1. Início
  2. / Economia
  3. / Brasil e China contra Elon Musk! União entre os países pode ‘furar’ domínio da Starlink, empresa de internet do bilionário
Tempo de leitura 5 min de leitura Comentários 0 comentários

Brasil e China contra Elon Musk! União entre os países pode ‘furar’ domínio da Starlink, empresa de internet do bilionário

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 06/11/2024 às 02:01
O governo Lula busca concorrentes para a Starlink na China, enquanto a tensão com Elon Musk cresce. O futuro da internet via satélite está mudando.
O governo Lula busca concorrentes para a Starlink na China, enquanto a tensão com Elon Musk cresce. O futuro da internet via satélite está mudando.

O Brasil, em parceria com a China, prepara uma reviravolta no mercado de internet via satélite. Com a SpaceSail no país, o domínio de Elon Musk pode estar com os dias contados.

Enquanto o mercado global de internet via satélite cresce a passos largos, uma movimentação recente entre Brasil e China pode causar um abalo significativo na liderança da Starlink, a empresa do bilionário Elon Musk, no setor.

A disputa, que reúne interesses comerciais e estratégicos, promete redesenhar o cenário da internet no Brasil, especialmente em áreas onde a infraestrutura terrestre é limitada.

A iniciativa busca trazer a empresa chinesa SpaceSail ao Brasil, ampliando a competição nesse mercado dominado pela Starlink, conforme relatado pelo secretário de telecomunicações Hermano Barros Tercius à BBC News Brasil.

O plano é que essa expansão seja formalizada durante a visita do presidente chinês, Xi Jinping, ao país em 20 de novembro, com a assinatura de memorandos de entendimento.

Contudo, ainda não há uma data exata para a operação da SpaceSail em território brasileiro.

Crise com Musk e a busca por alternativas

A relação entre Elon Musk e autoridades brasileiras chegou a um ponto crítico recentemente, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu temporariamente o X, antigo Twitter, após desentendimentos sobre cumprimento de leis locais.

Essa crise intensificou o debate sobre a dependência da infraestrutura de internet do Brasil em relação à Starlink.

Segundo especialistas, a diversificação de fornecedores poderia reduzir riscos de monopólio e proteger a soberania nacional no setor digital.

Desde agosto, a SpaceSail mantém conversas com o governo brasileiro para viabilizar sua entrada no mercado de internet via satélite no país.

Representantes da empresa se encontraram com o vice-presidente Geraldo Alckmin e apresentaram o objetivo de iniciar operações até 2025, caso obtenham as licenças necessárias junto à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Como funciona a tecnologia da SpaceSail

A SpaceSail utiliza satélites de órbita baixa, conhecidos como LEO, para fornecer internet banda larga.

Estes satélites, que orbitam a cerca de 549 km da Terra, oferecem menor latência e maior velocidade de conexão em comparação com satélites convencionais, que operam em altitudes próximas a 1.000 km.

Esse diferencial técnico torna a tecnologia LEO particularmente vantajosa para áreas remotas, onde a instalação de infraestrutura física, como cabos e antenas, é difícil e custosa.

A Starlink possui atualmente cerca de 6 mil satélites, enquanto a SpaceSail planeja lançar até 15 mil satélites até 2030.

Esse potencial de expansão coloca a SpaceSail em posição de rivalizar diretamente com a empresa de Musk, oferecendo uma alternativa para o mercado brasileiro.

Memorando de cooperação: um acordo estratégico

Durante sua visita à China em outubro, Hermano Tercius revelou que Brasil e China negociam um acordo de cooperação técnica que permitirá a instalação da SpaceSail no país.

O objetivo, segundo o secretário, é possibilitar que a SpaceSail ofereça seus serviços tanto para o setor privado quanto para o público, incluindo escolas e instituições governamentais em regiões afastadas.

Essa colaboração pode também incluir o uso do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, como base para lançamentos de satélites da SpaceSail.

“Isso beneficiaria ambos os lados, facilitando o cronograma de lançamentos da SpaceSail e promovendo o uso do CLA para novos projetos”, destacou Tercius.

Outro acordo em discussão envolve a construção de um satélite geoestacionário voltado ao atendimento das necessidades de comunicação do Brasil.

Ainda não há uma definição sobre a destinação exata desse satélite, mas ele poderia servir tanto a funções de telecomunicação quanto a sistemas de defesa.

A Starlink, braço da SpaceX de Musk, é a principal provedora de internet via satélite do Brasil, com uma participação de 45,9% do mercado, conforme dados da Anatel de 2023.

O serviço é essencial para regiões isoladas, como a Amazônia, onde muitos usuários dependem dessa conexão para acessar a internet.

Em um ano e meio, a Starlink saltou da quinta para a primeira posição no mercado nacional, refletindo sua rápida expansão e a crescente demanda por internet em áreas remotas.

Contudo, a recente suspensão do X no Brasil pelo STF gerou preocupações sobre a vulnerabilidade do país em relação aos serviços de Musk.

Fontes próximas ao governo afirmam que o controle que a Starlink exerce sobre o mercado é visto com cautela, sobretudo devido aos riscos associados à dependência de um único provedor estrangeiro.

Impacto de uma possível competição no setor

De acordo com Thiago Ayub, diretor de tecnologia da Sage Networks, a dominância da Starlink reflete a qualidade do serviço, mas também expõe o mercado brasileiro a riscos de monopólio.

“Ter múltiplos fornecedores é uma necessidade estratégica, pois possibilita uma competição saudável, essencial para que o país se torne menos dependente de um único prestador”, explicou Ayub.

Para a China, a expansão de sua tecnologia de satélites via SpaceSail representa um passo estratégico.

Em 2020, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China destacou a criação de uma infraestrutura de internet via satélite como uma das prioridades de curto e médio prazos.

Essa política reforça o papel central da SpaceSail na expansão da influência digital chinesa.

Brasil entre o monopólio e a soberania digital

A necessidade de reduzir a dependência de serviços de Elon Musk foi intensificada após suas declarações públicas de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro e de críticas ao ministro Alexandre de Moraes, que lidera ações contra fake news.

Para o governo Lula, fortalecer alternativas como a SpaceSail é uma forma de garantir que a infraestrutura digital do país não fique sujeita aos interesses de uma única empresa.

Em entrevista recente, o presidente Lula afirmou que Elon Musk deve respeitar as leis brasileiras e que o Brasil não pode se sujeitar a imposições externas.

Essa postura indica a intenção do governo em atrair concorrentes para o setor de internet via satélite, promovendo uma abordagem mais independente.

A entrada da SpaceSail no mercado brasileiro poderá dar ao país uma alternativa viável à Starlink, fomentando a diversidade de provedores e assegurando um mercado mais competitivo.

A partir dessas novas perspectivas, será interessante observar como o equilíbrio do setor de telecomunicações brasileiro poderá evoluir nos próximos anos.

Você acha que o Brasil deve investir em mais fornecedores de internet via satélite para reduzir sua dependência de Musk e promover a soberania digital? Deixe seu comentário!

Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais antigos
Mais recente Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x