Projeto de lei obriga inteligência americana a mapear investimentos da China no agronegócio do Brasil e impactos na segurança alimentar global
O governo dos Estados Unidos vai investigar o interesse chinês pelo agro brasileiro, segundo o projeto de lei orçamentário anual para ações de inteligência. O texto menciona explicitamente o Brasil em um capítulo sobre a China, algo inédito em legislações desse tipo, e prevê a produção de um relatório detalhado pela Diretoria Nacional de Inteligência em até 90 dias após sanção presidencial.
A medida surge em meio a uma nova fase da guerra comercial entre EUA e China, após o presidente Donald Trump anunciar uma tarifa de 50% sobre exportações brasileiras. Segundo o projeto, os americanos querem entender o grau de envolvimento do governo Xi Jinping com autoridades e empresas do setor agrícola brasileiro, além de potenciais riscos à cadeia global de suprimentos e à segurança alimentar dos EUA.
Relatório focará em investimentos e alianças estratégicas
A versão atual da Intelligence Authorization Act para 2026 determina que a diretora nacional de inteligência, Tulsi Gabbard, produza um documento detalhando:
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- O nível de envolvimento direto ou indireto do governo chinês com autoridades brasileiras
- A quantidade de empresas chinesas ou controladas pela China com presença no agro nacional
- Parcerias e joint ventures entre companhias brasileiras e chinesas
- Impactos sobre a infraestrutura agrícola, incluindo energia, terras produtivas e distribuição
- Potenciais riscos à segurança alimentar global em caso de domínio chinês sobre cadeias agrícolas
O documento será elaborado em articulação com o secretário de Estado Marco Rubio e a secretária de Agricultura Brooke Rollins, e pode incluir um anexo confidencial.
Brasil nunca havia sido citado em leis desse tipo
Em 280 páginas, o projeto de lei menciona o Brasil dez vezes — número pequeno, mas significativo diante do histórico. Países como Japão, Reino Unido e Alemanha não foram citados. A presença do Brasil está restrita ao capítulo sobre a China e reflete a preocupação dos EUA com o avanço estratégico de Pequim na América do Sul.
Além da China (77 menções), o texto menciona Rússia (28), Irã (19), Coreia do Norte (6), Cuba (6) e Venezuela (1). O Brasil entra nesse contexto como possível elo geopolítico em disputas de influência global.
Tarifa, espionagem e tensão diplomática
A proposta de investigação coincide com o tarifaço de 50% anunciado por Trump, que citou diretamente o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e a “censura” a empresas americanas como justificativas políticas.
Além disso, o Brasil tem histórico de vigilância por parte dos EUA, como nos episódios de espionagem revelados pelo Wikileaks em 2013. No entanto, nunca havia sido alvo formal em leis de inteligência — o que torna esse movimento uma mudança de patamar nas relações trilaterais entre Brasil, China e EUA.
Quais os próximos passos
O projeto foi aprovado na Comissão de Inteligência do Senado com 15 votos a favor e 2 contrários, e segue para votação no plenário. Se aprovado, vai à Câmara dos Representantes e, em seguida, à sanção de Trump.
Mesmo que a menção ao Brasil seja retirada em alguma etapa, o simples fato de constar no texto já é considerado simbólico. Segundo analistas, isso pode influenciar a forma como os EUA tratam o agronegócio brasileiro em disputas comerciais e diplomáticas nos próximos anos.
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