Em um esforço para impulsionar o crescimento econômico, o Banco Central da China revela um pacote de estímulo monetário massivo, demonstrando sua intenção de revitalizar a economia diante dos desafios enfrentados globalmente.
O Banco Central chinês anunciou um pacote robusto de estímulo monetário em um esforço para revitalizar sua economia da China, a segunda maior do mundo, que tem enfrentado uma desaceleração significativa e uma queda na confiança dos investidores. Informações da Bloomberg.
A série de medidas anunciadas reflete a crescente preocupação do governo de Xi Jinping com a possibilidade de a China não atingir sua meta de crescimento econômico de cerca de 5% este ano.
Pacote de estímulos do Banco Central
Pan Gongsheng, governador do Banco Popular da China (PBOC), revelou em um briefing raro, ao lado de outros reguladores financeiros, uma série de medidas que incluíram o corte da taxa de juros de curto prazo e a redução da quantidade de dinheiro que os bancos precisam manter em reserva.
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Este movimento visa liberar mais liquidez no sistema financeiro, incentivando os bancos a conceder mais empréstimos e, assim, estimular a atividade econômica. Essa foi a primeira vez desde 2015 que essas duas medidas foram anunciadas simultaneamente.
Além disso, foi revelado um pacote destinado a reforçar o setor imobiliário do país, que tem sido um dos mais afetados pela crise econômica. Isso inclui a redução dos custos de hipotecas em até US$ 5,3 trilhões e o relaxamento das regras para a compra de segundas residências.
Esses anúncios geraram otimismo no mercado de ações da China, resultando em uma alta de 4,3% no índice de ações CSI 300, quase recuperando as perdas acumuladas ao longo do ano.
Suporte ao mercado de ações e setor imobiliário
O setor imobiliário, crucial para o crescimento da economia da China, tem enfrentado uma profunda crise, com quedas significativas nos preços das propriedades e desaceleração nas vendas. Em resposta, o governo chinês reduziu as taxas de hipotecas e flexibilizou as restrições à compra de imóveis, na tentativa de estimular a demanda no setor.
Pan Gongsheng também anunciou que o Banco Central chinês injetaria pelo menos 800 bilhões de yuans (cerca de US$ 113 bilhões) em suporte de liquidez para o mercado de ações, com o objetivo de estabilizá-lo.
As autoridades estudam ainda a criação de um fundo de estabilização de mercado, o que indica uma preocupação crescente com a volatilidade do mercado acionário e a necessidade de proteger os investidores.
Apesar das medidas, há dúvidas sobre sua eficácia a longo prazo. Analistas apontam que, embora a flexibilização monetária seja um passo positivo, é necessário fazer mais para impulsionar a demanda dos consumidores, um elemento chave que ainda não foi abordado de forma suficiente pelo governo chinês.
Reações do mercado e perspectivas futuras
O mercado inicialmente reagiu de forma positiva às medidas, com ações subindo e o yuan mantendo relativa estabilidade em relação ao dólar. No entanto, alguns economistas alertam que, apesar de a meta de crescimento de 5% estar mais próxima com essas medidas, a crise imobiliária enraizada e a pressão deflacionária de longo prazo continuam sendo grandes desafios.
Ken Wong, especialista em portfólio de ações asiáticas da Eastspring Investments, ressaltou que, embora a flexibilização monetária seja um passo importante, ainda é difícil prever uma recuperação sustentada da economia sem medidas adicionais para estimular a confiança dos consumidores e aumentar a demanda interna.
A economia da China tem sofrido com um crescimento mais fraco nos últimos cinco trimestres, o que tem testado a capacidade do governo em evitar que a meta anual seja perdida.
Outro fator que contribuiu para o pacote de medidas foi o recente corte de meio ponto percentual maior do que o esperado pelo Federal Reserve dos Estados Unidos, o que deu aos bancos centrais asiáticos mais espaço para implementar suas próprias políticas de estímulo sem grande pressão inflacionária.
O desafio da demanda interna da Economia da China
Embora as medidas monetárias do Banco Central da China sejam significativas, muitos analistas concordam que a verdadeira chave para uma recuperação econômica sustentável reside no aumento da demanda interna.
O consumo das famílias chinesas tem se mantido fraco, em grande parte devido à queda dos preços dos imóveis e à incerteza no mercado de trabalho, que tem resultado em demissões e pressão sobre os salários.
Os preços das casas novas, por exemplo, registraram seu maior declínio desde 2014 no último mês, o que gera ainda mais desconfiança entre os consumidores. Mesmo com os cortes nas taxas de hipotecas, há dúvidas sobre o quanto isso será suficiente para reverter a tendência de queda no mercado imobiliário.
Christopher Beddor, vice-diretor de pesquisa da China na Gavekal Dragonomics, apontou que o pacote de estímulos é significativo, mas questiona se as autoridades adotarão uma postura de esperar para ver, o que poderia enfraquecer o entusiasmo inicial do mercado.
Ele sugere que as medidas anunciadas podem ser apenas o início de uma série de políticas mais substanciais a serem implementadas nos próximos meses.
As medidas de estímulo monetário anunciadas pelo Banco Central da China são uma resposta clara à crescente preocupação com a desaceleração econômica do país. Embora sejam passos importantes, ainda há desafios significativos a serem enfrentados, particularmente no que diz respeito à crise imobiliária e à baixa demanda dos consumidores.
O sucesso dessas políticas dependerá de sua implementação eficaz e da coordenação com outras áreas, como a política fiscal, para garantir que a China possa atingir sua meta de crescimento e evitar uma pressão deflacionária prolongada. Informações da Bloomberg.