Francês relata falhas graves em carro elétrico MG4, da SAIC Motor, que teria apresentado comportamento autônomo imprevisível e levou seguradora a recomendar que o veículo fosse mantido parado por risco de segurança.
O francês Vincent Pasco afirma ter sido orientado pela própria seguradora a manter o carro estacionado por risco imediato à segurança, após uma série de falhas no MG4, hatch elétrico da SAIC Motor.
Em menos de dois anos de uso, o veículo teria apresentado comportamentos considerados imprevisíveis pelo motorista, que descreveu que o carro “toma decisões autônomas inesperadas”.
A recomendação para não circular, segundo ele, veio após registros de anomalias no sistema de assistência e na dirigibilidade.
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O investimento, estimado em R$ 200 mil com incentivo do bônus ecológico, transformou-se em um prejuízo: o automóvel permanece parado enquanto o proprietário busca uma solução com a rede de atendimento.
Falhas desde as primeiras horas de uso
Pasco relata que os problemas surgiram quase de imediato.
O volante vibrava e não se mantinha alinhado, comprometendo a estabilidade em linha reta.
Além disso, o assistente de permanência em faixa teria provocado correções bruscas, interferindo no curso do carro e exigindo intervenção constante do condutor.
O quadro, na avaliação da seguradora, elevaria o risco de incidente, razão pela qual o veículo foi retirado de circulação por precaução.
Ainda que essas ocorrências envolvam um único proprietário, a narrativa expõe vulnerabilidades em tecnologias de apoio à condução quando a calibração não está adequada ou quando há incompatibilidade com condições reais de via.
Sem um diagnóstico conclusivo e com o carro parado, o caso se arrasta entre contatos com a concessionária e solicitações de perícia.
Assistência em faixa sob escrutínio
A experiência não é isolada no debate sobre ADAS (sistemas avançados de assistência ao motorista).
Testes independentes publicados em 2024 identificaram episódios em que o MG4 executou correções indevidas de trajetória em cenários específicos, como vias estreitas e com marcações limítrofes.
Em fevereiro de 2025, a marca informou a distribuição de atualização de software voltada a melhorar o comportamento do assistente de faixa e dos alertas de saída de pista.
A fabricante, entretanto, trata a questão como evolução contínua de software e não como um defeito generalizado.
Em paralelo, há registros regulatórios anteriores que não se relacionam diretamente ao caso descrito por Pasco.
Em 2023, por exemplo, um comunicado de recall no Reino Unido tratou de supertravamento com o veículo ligado, tema distinto do desempenho do assistente de faixa.
Esses dados ajudam a contextualizar o histórico de ajustes e correções, mas não confirmam, por si só, as anomalias citadas pelo motorista francês.
Segurança do consumidor e resposta das empresas
A orientação para não circular costuma ocorrer quando seguradoras ou oficinas identificam risco concreto ao condutor e a terceiros.
Sem posicionamento público da seguradora de Pasco, não é possível saber os critérios técnicos aplicados no caso.
Montadoras e concessionárias costumam conduzir inspeções e, quando necessário, instalar atualizações ou substituir componentes.
O proprietário afirma, no entanto, que enfrenta burocracia e falta de suporte efetivo para restabelecer a usabilidade do carro.
Enquanto isso, o impasse tem impacto direto no bolso: a desvalorização de um automóvel parado e eventuais custos de deslocamento alternativo compõem a conta.
A narrativa reforça a importância de canais ágeis de diagnóstico, com documentação clara de defeitos e prazos para reparo, sobretudo em tecnologias que dependem de calibração fina entre sensores, câmeras e controle de direção.
O que o caso revela sobre a adoção de elétricos
A eletrificação veicular avança apoiada em políticas de incentivo e ganhos de eficiência.
Confiabilidade, contudo, permanece como fator crítico para a adesão em massa.
Eventuais falhas em modelos recém-lançados, mesmo quando atingem um universo reduzido de consumidores, podem abalar a percepção de segurança.
Para evitar esse efeito, especialistas defendem ciclos de testes extensivos em condições variadas de via, clima e sinalização, além de monitoramento pós-venda com atualizações de software rastreáveis e comunicadas ao usuário.
Outro ponto central é a transparência. Quando há relatos de comportamento irregular, fabricantes costumam abrir investigações técnicas.
Se confirmado risco, podem adotar campanhas de serviço, boletins técnicos ou recalls.
Caso a análise aponte uso incorreto ou configuração inadequada de sistemas de assistência, a resposta pode incluir reprogramação, recalibração de câmeras e orientação ao motorista sobre limitações conhecidas do ADAS em determinados cenários.
Consumidor entre a frustração e a busca por reparo
Pasco diz ter visto ruir a expectativa de possuir um carro “moderno e sustentável”.
O diálogo com a rede de atendimento, segundo ele, não resultou em solução duradoura, e o veículo segue imobilizado.
Enquanto aguarda um desfecho, o proprietário tenta formalizar o histórico de falhas e comprovar o risco, etapa necessária para pleitear medidas como substituição, recompra, abatimento de valor ou extensão de garantia, conforme a legislação local e as políticas da marca.
Embora cada mercado tenha suas normas, práticas comuns incluem ordens de serviço detalhadas, laudos independentes e protocolos de teste repetíveis.
Com documentação robusta, fica mais fácil dirimir controvérsias sobre a origem do problema e definir responsabilidades.