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Extinto há 400 anos, auroque, o maior bovino do mundo, volta como Tauros em projeto internacional

Escrito por Ruth Rodrigues
Publicado em 02/09/2025 às 16:05
Raça extinta em 1627 é recriada como o maior bovino do mundo. Projeto Tauros resgata legado ecológico e genético com impacto na biodiversidade.
Raça extinta em 1627 é recriada como o maior bovino do mundo. Projeto Tauros resgata legado ecológico e genético com impacto na biodiversidade. Imagem: Grazelands Rewilding
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Raça extinta em 1627 é recriada como o maior bovino do mundo. Projeto Tauros resgata legado ecológico e genético com impacto na biodiversidade.

Extinto há quase 400 anos, o maior bovino do mundo voltou a caminhar pelos campos da Europa. O auroque, recriado em forma de Tauros, está sendo usado para restaurar ecossistemas e funções naturais perdidas.

Liderado pela Fundação Taurus, da Holanda, com apoio da Rewilding Europe e da ONG ARK Nature, o programa iniciou em 2008 com cruzamentos seletivos de raças primitivas, oferecendo ao ambiente europeu antigas funções ecológicas perdidas.

A missão é restaurar o equilíbrio natural e revisitar um passado perdido.

Maior bovino do mundo: Contexto histórico e importância ecológica

O auroque (ou Bos primigenius) foi extinto em 1627, quando o último exemplar morreu na Polônia — tornando-se um dos primeiros casos de extinção causada pelo homem.

Ancestral direto de todas as raças bovinas domésticas (zebuínos e taurinos), ele dominou a Europa, o Norte da África e parte da Ásia.

Com mais de 1,80 m de altura e peso superior a uma tonelada, esse maior bovino do mundo desempenhava papéis essenciais na manutenção de clareiras e habitats naturais.

Portanto, regenerar essa raça significa recuperar também sua influência positiva sobre ecossistemas inteiros.

Imagem: Grazelands Rewilding

O projeto Tauros e a recriação da raça

A partir de 2008, o Projeto Tauros apostou no back-breeding — técnica que restaura traços genéticos de espécies extintas por meio do cruzamento de raças vivas que trazem semelhanças — em vez de recorrer à clonagem ou engenharia genética.

Foram selecionadas raças como Sayaguesa e Maronesa (Portugal), Maremmana (Itália), Boskarin (Croácia) e Podolica (Leste Europeu), entre outras, valorizando atributos como porte elevado, pernas longas, chifres robustos e rusticidade.

Desenho: Daniel Foidl

Hoje, existem cerca de 500 Tauros, semelhantes ao auroque em genética e aparência, vivendo livremente em reservas na Holanda, Espanha, Portugal, Croácia, Romênia e Dinamarca.

Benefícios do retorno da raça para a biodiversidade

O retorno dessa raça como um grande herbívoro traz impactos positivos ao ecossistema.

Ao pastar, os Tauros dispersam sementes, reciclam nutrientes, controlam arbustos e ajudam a reduzir o risco de incêndios.

Suas áreas de pastagem rica favorecem flora e fauna — de polinizadores a pequenos mamíferos — ao mesmo tempo em que beneficiam predadores como o lobo ibérico e o lince, ao fortalecer cadeias alimentares completas.

Por exemplo, no Vale do Côa, em Portugal, eles convivem com cavalos Sorraia, recriando a dinâmica que existia há milênios e foi retratada nas gravuras rupestres paleolíticas — patrimônio da UNESCO.

Implicações para a pecuária e sustentabilidade

Embora os Tauros não tenham sido desenvolvidos para produção comercial, eles despertam interesse no setor por sua resistência natural, rusticidade e capacidade de aproveitar forragens de baixa qualidade.

Isso gera insights valiosos para seleção genética na pecuária moderna e fortalece o conceito de pecuária de conservação — uso de animais em áreas marginais para promover biodiversidade, turismo e restaurar corredores ecológicos, sem competir com a produção intensiva.

YouTube Video

Símbolo de esperança e lição para o futuro

O resgate do auroque em forma de Tauros vai além da biologia. Ele levanta uma reflexão profunda sobre perdas humanas e restauração.

Como resumiu o biólogo Thor Hjarsen, líder do projeto na Dinamarca: o objetivo é “restabelecer a função primordial do auroque na natureza”.

Além disso, a imagem desses imponentes bovinos simboliza esperança, mostrando que até espécies extintas podem renascer com ciência, perseverança e cooperação global.

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Ruth Rodrigues

Formada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), atua como redatora e divulgadora científica.

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