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BYD vê Brasil como sua ‘terra prometida’ em projeto de expansão global e montadoras como Volkswagen, Toyota e Fiat acendem sinal de alerta

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 21/06/2025 às 14:40
BYD acelera no Brasil com importações recordes de carros elétricos e acende alerta em montadoras e sindicatos sobre impactos à produção local.
BYD acelera no Brasil com importações recordes de carros elétricos e acende alerta em montadoras e sindicatos sobre impactos à produção local.
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Montadora chinesa avança no Brasil e preocupa indústria nacional, que vê risco à produção e empregos com aumento das importações de carros elétricos.

A crescente presença da BYD no mercado brasileiro tem desencadeado um alerta entre fabricantes tradicionais e entidades sindicais, que enxergam na expansão acelerada da montadora chinesa um risco direto à produção nacional e aos empregos no setor automotivo.

Segundo reportagem publicada pela Reuters, o Brasil tornou-se um destino estratégico para a marca, que tem ampliado sua frota de navios cargueiros para acelerar as remessas de veículos eletrificados — incluindo o maior navio de transporte de carros do mundo, que atracou em Itajaí (SC) no fim de maio.

Nos últimos meses, a montadora realizou quatro grandes envios ao Brasil, totalizando cerca de 22 mil carros, conforme dados apurados pela agência internacional.

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Essa ofensiva comercial ocorre em um cenário de baixa tarifação sobre veículos elétricos importados, o que amplia ainda mais a vantagem competitiva da empresa asiática frente às marcas que operam com produção local.

BYD Brasil expansão ameaça indústria nacional

A expansão da BYD no Brasil ocorre em um mercado onde a transição para carros eletrificados ainda é incipiente, mas promissora.

Estima-se que as importações de veículos fabricados na China possam crescer até 40% em 2025, alcançando a marca de 200 mil unidades.

Com isso, os automóveis chineses podem representar cerca de 8% das vendas de veículos leves no país, número expressivo para um setor que ainda se adapta às exigências da eletrificação.

O crescimento da BYD no Brasil tem sido impulsionado por preços acessíveis, estratégia que visa conquistar consumidores e acelerar a adoção dos chamados carros “verdes”.

Entretanto, representantes da indústria nacional alertam que o modelo adotado pela montadora chinesa se apoia em uma brecha tarifária provisória, sem gerar contrapartidas em termos de industrialização local ou geração de empregos.

De acordo com apuração da Reuters, entidades sindicais e industriais defendem que o governo antecipe para este ano o aumento do imposto de importação de veículos eletrificados de 10% para 35%, atualmente previsto apenas para meados de 2026.

A medida, segundo esses grupos, seria essencial para preservar a cadeia produtiva brasileira diante da ofensiva chinesa.

“Países do mundo todo começaram a fechar as portas para os chineses, mas o Brasil não o fez”, declarou Aroaldo da Silva, presidente da IndustriALL Brasil, central sindical que representa trabalhadores de seis setores industriais. “A China se aproveitou disso.”

Fábrica da BYD no Brasil atrasada

Apesar da forte presença nas importações, a BYD anunciou a instalação de uma fábrica em Camaçari (BA), onde antes operava a unidade da Ford.

O plano inicial previa iniciar a produção já em 2025, mas, segundo autoridades ouvidas pela Reuters, o cronograma foi adiado para dezembro de 2026 após denúncias de abusos trabalhistas no canteiro de obras.

O Ministério do Desenvolvimento confirmou que analisa o pedido da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) para antecipar o aumento tarifário.

Em nota à Reuters, o ministério afirmou que o cronograma de tarifas crescentes foi desenhado para respeitar os planos de desenvolvimento das empresas e a maturidade da produção local.

No entanto, o setor cobra medidas mais imediatas diante do avanço do crescimento da BYD no Brasil.

O presidente da Anfavea, Igor Calvet, defendeu que novas montadoras são bem-vindas, desde que contribuam com o fortalecimento da indústria nacional.

“Apoiamos a chegada de novas marcas ao Brasil para produzir, promover o setor de componentes, criar empregos e trazer novas tecnologias. Mas, a partir do momento em que um excesso de importações causa um menor investimento em produção no Brasil, isso nos preocupa”, afirmou em entrevista à Reuters.

Crescimento da BYD no Brasil sem cadeia local

Outra preocupação apontada por sindicatos é a falta de transparência sobre parcerias locais da BYD.

A 18 meses do início prometido da produção na Bahia, não há sinal de acordos com fornecedores nacionais ou ações que estimulem a cadeia de autopeças.

“Mesmo que a fábrica esteja aqui – que valor ela realmente agrega se os componentes, o desenvolvimento e a tecnologia são todos estrangeiros?”, questionou Aroaldo da Silva.

Esse movimento, na prática, consolida o Brasil como um dos principais destinos do excedente chinês de produção automotiva.

De acordo com dados do próprio setor, a China superou o Japão em 2023 e se tornou o maior exportador de veículos do mundo, impulsionada por uma produção interna excedente e pelo fechamento de mercados como Estados Unidos e União Europeia, que adotaram tarifas elevadas — de até 100% no caso norte-americano.

Maior navio do mundo desembarca 7.292 carros híbridos da BYD no Brasil, prometendo revolucionar o mercado automotivo e a mobilidade sustentável.
Maior navio do mundo desembarca 7.292 carros híbridos da BYD no Brasil, prometendo revolucionar o mercado automotivo e a mobilidade sustentável.

Carros elétricos chineses dominam vendas no Brasil

Apesar das dificuldades para competir com os preços chineses, o Brasil ainda tenta consolidar seu papel na transição para uma frota menos poluente.

Segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), mais de 80% dos carros elétricos vendidos atualmente no país são importados da China.

O país possui reservas relevantes de lítio e outros insumos essenciais para a produção de baterias, mas ainda não conta com infraestrutura completa para fabricar todos os componentes de forma independente.

Enquanto isso, a também chinesa GWM (Great Wall Motors) avança na consolidação de sua presença industrial no Brasil.

A empresa comprou, em 2021, a antiga planta da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP), com capacidade para 50 mil carros por ano, e deve iniciar a produção do modelo Haval H6 já em julho de 2025.

Segundo o presidente da ABVE e executivo da GWM, Ricardo Bastos, a montadora está em negociação com cerca de 100 fornecedores locais para viabilizar a operação.

“O Brasil pode se tornar um polo relevante na eletrificação automotiva. Mas para isso, a produção precisa acompanhar o ritmo das importações”, declarou Bastos à Reuters.

A disputa entre importação acelerada e produção nacional levanta uma questão central: qual o real impacto do crescimento da BYD no Brasil para o futuro da indústria automotiva nacional?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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