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Asteroide ‘Titanic’, 20 vezes maior que o destruidor de dinossauros, remodelou drasticamente a maior lua do Sistema Solar em impacto colossal

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 05/09/2024 às 06:58
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Foto: Naoyuki Hirata

Descubra o impacto colossal: Asteroide 20 vezes maior que o que destruiu os dinossauros causou transformações profundas na maior lua do Sistema Solar

Há aproximadamente 4 bilhões de anos, um asteroide de proporções colossais colidiu com Ganimedes, a maior lua de Júpiter, gerando um impacto tão poderoso que alterou significativamente seu eixo de rotação.

Segundo um estudo conduzido por Hirata Naoyuki, da Universidade de Kobe, no Japão, esse evento remodelou drasticamente a superfície da lua, resultando em mudanças visíveis até hoje.

Ganimedes: A gigante do Sistema Solar

Ganimedes, a maior lua de Júpiter e do Sistema Solar, supera até mesmo o planeta Mercúrio em tamanho. Assim como a Lua da Terra, Ganimedes também apresenta sempre a mesma face para Júpiter, enquanto a outra parte de sua superfície permanece “oculta” aos nossos olhos. Sua superfície, marcada por crateras que formam círculos concêntricos, já levantava suspeitas de um impacto catastrófico desde a década de 1980.

Pesquisadores especulavam que esses padrões se deviam à colisão com um asteroide gigantesco, mas a real extensão desse impacto e seus efeitos sobre Ganimedes permaneceram desconhecidos por muito tempo. Agora, graças às observações de Hirata e suas análises detalhadas, finalmente temos uma compreensão mais clara do que aconteceu.

Em vastas áreas da superfície de Ganimedes, uma das luas de Júpiter, há sulcos (à direita) que desenham círculos concêntricos em torno de um ponto específico (à esquerda, marcado com uma cruz vermelha). Nos anos 1980, pesquisadores concluíram que essas formações são consequência de um grande evento de impacto. Crédito: Naoyuki Hirata

A descoberta do impacto

O interesse de Hirata foi despertado ao notar semelhanças entre as crateras de Ganimedes e uma cratera em Plutão, que também foi causada por um impacto que alterou o eixo do planeta anão. Esse achado o levou a considerar que Ganimedes poderia ter passado por um fenômeno semelhante.

O estudo, publicado na revista Scientific Reports, revela que o asteroide que colidiu com Ganimedes possuía cerca de 150 quilômetros de diâmetro, uma massa imponente comparada ao asteroide que causou a extinção dos dinossauros na Terra, estimado em 10 a 15 quilômetros de diâmetro. Ao atingir a lua de Júpiter a uma velocidade de 20 quilômetros por segundo, o impacto causou uma redistribuição massiva de material, mudando o eixo de rotação de Ganimedes e criando as marcas concêntricas que vemos hoje.

Embora Ganimedes seja conhecida desde 1610, quando Galileu Galilei a observou pela primeira vez com seu telescópio, a lua joviana ainda esconde muitos segredos. Foi somente com a chegada das sondas Voyager que os cientistas puderam observar de perto suas crateras, sulcos e outras características geológicas. A superfície de Ganimedes é marcada por longas ranhuras e cristas que intrigam os astrônomos até hoje.

Esses sulcos, que cobrem uma parte significativa da lua, são vestígios de seu passado turbulento e de grandes colisões. Através de simulações computacionais, Hirata e sua equipe foram capazes de determinar que o impacto de 4 bilhões de anos atrás foi tão poderoso que causou uma reorientação do eixo de Ganimedes.

A distribuição dos sulcos e a localização do centro do sistema de sulcos estão ilustrados no hemisfério de Ganimedes que sempre fica voltado para longe de Júpiter (parte superior), juntamente com um mapa de projeção cilíndrica da lua (parte inferior). As áreas em cinza indicam terrenos geologicamente jovens, onde não há sulcos, enquanto os sulcos (linhas verdes) estão presentes apenas em terrenos geologicamente antigos (regiões em preto). Crédito: Naoyuki Hirata

Impacto mudou o Sistema Solar

O Sistema Solar, especialmente durante sua formação, foi palco de inúmeros impactos catastróficos que moldaram seus planetas e satélites. Urano, por exemplo, pode ter sido atingido por uma grande lua fugitiva, alterando sua inclinação. A própria Lua da Terra é resultado de um grande impacto que redefiniu o planeta. Plutão, por sua vez, teve sua forma influenciada pelas forças de maré de seu satélite, Caronte.

No caso de Ganimedes, a gravidade de Júpiter desempenha um papel crucial, forçando a lua a manter sempre a mesma face voltada para o planeta. As ranhuras concêntricas de Ganimedes se alinham com uma área diretamente oposta a Júpiter, como se a lua estivesse “olhando” fixamente para o espaço, longe de seu gigante hospedeiro.

A pesquisa de Hirata lança luz sobre o impacto colossal que remodelou Ganimedes e abre novas perspectivas para o estudo das luas jovianas. Modelos planetários indicam que, após o impacto, as rochas e o gelo ejetados pela colisão caíram novamente sobre a superfície, alterando sua distribuição de massa e forçando uma reorientação do eixo da lua.

No entanto, ainda existem muitas questões em aberto. Por exemplo, como o impacto afetou a estrutura interna de Ganimedes? Como os oceanos líquidos, que se acredita existirem sob sua crosta, influenciam a distribuição de massa e a atividade geológica da lua?

Pesquisas futuras

Futuras pesquisas prometem aprofundar esses mistérios, utilizando dados mais detalhados das luas geladas de Júpiter para entender melhor a complexa evolução de Ganimedes e de outros satélites do Sistema Solar.

O impacto colossal que atingiu Ganimedes há bilhões de anos não só deixou marcas permanentes em sua superfície, como também alterou seu eixo de rotação. Estudos como o de Hirata continuam a desvendar os mistérios do Sistema Solar, nos proporcionando uma visão mais clara de como esses eventos catastróficos moldaram os corpos celestes que conhecemos hoje.

Ganimedes, apesar de ser uma das luas mais conhecidas de Júpiter, ainda guarda segredos profundos que podem mudar a maneira como entendemos a formação e evolução das luas e planetas ao nosso redor.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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