Estudo da Universidade de Illinois Chicago aponta que o maior deserto do mundo pode se tornar mais úmido e verde por causa do aquecimento global.
Uma previsão surpreendente está desafiando a lógica climática global e chamando a atenção da comunidade científica. Enquanto especialistas alertam que a Floresta Amazônica pode se transformar em um deserto nas próximas décadas, o Saara pode seguir o caminho inverso e começar a florescer até o final deste século.
De acordo com uma pesquisa publicada em outubro de 2025 pela Universidade de Illinois Chicago (UIC), o maior deserto do mundo poderá registrar até 75% mais chuva até 2100, tornando-se mais verde e úmido. Essa mudança, segundo os cientistas, reflete como o aquecimento global está invertendo os papéis climáticos entre regiões áridas e florestais.
Análise científica revela cenário climático inédito
O estudo, divulgado na revista npj Climate and Atmospheric Science, utilizou 40 modelos climáticos globais. Eles compararam a precipitação projetada entre 2050 e 2099 com registros históricos de 1965 a 2014. Os resultados surpreenderam até os próprios pesquisadores.
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Atualmente, o Saara recebe em média apenas 7,6 centímetros de chuva por ano. No entanto, os modelos indicam que essa taxa poderá aumentar de forma significativa até o final do século. Segundo o pesquisador Thierry Ndetatsin Taguela, pós-doutor em clima pela UIC e autor principal do estudo, “as mudanças nos padrões de chuva afetarão bilhões de pessoas, tanto dentro quanto fora da África”.
Para Taguela, entender o comportamento dessas precipitações é essencial. Ele explica que será necessário preparar políticas públicas voltadas ao controle de enchentes, ao manejo de solos e ao cultivo de espécies adaptadas ao novo regime climático.
Mudanças regionais e impactos desiguais na África
Embora o aumento das chuvas no Saara seja o destaque, o estudo também identificou mudanças distintas em outras regiões da África. O sudeste do continente poderá registrar um aumento médio de 25% na precipitação, enquanto o centro-sul africano deve ver um crescimento de cerca de 17%.
Em contrapartida, o sudoeste da África poderá enfrentar uma redução próxima de 5% nas chuvas, tornando-se mais árido e suscetível a secas prolongadas. Essa variação regional evidencia a complexidade das mudanças climáticas e o desafio de adaptação que as nações africanas precisarão enfrentar.
Efeitos práticos e riscos para a população
Segundo os cientistas, os novos padrões de chuva poderão alterar completamente os ecossistemas locais. Áreas hoje desérticas poderão ganhar vegetação, enquanto regiões férteis poderão sofrer ressecamento. Além disso, as enchentes tendem a se tornar mais frequentes em solos compactados, onde a infiltração da água é baixa.
Os especialistas afirmam que será essencial investir em infraestrutura hídrica e sistemas de drenagem eficientes. Também será necessário incentivar o uso de culturas resistentes à seca, garantindo equilíbrio entre o aproveitamento agrícola e a preservação ambiental.
Taguela alerta, porém, que ainda não é possível determinar o volume exato de chuva que cairá sobre o deserto. Ele explica que as diferenças entre os modelos climáticos representam mais de 85% das incertezas nas projeções de verão. Mesmo assim, as análises já apontam para uma transformação climática sem precedentes.
Perspectivas e importância global da descoberta
A possibilidade de um Saara mais verde e úmido até o fim do século desperta entusiasmo e preocupação. O fenômeno pode representar uma reconfiguração profunda do clima global, com consequências que ultrapassam fronteiras continentais.
Segundo a Earth.com, o ar mais quente é capaz de reter maiores quantidades de umidade, o que favorece chuvas mais intensas. No entanto, cientistas destacam que o equilíbrio entre umidade e temperatura será extremamente delicado, podendo gerar eventos climáticos extremos.
O Saara em um novo mapa climático mundial
Se as projeções da UIC se confirmarem, o Saara poderá deixar de ser o símbolo da aridez e se transformar em um dos maiores exemplos de transformação climática da história moderna.
Pesquisadores reforçam que essa mudança exigirá governança climática sólida e cooperação internacional. Políticas coordenadas de adaptação serão essenciais para que o continente consiga enfrentar os novos desafios impostos pelo clima.
Em um mundo onde a Amazônia seca e o Saara floresce, será necessário repensar o equilíbrio ambiental global e o futuro dos ecossistemas terrestres.
Se o deserto mais quente do planeta começar a florescer, o que mais a mudança climática ainda pode transformar no mundo que conhecemos?

                        
                                                    
                        
                        
                        
                        
            
        
        
        
        
        
        
        
        
        
        
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