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Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 21 comentários

A primeira capital brasileira construída sobre uma gigantesca falha geológica que muitos ignoram

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 13/05/2025 às 21:58
Atualizado em 21/05/2025 às 09:02
A primeira capital brasileira, Salvador, nasceu sobre uma falha geológica! 🇧🇷 Descubra como essa estrutura moldou a Cidade Alta/Baixa e sua história
A primeira capital brasileira, Salvador, nasceu sobre uma falha geológica! 🇧🇷 Descubra como essa estrutura moldou a Cidade Alta/Baixa e sua história
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Fundada em 1549, a primeira capital brasileira, Salvador (BA), tem sua história, paisagem e desenvolvimento urbano intrinsecamente moldados por uma imponente e única falha geológica. Descubra os segredos e o impacto desta estrutura sob a cidade.

Salvador, a primeira capital brasileira, é uma cidade de beleza estonteante e história singular. No entanto, um fato geológico fundamental, e surpreendentemente pouco conhecido por muitos, definiu sua existência desde o início: a cidade foi erguida sobre a Falha de Salvador, uma gigantesca estrutura tectônica. Esta falha não apenas criou a dramática divisão entre Cidade Alta e Cidade Baixa, mas também influenciou profundamente sua trajetória por mais de quatro séculos.

Veja como a primeira capital brasileira nasceu e se desenvolveu sobre esta “única e gigantesca falha”, explorando sua origem geológica, o impacto na urbanização inicial, as soluções de engenharia para superar o desnível e o legado que esta formação geológica perene continua a exercer sobre a vibrante Salvador de hoje.

Falha de Salvador: um evento geológico de milhões de anos que moldou uma futura capital brasileira

A Falha de Salvador é um expressivo sistema de falha de borda, com orientação predominante Nordeste-Sudoeste e um deslocamento vertical que ultrapassa os 6.000 metros. Sua origem remonta ao Cretáceo Inferior, há cerca de 145 milhões de anos, ligada à fragmentação do supercontinente Gondwana e à abertura do Oceano Atlântico Sul, conforme estudo publicado pela UFB.

Esta falha foi crucial na formação da Bacia do Recôncavo e da Baía de Todos os Santos, controlando o afundamento da crosta e a acumulação de sedimentos. Sua manifestação mais visível na paisagem da primeira capital brasileira é a imponente escarpa com desnível entre 60 e 85 metros.

Como a imponente falha geológica definiu a fundação de Salvador em 1549

A primeira capital brasileira construída sobre uma gigantesca falha geológica que muitos ignoram

A topografia imposta pela Falha de Salvador foi decisiva para Tomé de Souza escolher o local para fundar a primeira capital brasileira. A elevação oferecia vantagens defensivas excepcionais, permitindo uma clara separação funcional: na Cidade Alta, o poder administrativo, religioso e as residências da elite; na Cidade Baixa, as atividades portuárias e comerciais.

Essa divisão física, ditada pela geologia, não apenas organizou o espaço urbano, mas também refletiu e reforçou a estratificação social e a distribuição de poder na Salvador colonial. A Cidade Alta era o espaço do prestígio, enquanto a Cidade Baixa se dedicava ao comércio.

A engenhosidade soteropolitana para conectar os dois níveis da capital brasileira

Desde o início, conectar a Cidade Alta e a Cidade Baixa foi um desafio. Inicialmente, usavam-se ladeiras íngremes. No século XVII, surgiram guindastes, como o Guindaste dos Padres, para transportar mercadorias. A grande revolução veio na segunda metade do século XIX com os ascensores urbanos mecanizados.

O Elevador Lacerda, inaugurado em 1873 (originalmente Elevador Hidráulico da Conceição da Praia), tornou-se o ícone dessa engenhosidade, ligando os dois níveis da cidade. Outros sistemas como o Elevador do Taboão e os Planos Inclinados Gonçalves e do Pilar também foram cruciais para a mobilidade nesta capital brasileira.

Influências contemporâneas e desafios urbanos para a primeira capital brasileira

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A Falha de Salvador continua a moldar a cidade. Sua topografia influenciou a rede de drenagem urbana, com muitas avenidas construídas no fundo de vales, gerando problemas como inundações, exacerbados pela impermeabilização do solo e canalização de rios.

Os riscos geológicos, como deslizamentos de terra, são uma preocupação constante, especialmente nas encostas íngremes durante períodos chuvosos. A Defesa Civil de Salvador (Codesal) monitora essas áreas. O planejamento urbano e a mobilidade ainda são condicionados pela divisão Alta/Baixa imposta pela falha.

A marcante divisão Alta/Baixa na identidade e nas artes de Salvador

A Falha de Salvador e a divisão da cidade transcenderam o físico, inscrevendo-se na identidade cultural soteropolitana. Na literatura, Jorge Amado, em “Capitães da Areia”, utilizou a topografia para refletir clivagens sociais e econômicas. A Cidade Alta representa a elite, e a Baixa, a pobreza e a resistência.

O Elevador Lacerda é mais que um transporte; é o principal cartão-postal de Salvador e um símbolo cultural. A paisagem da falha, com o Centro Histórico (Patrimônio da Humanidade pela UNESCO) aninhado em sua topografia, é um patrimônio visual inestimável desta que foi a primeira capital brasileira.

Se algum leitor tiver imagens da Falha de Salvador, fotos históricas da primeira capital do Brasil e/ou comentários construtivos, é bem-vindo nos comentários para colaborar.

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Kalmax Nunes
Kalmax Nunes
18/05/2025 07:24

Acho que no Google deve haver imagens a respeito. Boa matéria.

Joseh Brito
Joseh Brito
16/05/2025 22:28

O nome dessa falha é Falha de Maragojipe .

CRISTIANE VIANNA
CRISTIANE VIANNA
16/05/2025 08:28

Sou professora de Geografia e nunca tinha lido algo a respeito…
Gostei muito de saber sobre a geologia tão interessante da cidade que tanto amo…

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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