Alta do petróleo aumenta inflação e causa, junto ao estacionamento do salário mínimo, o pior poder de compra de combustíveis para os brasileiros em 10 anos
Estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese, subseção da Federação Única dos Petroleiros) indicou que, graças à estagnação do salário mínimo brasileiro e à inflação causada pela elevação do petróleo no comércio internacional, o poder de compra dos cidadãos no Brasil referente ao setor de combustíveis é o mais baixo nos últimos dez anos.
Há dez anos, um salário mínimo possibilitaria a aquisição de 16 botijões de gás de 13 quilos. Já no cenário atual, devido à queda do poder de compra, um salário mínimo é suficiente para adquirir somente 11 botijões. Hoje, um salário mínimo permite a compra de cerca de 167 litros de gasolina, enquanto que, em 2012, era viável a compra de até 227 litros. Com relação ao óleo diesel, o volume obtido atualmente é de 180 litros, muito inferiores aos 300 litros que seriam obtidos há dez anos, conforme avaliação do Dieese/Fup.
Economista do Dieese culpa a alta na inflação e o congelamento do salário mínimo pela conjuntura desfavorável em relação à compra de combustíveis
Nesse viés, o economista do Dieese/Fup, Cloviomar Cararine, destacou que a retração do salário mínimo, que não sofre ampliação significativa já pelo terceiro ano consecutivo, é ainda somada a um cenário de aumento da inflação e alta dos combustíveis, de modo que o orçamento das famílias é consideravelmente abalado.
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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) tornou público, nesta quarta-feira (27), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que indicou a gasolina como principal fator para o aumento da inflação – de 0,95% em março a 1,73% em abril.
O coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros, Deyvid Bacelar, associou o cenário de inflação elevada à política de preço de paridade de importação estabelecida pela Petrobras em outubro de 2016. Conforme Bacelar, essa política foi responsável pelos reajustes dos combustíveis fundamentados nas cotações internacionais do petróleo, nos custos de importação de derivados e na variação cambial, apesar de o Brasil ser autossuficiente no combustível.
Bacelar também salientou que o preço dos combustíveis sofreu aumento desproporcional com relação à variação do salário
Além disso, ele destaca também que, de outubro de 2016 a março de 2022, a gasolina somou reajustes de 157,3%; o diesel de 157,6% e o gás de cozinha de 349,3%, conforme estudo dos dados da Petrobras feito pelo Dieese/Fup. Enquanto isso, o salário mínimo sofreu acréscimo de somente 37,7%.
Bacelar avalia tal situação como resultado de uma política de empobrecimento crescente da população brasileira realizada pelo Governo Federal.
Um estudo comparativo do poder de compra de combustíveis em diversos países no mundo, realizado pelo Dieese/Fup, apontou que o cidadão brasileiro deve abrir mão de 21% do salário mínimo para obter 35 litros de gasolina, o que é um dos percentuais mais altos entre os países analisados.
Tal estudo destaca o Brasil como o quarto pior colocado em um ranking de 40 países avaliados conforme o poder de compra de combustíveis de seus respectivos salários mínimos, apesar de o país ser importante produtor internacional de petróleo e derivados. No ranking, ele está atrás apenas da Venezuela, da Ucrânia e da África do Sul.
Além do mais, a análise feita pelo Dieese/Fup demonstra também que a capacidade instalada de refino no Brasil está estagnada em 2,369 milhões de barris por dia desde o ano de 2016, devido à escassez de investimentos realizados nesse campo. O volume de produção de derivados também foi congelado em cerca de 1,8 milhão de barris diários desde 2017, o que é inferior à média de 2 milhões de barris por dia observada entre os anos de 2010 e 2016.