Sustentabilidade nas rodovias. Conheça a tecnologia e os trechos pioneiros no interior de São Paulo, o plástico reciclado reduz custos.
Em um momento em que a preocupação com o meio ambiente e a busca por soluções inovadoras se tornam urgentes, uma nova proposta surge para conciliar economia e sustentabilidade na infraestrutura rodoviária do país.
O uso de material reaproveitado visa reduzir custos das rodovias e incentivar a infraestrutura sustentável no Brasil.
A iniciativa pioneira, que transforma resíduos plásticos em asfalto, promete revolucionar a construção de estradas e dar uma nova finalidade a um dos maiores problemas ambientais da atualidade.
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O desafio dos resíduos plásticos no país
Para entender a importância dessa inovação, é preciso olhar para os números alarmantes do descarte de plástico no Brasil.
Dados da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) mostram que a geração de resíduos plásticos nos centros urbanos chegou a 13,7 milhões de toneladas em 2022.
Esses números se traduzem em um descarte individual significativo, pois, em média, cada pessoa do país foi responsável pelo descarte de 64 quilos do material por ano.
O cenário se torna ainda mais preocupante quando se revela que mais de 3 milhões de toneladas de resíduos sólidos tiveram como destino final o descarte em rios e mares, impactando ecossistemas e a saúde pública.
É nesse contexto que o asfalto feito de plástico reciclado se apresenta como uma solução concreta.
O pioneirismo da rodovia Washington Luiz
A inovação que pode mudar esse cenário já é uma realidade nas estradas paulistas.
Pela primeira vez no país, o uso de plástico reciclado em uma rodovia foi testado em julho de 2022.
O trecho escolhido foi o km 171 da Rodovia Washington Luiz, ou SP-310, localizado no município de Rio Claro, a 173 km da capital paulista.
Neste projeto-piloto, foi utilizado 1,5% de plástico reciclado na mistura asfáltica, o que representou 450 kg de material, ou o equivalente a 200 mil embalagens pós-consumo, que antes teriam o lixo como destino.
O sucesso inicial do projeto incentivou a sua expansão.
Em julho de 2024, as empresas envolvidas inauguraram um segundo trecho experimental, nas mesmas proporções, no km 563 da Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros (SP-294), em Parapuã, no oeste paulista.
A tecnologia por trás da solução sustentável
A transformação do plástico em asfalto é um processo tecnológico detalhado.
O engenheiro Robinson Ávila, um dos autores do projeto, explica que o material usado nesse tipo de aplicação é o polipropileno, que está presente em itens comuns como sacolas de supermercado e embalagens de margarina, sorvete e sacos de arroz e feijão.
Após ser triturado e queimado, o plástico reciclado passa por um processo de mistura com o asfalto puro e é submetido a temperaturas extremas para formar a junção dos dois materiais.
De acordo com o engenheiro químico Emerson Maciel, essa técnica de unir o plástico pós-consumo com o asfalto recebido das refinarias é chamada de “via-úmida”.
Em seguida, o asfalto misturado com plástico é levado para uma usina, onde é misturado com pedra, antes de ser transportado por caminhões para a aplicação final na estrada.
A iniciativa mostra que a inovação pode resolver problemas ambientais enquanto constrói um futuro mais resiliente para a infraestrutura nacional.