesa e internacional.

Localização e estrutura da cavidade

A caverna onde vivem os moradores de Zhongdong tem cerca de 230 metros de extensão, 115 de largura e mais de 50 metros de altura, segundo medições citadas por veículos como o China Daily.

O abrigo está a aproximadamente 1.800 metros de altitude e possui uma abertura voltada para um vale, formando um espaço que, segundo geólogos locais, oferece proteção natural contra ventos e chuvas intensas.

Interior da aldeia-caverna de Zhongdong, Guizhou, onde 18 famílias residem permanentemente sob o teto de calcário aproveitando o abrigo natural.” (Imagem: moco-choco/arquivo)
Interior da aldeia-caverna de Zhongdong, Guizhou, onde 18 famílias residem permanentemente sob o teto de calcário aproveitando o abrigo natural.” (Imagem: moco-choco/arquivo)

As casas foram construídas sem telhado, com paredes leves de madeira e alvenaria, aproveitando o teto rochoso da caverna.

O espaço interno foi dividido ao longo do tempo para abrigar moradias, depósitos e currais, conforme registros de campo de pesquisadores e jornalistas que visitaram a área.

Acesso restrito e deslocamento a pé

O acesso à comunidade é feito apenas por uma trilha montanhosa e íngreme, o que limita o transporte de mercadorias e o escoamento da produção agrícola.

O trajeto até as vilas mais próximas pode levar várias horas a pé, de acordo com relatos de moradores colhidos por agências internacionais como a Reuters.

O deslocamento diário é parte da rotina local.

Antes da reorganização do ensino em Ziyun, crianças da caverna caminhavam longas distâncias para frequentar a escola.

Uma escola primária chegou a funcionar dentro da cavidade, mas foi fechada no início da década de 2010, conforme informações do China Daily.

Desde então, os estudantes se deslocam para instituições fora do vale, o que exige longos percursos e períodos em internatos.

Energia e abastecimento básico

A comunidade conta com energia elétrica, resultado de projetos locais de eletrificação rural.

O fornecimento possibilita o uso de iluminação e alguns aparelhos domésticos, mas o cozimento e o aquecimento ainda dependem de lenha.

Segundo reportagens chinesas, a eletricidade trouxe melhorias na rotina, especialmente para o estudo das crianças e o armazenamento de alimentos.

A água é obtida de fontes naturais e do escoamento das rochas da própria caverna.

Moradores utilizam reservatórios improvisados para armazenar o líquido durante períodos de estiagem.

Essa prática é comum em comunidades isoladas da região, segundo pesquisadores que estudam o uso tradicional da água em áreas cársticas de Guizhou.

Agricultura e criação de animais

Interior da aldeia-caverna de Zhongdong, Guizhou, onde 18 famílias residem permanentemente sob o teto de calcário aproveitando o abrigo natural.” (Imagem: moco-choco/arquivo)
Interior da aldeia-caverna de Zhongdong, Guizhou, onde 18 famílias residem permanentemente sob o teto de calcário aproveitando o abrigo natural.” (Imagem: moco-choco/arquivo)

A produção agrícola concentra-se no cultivo de milho em pequenas faixas de terra nas encostas próximas.

O cereal é usado tanto na alimentação das famílias quanto como ração para aves e suínos.

O esterco dos animais é reaproveitado nas plantações, criando um ciclo básico de produção e subsistência.

Pequenos rebanhos de bovinos e caprinos complementam a dieta e podem gerar renda eventual com a venda de animais, conforme estudos locais sobre economia rural em áreas montanhosas.

Durante períodos chuvosos, a trilha de acesso costuma ficar escorregadia, o que interfere na circulação de pessoas e mercadorias.

Em épocas secas, a prioridade se volta à manutenção dos cultivos e à reserva de água.

A troca de ajuda entre famílias é uma prática recorrente, usada para compensar a escassez de mão de obra durante os picos agrícolas.

Contexto histórico e identidade cultural

A ocupação permanente da caverna é registrada há várias décadas, e parte das famílias pertence à etnia Miao, segundo dados do governo local.

A formação da comunidade ocorreu de maneira gradual, associada à busca por abrigo natural e proximidade com áreas cultiváveis.

O modo de vida é considerado por pesquisadores um exemplo de adaptação às condições geográficas do relevo cárstico típico de Guizhou.

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No interior da cavidade, há uma organização espacial que separa áreas secas e úmidas, evitando que a água que escorre das rochas atinja os mantimentos.

As residências ficam próximas à entrada da caverna, onde há maior incidência de luz natural.

Segundo registros de visitas de jornalistas e fotógrafos, a disposição das moradias segue critérios práticos, voltados à economia de espaço e à ventilação.

Tentativas de reassentamento

O governo de Ziyun promoveu, em diferentes momentos, programas de reassentamento para incentivar os moradores de Zhongdong a se mudarem para vilas próximas, em habitações com acesso a serviços básicos.

Parte das famílias aceitou a mudança; outras decidiram permanecer na caverna, citando fatores econômicos e a ligação com a terra, de acordo com reportagens da Reuters e do South China Morning Post.

As autoridades justificaram as iniciativas como parte de um esforço para reduzir a pobreza rural e ampliar o acesso a infraestrutura.

Especialistas ouvidos pela imprensa chinesa afirmam que o caso de Zhongdong reflete um dilema comum em áreas isoladas do interior da China: equilibrar o respeito à escolha das comunidades com políticas de desenvolvimento e integração territorial.

A “última aldeia-caverna” da China

Desde meados dos anos 2000, Zhongdong passou a ser citada na imprensa internacional como a “última aldeia-caverna da China”, expressão usada para diferenciar o local de comunidades que vivem em moradias escavadas em encostas, comuns no norte do país.

Essa designação aparece em veículos como Taipei Times, Reuters e China Daily.

A visibilidade atraiu doações pontuais e iniciativas de apoio, mas não alterou o isolamento geográfico nem a estrutura produtiva local.

Interior da aldeia-caverna de Zhongdong, Guizhou, onde 18 famílias residem permanentemente sob o teto de calcário aproveitando o abrigo natural.” (Imagem: moco-choco/arquivo)
Interior da aldeia-caverna de Zhongdong, Guizhou, onde 18 famílias residem permanentemente sob o teto de calcário aproveitando o abrigo natural.” (Imagem: moco-choco/arquivo)

Dados recentes indicam que a população da caverna tem diminuído gradualmente, com jovens se mudando para cidades em busca de estudo e trabalho.

Segundo autoridades locais, o número de famílias residentes permanece em torno de 18 núcleos domésticos, totalizando cerca de 70 a 100 pessoas.

Não há, até o momento, um censo público específico da comunidade.

Um modo de vida em permanência

A vida em Zhongdong permanece organizada em torno do trabalho agrícola e da cooperação entre famílias.

A combinação de abrigo natural, recursos locais e laços comunitários sustenta a permanência no local, mesmo diante de incentivos oficiais ao reassentamento.

Pesquisadores que acompanham o caso apontam que a decisão de permanecer está relacionada ao baixo custo de vida, à autonomia produtiva e à identidade cultural das famílias.

Especialistas em desenvolvimento rural afirmam que Zhongdong exemplifica o desafio de conciliar tradição e modernização em áreas de difícil acesso.

Em um país que passou por intensas transformações urbanas nas últimas décadas, o vilarejo chama atenção por manter uma rotina praticamente inalterada, sustentada por práticas agrícolas familiares e recursos naturais limitados.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas e também editor do portal CPG. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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