O aumento da demanda por energia do Paraguai vai reduzir os montantes que o Brasil poderá importar da produção da usina de Itaipu.
De acordo com a previsão do Plano Decenal de Energia (PDE), a partir de 2023, a demanda paraguaia por energia deve crescer a uma taxa de 5% ao ano, mas o sistema elétrico brasileiro consegue absorver essa redução na oferta com tranquilidade, segundo informações do EPE nesta terça-feira, 14 de maio, no primeiro encontro da série Diálogos da Transição para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds), no Rio de Janeiro, que contou com a participação do presidente da EPE, Thiago Barral.
“Estamos olhando cuidadosamente essa questão de Itaipu. O Paraguai tem preferência pela sua parcela de energia e o Brasil tem preferência em comprar aquilo que o Paraguai na consome. A medida que os consumo paraguaio cresce, a parcela disponível para importação reduz”.
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“Na nossa avaliação, isso dá para absorver tranquilamente. Dada a dimensão do mercado brasileiro e os cenários de maior ou menor crescimento na demanda no Paraguai, essa diferença é facilmente absorvida nos leilões de energia”, disse, Thiago Barral.
A batalha da renegociação de Itaipu
Os presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e o do Paraguai, Mario Abdo Benítez colocaram em 10 de maio, a pedra fundamental da nova ponte que ligará os dois países sobre o rio Paraná. O ato, realizado na cidade fronteiriça de Foz do Iguaçu, foi uma nova demonstração da boa harmonia entre os dois.
A nova ponte será a segunda binacional e cruzará as águas que alimentam a represa. A obra busca o desenvolvimento da Tríplice Fronteira, como é chamado o ponto que une os dois países e a Argentina. O projeto tem mais de trinta anos. Bolsonaro e Abdo prometeram nesta sexta-feira que será concluído antes de 2022. A nova passagem binacional se somará à Ponte da Amizade e custará cerca de 300 milhões de reais. O dinheiro virá, de Itaipu.
Ambos os presidentes têm, um duro desafio: a negociação sobre a distribuição de energia de Itaipu, a gigantesca hidrelétrica compartilhada pelos dois países. Segundo o texto, ainda em vigor, o menor país, o Paraguai, transfere os excedentes de energia ao preço de custo para o maior, o Brasil. Esse acordo, que o Paraguai considera injusto, expira em 2023, e o período de negociações coincide com as presidências de Abdo Benítez e Bolsonaro.
No início deste ano, o governo federal montou um grupo de trabalho que será responsável pela proposta brasileira na negociação com do chamado Anexo C do Tratado de Itaipu que levou a construção da usina, há 46 anos. Estão previstas a renegociação de condições comerciais, que levarão em consideração também o fim da amortização dos investimentos e a redução no preço da energia produzida pela usina bilateral.
O Anexo C prevê o início da vigência dos novos termos a partir de 2023. O prazo atual para conclusão dos trabalhos é a próxima sexta, 17. Em abril, o governo prorrogou o grupo por mais 30 dias.
A Itaipu Binacional tem 14 GW de potência instalada e, em 2018, forneceu 15% de toda a energia consumida no Brasil e 90%, no Paraguai. Em 2018, produziu 96,6 milhões de MWh. O Paraguai tem direito a metade da energia gerada, mas por falta de demanda, consome cerca de 15% da sua cota. O restante é importado para o Brasil.
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