Já imaginou jogar fora milhões de sacas do produto que sustenta a economia do seu país? Pois foi exatamente isso que aconteceu no Brasil, entre 1931 e 1944. Para tentar salvar sua economia em colapso, o governo decidiu literalmente queimar café; uma medida extrema que ainda hoje intriga e choca quem conhece a história.
A relação antiga do Brasil com o café
O café brasileiro virou protagonista ainda no final do século XIX, quando o país se afastava da monarquia e caminhava rumo à república. Em 1889, com o golpe que derrubou Dom Pedro II, os grandes fazendeiros de café apoiaram fortemente a nova ordem, buscando abolir a escravidão e atrair imigrantes europeus para as lavouras.
Crise global e colapso do preço
Em 1906, a superprodução começou a preocupar. Para conter a queda do preço, os governadores recorreram a empréstimos internacionais e compraram os estoques excedentes. Foi uma manobra que manteve o Brasil no topo do mercado mundial, mas criou um sistema frágil.
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Quando chegou a Grande Depressão de 1929, a situação desabou. Mais da metade das exportações do país vinham do café, e os Estados Unidos eram o principal comprador. Quando o mercado americano caiu, o Brasil sofreu um tombo brutal: o valor de uma saca caiu 90% em poucos meses.
A instabilidade levou ao golpe de 1930, que colocou Getúlio Vargas no poder. Vargas prometeu romper com os grandes produtores rurais, mas acabou afundado no mesmo dilema econômico: como salvar a balança comercial e recuperar a confiança externa?
A decisão radical: queimar café
Sem saída, o governo decidiu comprar estoques e queimá-los para reduzir a oferta e tentar subir os preços no mercado internacional. Assim, entre 1931 e 1944, cerca de 78 milhões de sacas (o equivalente a mais de três anos de consumo interno) foram destruídas.
A queima aconteceu principalmente no porto de Santos, em São Paulo. O cheiro de café queimado se espalhava pela costa e era relatado em jornais da época. Alguns lotes foram despejados no mar, batizados de “café marinho”, e até usados como combustível em fábricas.
Em 1932, Vargas criou o Conselho Nacional do Café, que passou a controlar estoques e definir políticas para tentar reanimar a economia. Mas os efeitos foram devastadores: muitos agricultores faliram, o crédito sumiu, e o país mergulhou ainda mais fundo na crise.
Impactos e lições
O episódio da queima de café virou um dos capítulos mais controversos da história econômica do Brasil. Não apenas marcou o fim da chamada “República do Café com Leite”, mas também serviu de alerta para os perigos da dependência extrema de um único produto na exportação.
Para muitos historiadores e economistas, como Cláudio Gonçalves, professor de história econômica na UFRJ, “a queima de café foi a prova de que decisões de curto prazo podem sair muito mais caras no longo prazo”.
Hoje, a economia brasileira segue diversificada, mas o café continua sendo uma paixão nacional e uma das principais exportações, veja aqui dados atualizados sobre a importância atual do grão.
O que você acha dessa história? Você concorda com medidas tão extremas em crises econômicas? Deixe seu comentário ou compartilhe com quem vai se surpreender com essa parte pouco contada do nosso passado!