Descoberta em pântano sueco revela ponte neolítica, bengalas e cestos preservados por 5.000 anos, agora recriados em 3D para turistas
Arqueólogos na Suécia desenterraram uma cápsula do tempo natural em um pântano de mais de 5.000 anos. Entre os objetos encontrados estão bengalas de madeira perfeitamente preservadas, cestos e estruturas que remontam ao período neolítico.
O achado ocorreu em Gerstaberg, fora de Järna. Ali, os pesquisadores localizaram restos de passagens construídas por caçadores-coletores. Troncos, pilhas e vime formavam uma espécie de ponte sobre um lago antigo.
Segundo a Arkeologerna, principal consultora de arqueologia da Suécia, essas estruturas serviam para atravessar áreas alagadas e acessar pontos específicos da região. Os especialistas também encontraram pedaços de madeira esculpida, usados como bastões de caminhada, além de fragmentos de cestos e possíveis redes de pesca.
-
Planeta do tamanho da Terra a somente 40 anos -luz de distância pode ter atmosfera capaz de sustentar vida, revelam astrônomos
-
Cientistas provam que folhas de eucalipto acumulam ouro em partes por bilhão e revelam jazidas escondidas sem perfuração, diz estudo de 2025
-
Arma laser ‘mais barata do mundo’ promete derrubar enxames de drones a custo mínimo — elimina drones entre 50 metros e 3 km em segundos
-
Chineses querem superar os EUA: Alibaba lança super IA com 1 trilhão de parâmetros para desafiar OpenAI e Google
Conservação natural
As condições do pântano garantiram a preservação rara desses materiais. O ambiente é livre de oxigênio e tem pH semelhante ao do vinagre. Por isso, os ácidos conservam madeira, couro e até mesmo carne humana, como acontece em famosos corpos de pântano da Europa.
Essas características permitem que objetos frágeis resistam por milhares de anos. O material escavado se manteve em posição original, o que facilita reconstruções digitais.
Projeto digital
De acordo com a Arkeologerna, os restos da ponte poderão ser remontados em 3D. Turistas e estudantes terão a chance de fazer uma caminhada virtual pela Idade da Pedra.
“Quando o projeto estiver concluído, as estruturas de madeira e o ambiente ao redor serão recriados em 3D”, disse um porta-voz da equipe ao site Heritage Daily. Vídeos e conteúdos em redes sociais também farão parte da iniciativa.
Vida no Neolítico
Os arqueólogos acreditam que o local foi usado por comunidades de caçadores-coletores. Esse comportamento antecede a adoção da agricultura em larga escala, mudança que transformou a forma como os grupos humanos viviam.
Naquele período, a área era coberta por um lago cercado por espinheiro-marítimo. Essa planta de frutos alaranjados era uma fonte alimentar importante. Rica em nutrientes, continua usada hoje como superalimento, embora tenha sabor ácido e adstringente.
Cestos e pesca
Os fragmentos de vime encontrados indicam a produção de cestos. Eles serviam para carregar frutas ou peixes obtidos no lago. Além disso, especialistas sugerem que a ponte de troncos facilitava o acesso a áreas de coleta da planta espinhosa.
Esse sistema de passarelas revela um nível de sofisticação inesperado para comunidades do período, porque demonstra planejamento na exploração do ambiente.
Pântanos como cápsulas do tempo
A preservação observada no local reforça o valor arqueológico de pântanos no norte da Europa. São áreas ricas em turfa, que contêm pouco oxigênio e dificultam a decomposição.
Graças a isso, restos orgânicos atravessam séculos sem apodrecer. Tecidos, couro e até corpos humanos podem permanecer intactos. Isso já foi documentado em diversos países, em descobertas que surpreendem pelo estado de conservação.
Mistério cultural
Ainda não está claro qual grupo exato utilizou o sítio de Gerstaberg. No entanto, atividades semelhantes foram atribuídas à cultura Pitted Ware, ou PWC, em regiões próximas.
Essa tradição arqueológica se desenvolveu entre 3500 a.C. e 2300 a.C. na Escandinávia. Os membros eram caçadores-coletores especializados em recursos marinhos.
Cultura Pitted Ware
O nome da cultura vem de sua cerâmica característica. As peças eram decoradas com cavidades profundas ao redor da borda, criando um estilo inconfundível.
Apesar da expansão da agricultura na Europa, os PWC mantiveram foco na caça de focas e na pesca. Além disso, realizavam longas viagens pelo Mar Báltico, estabelecendo redes de comércio.
Contato com agricultores
Com o tempo, caçadores-coletores e agricultores entraram em contato. Há duas hipóteses: ou os agricultores tecnologicamente avançados substituíram os caçadores, ou ocorreu uma fusão pacífica entre as culturas. Nesse caso, os caçadores teriam incorporado técnicas agrícolas.
Comércio e trocas
Evidências desse intercâmbio incluem ferramentas de pedra, restos de animais e fragmentos de argila que mostram circulação de materiais entre Suécia, Dinamarca e Finlândia. Essa mobilidade indica que os grupos não eram isolados, mas faziam parte de redes de interação mais amplas.
Um elo com o passado
A descoberta de Gerstaberg amplia o entendimento sobre a vida neolítica no norte da Europa. Os objetos, preservados como se estivessem em conserva, oferecem um retrato raro do cotidiano de caçadores-coletores.
Além disso, a reconstrução digital permitirá que o público veja como funcionava a ponte de troncos. Assim, ciência e tecnologia se unem para manter viva uma história enterrada por milhares de anos.