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O asteroide de 53 metros que pode atingir a lua: Telescópio James Webb aumenta para 4,3% probabilidade de asteroide “destruidor de cidades” acertar a lua em 2032

Escrito por Jefferson Augusto
Publicado em 17/06/2025 às 09:37
Atualizado em 19/06/2025 às 09:52
Gráfico mostrando a órbita da Lua ao redor da Terra e a faixa de incerteza da trajetória do asteroide 2024 YR4 em 22 de dezembro de 2032, destacando a probabilidade de impacto lunar de 4,3% com base em dados da NASA de 03 de junho de 2025.
Faixa de possíveis localizações (representadas por pontos amarelos) do 2024 YR4 em 22 de dezembro de 2032. A faixa foi reduzida de abril a junho à medida que obtivemos mais dados e melhoramos nossa certeza sobre a posição do asteroide. A Terra está próxima do centro do círculo branco, que representa a trajetória orbital da Lua – Fonte: NASA
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Últimas observações com o telescópio espacial mais avançado do mundo aumentam a precisão da trajetória do asteroide 2024 YR4 e elevam risco de impacto lunar, enquanto Terra permanece fora de perigo

Um asteroide do tamanho de um prédio, conhecido como 2024 YR4, acaba de ter suas chances de colisão com a Lua atualizadas para 4,3%, segundo a NASA. A revisão foi feita após uma última observação capturada pelo telescópio espacial James Webb, em maio de 2025, antes que o objeto se tornasse impossível de ser detectado por instrumentos ópticos terrestres ou espaciais.

A análise dos novos dados foi conduzida por especialistas do Centro de Estudos de Objetos Próximos da Terra no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL), na Califórnia. A previsão atualizada aumentou a precisão da localização do asteroide em quase 20% e elevou discretamente o risco de impacto lunar, mantendo, porém, zero risco de colisão com a Terra.

Um novo alerta do espaço profundo

O asteroide 2024 YR4 foi descoberto em dezembro de 2024, despertando preocupação inicial devido à sua órbita que cruza a trajetória da Terra. Com entre 53 e 67 metros de diâmetro, ele é grande o suficiente para devastar uma cidade inteira em caso de impacto, ganhando o apelido de “city-killer” ou destruidor de cidades.

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As primeiras análises sugeriam um risco de colisão com a Terra, que chegou a ser estimado em 3,1% em fevereiro. Contudo, observações subsequentes, incluindo as do James Webb, descartaram completamente essa possibilidade para o futuro previsível.

Apesar disso, o risco de impacto na Lua vem crescendo. As observações feitas com a câmera infravermelha do Webb em maio de 2025 permitiram aos cientistas refinar a órbita do asteroide com um nível de precisão sem precedentes.

Com base nesse novo cálculo, o risco de colisão lunar em 22 de dezembro de 2032 subiu de 3,8% para 4,3%. Embora ainda seja uma probabilidade pequena, ela é considerada significativa no contexto astronômico.

A agência espacial reforça que, mesmo em caso de impacto, o evento não alteraria a órbita da Lua, mas causaria a formação de uma nova cratera visível.

Representação hiper-realista de um asteroide colidindo com a superfície da Lua, gerando uma grande explosão de detritos, com a Terra visível ao fundo no espaço
Impacto do asteroide 2024 YR4 na Lua: simulação visual do possível choque em 2032 com base em dados da NASA

A trajetória do 2024 YR4 e o papel do James Webb

O telescópio espacial James Webb, considerado o mais poderoso já lançado pela humanidade, desempenhou um papel essencial nessa atualização de risco. Operando fora da atmosfera terrestre, ele capturou dados com resolução inédita da posição e velocidade do asteroide.

Essas informações foram analisadas por uma equipe internacional liderada pelo Dr. Andy Rivkin, do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins. Os cientistas usaram os dados de maio de 2025 para projetar a posição do asteroide em 22 de dezembro de 2032 com muito mais segurança.

A partir das observações, a faixa de incerteza sobre a posição do 2024 YR4 diminuiu drasticamente, o que levou à pequena elevação da probabilidade de colisão com a Lua. O estudo também revelou que o asteroide está atualmente fora do alcance de telescópios e só poderá ser observado novamente em 2028, quando seu trajeto o trará de volta ao entorno da Terra.

Uma das imagens mais simbólicas divulgadas mostra pontos amarelos representando as possíveis localizações do asteroide em 2032, com o raio orbital da Lua demarcado. Entre abril e junho de 2025, o “caminho” de pontos se estreita, evidenciando o ganho de precisão.

A NASA ressaltou que esse tipo de refinamento é comum e esperado à medida que mais dados são coletados. O processo ajuda a melhorar os protocolos de defesa planetária e a testar as capacidades dos sistemas de monitoramento global.

O risco para a Terra está descartado

No início das análises, existia uma preocupação real sobre um possível impacto do asteroide 2024 YR4 com a Terra. Os primeiros modelos sugeriam que o objeto cruzaria perigosamente a órbita do nosso planeta.

Essa possibilidade foi completamente descartada após múltiplas observações com telescópios terrestres e com o James Webb. A precisão dos novos cálculos reduziu a chance de colisão com a Terra a 0% em 2032 e nos anos seguintes.

Segundo especialistas do JPL, a principal ameaça atual é apenas estatística e está direcionada à Lua. Mesmo assim, os riscos são tidos como pequenos, e a NASA classificou a situação como sem impacto significativo esperado para qualquer estrutura terrestre ou espacial.

Caso o impacto lunar ocorra, seria uma oportunidade científica única para estudar os efeitos em tempo real, testar alertas de monitoramento e obter dados valiosos sobre dinâmica de colisões celestes.

Não há expectativa de alterações na rotação ou translação lunar, tampouco risco de ejeção de destroços em direção à Terra.

O que aconteceria se o impacto ocorresse

Se a colisão com a Lua realmente acontecer em 22 de dezembro de 2032, os astrônomos afirmam que o evento seria visível por sondas espaciais e poderia deixar uma cratera de proporções notáveis.

O impacto de um corpo com mais de 60 metros de diâmetro, viajando a dezenas de milhares de km/h, liberaria energia equivalente a 500 bombas de Hiroshima. Ainda assim, devido à ausência de atmosfera na Lua, não haveria onda de choque como na Terra.

Para os cientistas, esse tipo de evento é valioso por permitir calibração de instrumentos, testes de simulação de impacto e avaliação de estratégias futuras de defesa planetária.

A NASA e outras agências, como a ESA (Agência Espacial Europeia), acompanham o caso com atenção. O impacto na Lua não colocaria em risco missões lunares, mas poderia alterar pontos de pouso em projetos futuros, como o Artemis.

Além disso, o episódio seria amplamente monitorado por rádios, satélites e estações de solo, servindo como exercício de alerta global.

A última colisão significativa de um asteroide com a Lua registrada por humanos foi em março de 2013, e resultou em uma cratera com cerca de 20 metros de diâmetro.

Quando voltaremos a ver o 2024 YR4

O asteroide 2024 YR4 está agora em um ponto do seu trajeto que o torna invisível para os sistemas de observação convencionais. A próxima janela de visibilidade ocorrerá somente em 2028, quando ele retornará ao sistema interno solar.

Na ocasião, os cientistas esperam realizar novas observações com Webb e outros telescópios de alta resolução, além de possivelmente incluir o objeto em programas de rastreamento como o DART e o NEO Surveyor.

Essa nova oportunidade permitirá confirmar ou ajustar novamente sua trajetória e revisar a probabilidade de impacto com a Lua.

A expectativa é que a tecnologia até lá evolua a ponto de permitir medições ainda mais precisas, podendo inclusive prever a zona exata de impacto, caso o risco se mantenha.

Por fim, a NASA reforça que o caso do 2024 YR4 serve como alerta para a importância da vigilância contínua de objetos próximos da Terra, e como exercício fundamental de proteção da humanidade contra riscos cósmicos futuros.

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Jefferson Augusto

Profissional com experiência militar no Exército, Inteligência Setorial e Gestão do Conhecimento no Sebrae-RJ e no Mercado Financeiro por meio de um escritório da XP Investimentos. Trago um olhar único sobre a indústria energética, conectando inovação, defesa e geopolítica. Transformo cenários complexos em conteúdo relevante sobre o futuro do setor de petróleo, gás e energia. Envie uma sugestão de pauta para: jasgolfxp@gmail.com

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