1. Início
  2. / Economia
  3. / Apenas cinco bancos concentram mais de 80% de todos os empréstimos e financiamentos no Brasil, um domínio de mercado que resulta em algumas das taxas de juros mais caras do planeta para pessoas e pequenas empresas
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 0 comentários

Apenas cinco bancos concentram mais de 80% de todos os empréstimos e financiamentos no Brasil, um domínio de mercado que resulta em algumas das taxas de juros mais caras do planeta para pessoas e pequenas empresas

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 10/10/2025 às 15:49
No Brasil, cinco bancos dominam o crédito e mantêm as taxas de juros mais caras do planeta, em um cenário de concentração bancária que penaliza pequenas empresas.
No Brasil, cinco bancos dominam o crédito e mantêm as taxas de juros mais caras do planeta, em um cenário de concentração bancária que penaliza pequenas empresas.
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Em um mercado dominado por cinco instituições, o país sustenta algumas das taxas de juros mais caras do planeta, cenário que pressiona famílias e pequenas empresas e reduz a competição no crédito mesmo após a chegada de fintechs e bancos digitais

Uma das taxas de juros mais caras do planeta são, no Brasil, o retrato de um mercado de crédito altamente concentrado. Cinco grandes bancos reúnem mais de 80% dos empréstimos e financiamentos, o que reduz a competição e favorece spreads elevados e tarifas persistentes.

Embora a tecnologia tenha ampliado o acesso e criado novos produtos, a estrutura oligopolista segue determinando o preço final do dinheiro, com impactos diretos sobre consumo, investimento e geração de empregos, sobretudo entre micro e pequenas empresas.

Quem domina e como essa concentração se formou

O sistema é puxado por Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Santander, que historicamente concentram a maior parte do crédito e dos depósitos.

Essa posição deriva de décadas de fusões, aquisições e consolidação regulatória, aceleradas a partir dos anos 1990.

Mesmo com a entrada de bancos digitais e fintechs, os cinco maiores preservam escala, funding barato e capilaridade, o que lhes garante poder de precificação e resiliência a ciclos econômicos adversos.

Por que a concentração eleva o custo do crédito

Em mercados com poucos ofertantes relevantes, a competição por preço tende a ser limitada.

No crédito, isso significa spreads amplos entre o custo de captação e a taxa cobrada do cliente, além de tarifas rígidas.

A consequência é um padrão de juros finais muito acima da taxa básica, especialmente em linhas de rotativo, cheque especial e capital de giro.

Quando o preço do dinheiro permanece alto, o risco vira argumento para manter os spreads, criando um círculo difícil de romper: juros altos elevam a inadimplência, que por sua vez sustenta juros ainda mais altos, sobretudo para clientes de menor porte e com menos garantias.

Outros vetores que agravam o quadro

A concentração não explica tudo. Inflação, Selic e percepção de risco macroeconômico influenciam a curva de juros e o apetite por crédito.

Insegurança jurídica, custo tributário e assimetria de informação também pesam na formação das taxas.

Ainda assim, em um ambiente de alta concentração, mesmo períodos de melhora macro tendem a repassar lentamente os ganhos ao tomador final, mantendo o Brasil entre os países com custo real do crédito mais elevado.

Efeitos práticos para pessoas e pequenas empresas

Para famílias, o crédito caro corrói renda e posterga consumo durável, enquanto endividamento com juros altos aumenta a vulnerabilidade a choques de renda.

Para micro e pequenas empresas, capital de giro mais caro reduz escala, trava investimento e limita contratação, enfraquecendo a competitividade.

A dificuldade de acessar linhas com garantias e prazos adequados empurra muitos empreendedores para produtos mais caros e de curto prazo, elevando a mortalidade de negócios e reduzindo a produtividade.

O que a entrada de fintechs mudou de verdade

As fintechs ampliaram a bancarização, digitalizaram serviços e reduziram fricções, sobretudo em contas, pagamentos e adquirência.

Em crédito, houve avanço em nichos como consignado, BNPL e antecipação, com algoritmos que melhoram análise de risco.

Mesmo assim, o custo médio do dinheiro segue ancorado nos grandes bancos, que concentram funding, canais e relacionamento.

Sem competição efetiva nas principais carteiras, a difusão de taxas mais baixas fica limitada.

Caminhos para reduzir as taxas de juros mais caras do planeta

A solução precisa atacar estrutura e incentivos.

Mais competição na originação e distribuição de crédito, acesso a garantias por meio de fundos públicos e privados, open finance com dados de qualidade e interoperabilidade de garantias podem reduzir spreads com segurança.

Transparência de custos, padronização de contratos e mecanismos de portabilidade ágeis estimulam a comparação de preços e a migração para linhas mais baratas.

Políticas de fomento direcionadas e avaliação rigorosa de risco evitam subsídios ineficientes e preservam a sustentabilidade do sistema.

O que observar para saber se o cenário está mudando

Sinais de melhora incluem queda consistente dos spreads, aumento da participação de novos entrantes nas carteiras principais, mais crédito de longo prazo com garantias eficazes e redução de inadimplência sem retração do volume total concedido.

Também vale acompanhar indicadores de portabilidade, migração para linhas com custo menor e crescimento de instrumentos de mercado de capitais para pequenas e médias empresas, que diversificam o funding e pressionam o preço bancário.

Banner quadrado em fundo preto com gradiente, destacando a frase “Acesse o CPG Click Petróleo e Gás com menos anúncios” em letras brancas e vermelhas. Abaixo, texto informativo: “App leve, notícias personalizadas, comentários, currículos e muito mais”. No rodapé, ícones da Google Play e App Store indicam a disponibilidade do aplicativo.
Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x