Gigante do setor de energia reconsidera estratégia de transição para reconquistar mercado
A BP, uma das maiores empresas de energia do mundo, parece estar voltando para trás em sua ousada estratégia de cortes de petróleo e gás, levantando sobrancelhas de investidores e críticos. O novo CEO, Murray Auchincloss, está ajustando as velas da companhia para navegar em águas mais seguras, com foco em garantir lucros de curto prazo e reconquistar a confiança do mercado. Mas será que essa virada vai trazer mais ventos a favor ou tempestades à vista?
A BP e os cortes de petróleo e gás: o que está acontecendo?
A estratégia da BP, anunciada em 2020, era uma das mais ambiciosas da indústria, com o objetivo de reduzir em 40% a produção de petróleo e gás até 2030, enquanto aumentava o investimento em energias renováveis. Mas, com a chegada de Murray Auchincloss ao comando, essa meta parece estar sendo reconsiderada. Em fevereiro de 2023, a empresa já havia revisado a redução para 25%, e agora os rumores indicam que o plano original de cortes de petróleo e gás pode ser totalmente abandonado.
A ação da BP subiu 0,5%, para 419p, após as notícias, mas a realidade é que a empresa ainda enfrenta uma queda acumulada de mais de 10% no ano. Isso contrasta com o ganho de 7% do índice FTSE All-Share, diminuindo que o mercado está atento às manobras do gigante do setor.
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Novos ventos no Golfo do México e Oriente Médio BP
Fontes internacionais indicam que a BP está mirando novos investimentos em regiões estratégicas como o Golfo do México e o Oriente Médio, locais onde há vasto potencial de exploração e produção. A busca por maximizar os ganhos com petróleo e gás, no entanto, não elimina o compromisso da empresa com a meta de emissões líquidas zero até 2050.
A mudança de direção na BP reflete uma pressão crescente por retornos imediatos para os investidores, algo que também está sendo visto em sua concorrente Shell. Sob o comando de Wael Sawan, a Shell tem, de forma semelhante, desacelerado seus investimentos em energias renováveis e focado em aumentar sua produção de gás natural.
A pressão sobre Auchincloss
O novo CEO da BP, que assumiu em janeiro de 2024, tem uma missão clara: impedir a queda no valor das ações da companhia e garantir que os acionistas sejam devidamente recompensados. Com isso, muitos analistas acreditam que ele poderá estar abrindo mão da redução da produção de petróleo e gás para focar em aumentar os lucros no curto prazo. A empresa está priorizando regiões ricas em recursos, como o Oriente Médio, para transferência de sua produção.
Russ Mold, diretor de investimentos da AJ Bell, acredita que a BP está se sentindo “as pancadas do mercado” por sua postura em relação à transição energética. “O problema de reduzir a produção de hidrocarbonetos é que isso gera a maior parte do dinheiro que a BP usa para recompensar seus acionistas”, comenta Mold. Além disso, há especulações de que, além de descartar o plano de redução, a BP pode buscar aumentar sua produção, algo que deve gerar críticas de ativistas ambientais e reguladores.
BP o que o futuro reserva para o setor?
A BP não está sozinha nessa mudança de rota. A Shell também mostrou sinais de retorno em seus compromissos de transição energética, ajustando suas operações para garantir retornos mais rápidos. No entanto, a Shell tem apoiado fortemente o gás natural, que muitos acreditam ser um componente crucial na transição de combustíveis mais combustíveis, como o carvão e o petróleo.
Esse foco renovador em combustíveis fósseis, ainda que menos poluentes, contrasta com o movimento global em prol das energias renováveis. Para investidores e especialistas, a questão que fica é: como calcular o percentual de lucro em um cenário onde as metas de sustentabilidade estão sendo revistas? A resposta a essa pergunta pode determinar o futuro das grandes empresas de energia.
Agora, a grande pergunta é: até onde a BP e outras empresas do setor estão dispostas a ir para garantir seus lucros sem perder o apoio do mercado e da sociedade? Estariam elas sacrificando um futuro sustentável em troca de ganhos de curto prazo?