Balneário Camboriú é a “Miami brasileira” por unir PIB em ascensão, turismo de luxo, marinas, startups e arranha-céus à beira-mar. Entenda por que a cidade cresce mais que a capital e atrai milionários e empresas.
Em nenhum outro lugar do Brasil, a fusão entre urbanismo vertical, crescimento do PIB, inovação e investimentos privados se tornou tão evidente quanto em Balneário Camboriú, no litoral norte de Santa Catarina. Conhecida por muitos como a “Miami brasileira”, a cidade deixou de ser apenas um balneário badalado para se consolidar como um dos motores econômicos do Sul do país, com PIB per capita superior a muitas capitais, inclusive Florianópolis.
Esse salto econômico não nasceu do acaso. Ao longo das últimas duas décadas, Balneário atraiu uma combinação estratégica de capital imobiliário, empresas de tecnologia, investidores estrangeiros e profissionais qualificados. O resultado? Um ecossistema urbano de alto valor agregado, que une eficiência na gestão pública, ambiente de negócios aquecido e um dos mais baixos índices de desemprego da região Sul.
Uma verticalização que virou símbolo — e alavanca econômica
Com mais de 1.600 edifícios, muitos deles com mais de 50 andares, Balneário Camboriú é o caso mais expressivo de verticalização imobiliária de luxo no Brasil. Mas mais do que estética, essa verticalização se traduz em empregos qualificados, arrecadação robusta e um ciclo virtuoso de crescimento.
-
Gasolina a R$ 1,29 e venda em garrafas PET: como brasileiros burlam o sistema para abastecer na Bolívia em meio à crise
-
Gerdau, maior produtora de aço do país, encolhe operações no Brasil: 1.500 demissões, cortes de investimento e foco em expansão nos Estados Unidos
-
Leilão online reúne 39 imóveis em 16 cidades com lances que começam em apenas R$ 70 mil
-
Tarifaço de Trump gera risco para 140 mil empregos no sul do Brasil
Empreendimentos como o Yachthouse by Pininfarina (81 andares) movimentam bilhões em investimentos diretos e indiretos. De acordo com o Secovi-SC e a Fipe, o metro quadrado nas áreas mais valorizadas da cidade ultrapassa R$ 20 mil — superando capitais como São Paulo e Rio de Janeiro em segmentos específicos.
Essa valorização impulsiona toda a cadeia da construção civil, de fornecedores a incorporadoras, passando por profissionais de arquitetura, engenharia e tecnologia construtiva.
PIB em expansão e desemprego em queda: o novo retrato econômico de Balneário
Dados do IBGE mostram que Balneário Camboriú tem um dos maiores PIBs per capita do país, superando R$ 80 mil — acima da média nacional e de capitais como Porto Alegre e Recife. Nos últimos anos, a cidade registrou crescimento econômico contínuo, mesmo em períodos de retração nacional. Setores como:
- Construção civil de alto padrão
- Tecnologia e startups
- Serviços financeiros e jurídicos
- Educação privada
- Comércio de alto valor
…têm puxado a economia local e garantido um dos menores índices de desemprego da Região Sul.
Esse dinamismo econômico fez de Balneário um imã de investimentos, com migração de empresas e profissionais de São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte e mesmo do exterior. O município deixou de ser sazonal. Hoje, movimenta sua economia durante o ano todo — com serviços qualificados, escolas internacionais, coworkings, clínicas médicas de ponta e um setor de alimentação sofisticado, tudo isso mantido por uma base de consumidores estáveis e de alta renda.
O novo polo tech à beira-mar: startups, inovação e capital intelectual
Um dos fenômenos mais subestimados — mas economicamente mais relevantes — de Balneário Camboriú é o avanço do setor de tecnologia e inovação. Startups dos segmentos de blockchain, software, marketing digital, fintechs e educação online têm escolhido a cidade como sede ou base de operação.
Com um ambiente urbano que alia qualidade de vida, incentivos fiscais, internet de alta velocidade e conexão com polos como Blumenau, Itajaí e Joinville, a cidade passou a atrair capital intelectual de altíssimo nível.
A presença de aceleradoras, fundos anjo, coworkings premium e eventos como o Startup Summit (realizado em cidades vizinhas, com reflexo direto em Balneário) fortalece esse cinturão de inovação que conecta o litoral ao Vale Europeu.
Marinas e beach clubs: consequência do poder aquisitivo e não causa da economia
Se o skyline da cidade é dominado por torres residenciais luxuosas, o litoral mostra outra faceta: marinas com estrutura internacional e beach clubs reconhecidos mundialmente, como o Green Valley. Mas é importante pontuar: esses símbolos de ostentação são efeitos, não motores primários da economia.
Eles refletem a presença de um público de alto poder aquisitivo que não apenas consome, mas investe, empreende e movimenta capital no município. A estabilidade jurídica e fiscal de Balneário permite a esse público fazer aportes consistentes em imóveis, startups, serviços e fundos locais.
Urbanismo funcional e reinvestimento inteligente: o que sustenta o ciclo
Diferente de outras cidades turísticas, Balneário Camboriú não parou no tempo. Ao contrário: reinventou seu espaço urbano com planejamento, tecnologia e eficiência pública.
Entre os destaques:
- O alargamento da faixa de areia, que valorizou ainda mais a orla e aumentou o potencial de uso urbano
- Expansão da malha cicloviária e projetos de mobilidade inteligente
- Segurança pública com videomonitoramento por inteligência artificial
- Áreas de convivência e reurbanização com foco em qualidade de vida
Essas ações são viabilizadas pelo aumento da arrecadação tributária, proveniente dos setores de construção, serviços, ISS e IPTU — o que prova que o modelo de crescimento da cidade é financeiramente sustentável e planejado.
Um modelo urbano-econômico que serve de estudo de caso
Balneário Camboriú prova que é possível transformar uma cidade litorânea com vocação turística em um polo econômico de alta performance. Seu crescimento não depende apenas do verão, mas da construção de um ecossistema que atrai capital, talentos e empresas de forma contínua.
Enquanto grandes capitais enfrentam desafios estruturais, Balneário aposta em eficiência fiscal, especialização urbana e foco em um público premium, criando um modelo de desenvolvimento que — com as devidas adaptações — pode inspirar outras cidades brasileiras.