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Adoção acelerada de IA por big techs derruba contratações e força engenheiros recém-formados a buscar empregos em redes de fast-food nos EUA

Escrito por Felipe Alves da Silva
Publicado em 12/08/2025 às 16:48
Engenheiro recém-formado com diploma e avental de fast-food, representando o impacto da IA nas contratações.
Engenheiros recém-formados migram para empregos em fast-food diante da escassez de vagas de tecnologia causada pela IA. Imagem: IA
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adoção de inteligência artificial por grandes empresas de tecnologia e cortes no setor têm levado engenheiros de software recém-formados a buscar empregos em áreas como redes de fast-food nos Estados Unidos. O fenômeno, observado em 2024 e 2025, é resultado da automação de tarefas de programação e da redução de vagas de nível inicial, segundo dados e relatos de profissionais.

Nos últimos anos, líderes de empresas e figuras públicas incentivaram jovens a aprender programação, prometendo altos salários e benefícios generosos. Essa narrativa impulsionou a matrícula de milhares de estudantes em cursos de ciência da computação, que mais que dobraram desde 2014.

Contudo, a rápida implementação de ferramentas de programação por IA, capazes de gerar milhares de linhas de código em segundos, mudou o cenário. Empresas como Amazon, Intel, Meta e Microsoft reduziram contratações e cortaram vagas júnior, afetando diretamente os recém-formados.

Entre 22 e 27 anos, profissionais com diploma em ciência ou engenharia da computação enfrentam taxas de desemprego de até 7,5%, mais que o dobro de áreas como biologia ou história da arte.

Histórias de frustração e adaptação

Casos como o de Manasi Mishra, formada em 2024 na Purdue University, ilustram a mudança. Após um ano enviando currículos para empresas de tecnologia, a única entrevista que recebeu foi para uma vaga no Chipotle, rede de fast-food.

Outro exemplo é o de Zach Taylor, formado em 2023, que enviou 5.762 candidaturas e recebeu apenas 13 convites para entrevista — nenhuma resultou em contratação. Ele chegou a tentar emprego no McDonald’s, mas foi rejeitado por “falta de experiência”.

Segundo especialistas, as vagas de entrada, foco dos recém-formados, são justamente as mais suscetíveis à automação. Isso amplia o desafio para quem ainda não possui histórico profissional sólido.

O filtro automatizado e o “círculo vicioso da IA”

Além da concorrência, candidatos enfrentam filtros automatizados de seleção. Muitos utilizam IA para personalizar currículos e agilizar inscrições, enquanto empresas usam algoritmos para triagem inicial, eliminando perfis sem interação humana.

Audrey Roller, graduada em ciência de dados, afirmou ter recebido rejeição automática apenas três minutos após enviar uma candidatura, evidenciando a velocidade e impessoalidade do processo.

Essa combinação cria um “círculo vicioso” no qual a própria IA que ajuda candidatos também atua como barreira para a contratação.

Setor público e impacto generalizado

A busca por empregos no setor governamental, antes considerada alternativa segura, também enfrenta entraves. Cortes orçamentários e congelamentos de contratação reduziram vagas em tecnologia na esfera pública.

Graduados como Jamie Spoeri, com formação voltada para política tecnológica e segurança nacional, relatam centenas de candidaturas sem retorno. Segundo ela, a IA também diminui oportunidades em empresas que antes contratavam engenheiros para tarefas básicas.

Mesmo com o cenário adverso, especialistas acreditam que a adaptação às novas demandas de IA pode abrir novos nichos e funções no médio prazo.

Investimentos e reorientação

Promotores da educação tecnológica agora direcionam esforços para capacitação em inteligência artificial. O governo norte-americano e empresas como a Microsoft anunciaram programas bilionários para treinar estudantes e profissionais nessa área emergente.

Brad Smith, presidente da Microsoft, declarou recentemente que a empresa investirá US$ 4 bilhões em tecnologia e treinamento focados em IA, avaliando como a nova realidade afeta currículos universitários.

Enquanto isso, graduados buscam alternativas. Mishra, por exemplo, migrou para uma vaga de vendas em tecnologia, descobrindo interesse maior em marketing e relacionamento comercial do que em desenvolvimento de software.

A informação foi divulgada pelo The New York Times e pelo Estadão, em reportagem que reuniu relatos de mais de 150 graduados de universidades como Cornell, Stanford e Oregon State, além de dados do Federal Reserve Bank de Nova York e da Associação de Pesquisa em Computação.

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Felipe Alves da Silva

Profissional com formação militar pelo Exército Brasileiro e experiência em gestão administrativa e logística no setor industrial. Escreve sobre defesa, segurança, geopolítica, indústria automotiva, ciência e tecnologia. Sugestões de pauta: fa06279@gmail.com

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