Dependência do país para importação de fertilizantes, como o potássio, porém, evidenciou carência de investimentos em ciência e tecnologia para extração mineral no país
Um dos maiores exportadores de minério de ferro no mundo, o Brasil encontra-se atualmente em uma situação de dependência externa em relação a outro mineral crítico para a produção de alimentos: o potássio, usado como fertilizante no agronegócio, e importado da Rússia. A Guerra da Ucrânia e o novo cenário geopolítico mundial evidenciaram a vulnerabilidade do país em relação à extração de minerais estratégicos. Atualmente, a mineração já é parte importante do PIB brasileiro, com faturamento de R$ 339 bilhões/ano.
Embora possua uma boa diversidade de reservas minerais, a falta de investimentos adequados em ciência e tecnologia tem sido o grande entrave para o desenvolvimento da extração mineral sustentável no país, assim como a capacitação técnica e uma política regulatória clara.
O minério de ferro responde por 70% da extração mineral do Brasil, mas também há reservas de lítio, cobre, potássio, grafita, entre outras, em território nacional, que poderiam ser mapeadas e exploradas pelo setor público em parceria com o setor privado.
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Há 24 minerais estratégicos para o Brasil
No webinar Minerais Estratégicos e a Transição Energética, realizado pelo Núcleo Energia do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), especialistas alertaram que os minerais estratégicos são ativos importantes na nova configuração geopolítica das cadeias de valor. De acordo com levantamento oficial, existem atualmente 24 minerais listados como estratégicos para o país. Alguns deles importantes para as tecnologias de baixo carbono, o que irá gerar aumento exponencial de sua demanda até 2050.
“Uma janela de oportunidades para a transição energética está aberta e o Brasil, embora não seja uma potência geopolítica, é uma potência ambiental. Temos uma boa diversidade de minerais. O Brasil poderia ser protagonista na extração mineral sustentável em um cenário da transição energética”, destacou o Vice-Presidente do Conselho Curador do CEBRI, Jorge Camargo.
Um carro elétrico, por exemplo, requer seis vezes mais insumos minerais do que um carro convencional. Segundo estimativas da International Energy Agency (IEA), a demanda por lítio deve crescer 40 vezes até 2040 e a demanda por cobalto, grafite e níquel entre 20 e 25 vezes. A presença destes minerais em terras brasileiras faz com o que o país tenha enorme potencial nesta área.
Esteves Pedro Colnago, Diretor-Presidente do Serviço Geológico do Brasil, ressaltou durante o webinar as dificuldades para o mapeamento das reservas geológicas do Brasil. “Cabe ao serviço geológico do Brasil conhecer, armanezar e difundir o patrimônio mineral brasileiro. Estamos nos aproximando das empresas que tem interesse em contribuir. Há dificuldades e são necessários investimentos da iniciativa privada”, pontuou. Colnago frisou que a extensão do território brasileiro requer um planejamento focado em reservas já descobertas e que tem potencial comprovado.
Segundo Julio Nery, Diretor de Sustentabilidade e Assuntos Regulatórios do IBRAM e Presidente da Comissão Brasileira de Recursos e Reservas (CBRR), há enormes desafios para a extração mineral no Brasil e apenas 0,06% do território é explorado, embora o potencial de geração de riqueza com a extração mineral seja grande. “O risco para a pesquisa em extração mineral é grande, por isso, deveria ser dividido entre o setor público e privado”, ponderou.
Investimentos em tecnologias de exploração mineral
Edson Ribeiro, Diretor de Exploração e Projetos Minerais da Vale, pontuou que países da União Europeia, Canadá e China estão bem à frente do Brasil em investimentos de ciência e tecnologia para mapeamento e exploração sustentável de minerais estratégicos. Segundo ele, a extração mineral não pode ser dissociada de boas práticas ambientais.
Segundo Carlos Cesar Peiter, do Centro de Tecnologia Mineral da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Brasil perdeu centros estaduais de pesquisa na Bahia, Minas Gerais e Rio Grande do Sul que eram importantes para a pesquisa e desenvolvimento da extração de minerais no país. O pesquisador apontou o Plano Nacional de Fertilizantes e o Programa Nacional de Mineração 2050, que está sendo elaborado, como importantes iniciativas para o Brasil não perder a oportunidades na transição energética.
Segundo os participantes, é preciso ainda combater a desinformação e o preconceito contra a extração mineral no país. “ O IBRAM entende que é possível desenvolver mineração responsável, inclusive em terra indígena, isso já ocorre em outros países de forma sustentável. Não pode ser feito sem o consentimento da comunidade. Há uma proposta no parlamento e isso está previsto na Constituição. A extração mineral deve ser feita em qualquer parte do território de forma sustentável e organizada, com disseminação de boas práticas. É importante para aumentar a confiança da sociedade no setor”, disse Julio Nery.
Fonte Autoral – CEBRI