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A história da Barragem de Quixeramobim: o sonho de Dom Pedro II em 1878

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 22/07/2025 às 20:47
barragem, Quixeramobim
Foto: Reprodução
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Durante mais de 60 anos, a Barragem de Quixeramobim tem sido a principal fonte de água da cidade cearense. Mas o reservatório sofre com o tempo, a seca e a falta de manutenção.

A Barragem de Quixeramobim, oficialmente chamada Açude Engenheiro José Cândido de Castro de Paula Pessoa, tem origem nas grandes secas que atingiram o Nordeste no século XIX.

Durante a seca devastadora de 1877 a 1879, o imperador Dom Pedro II determinou a construção de açudes no Ceará como forma de enfrentar a estiagem. Um desses projetos previa a construção de um reservatório no rio Quixeramobim.

Em 1878, uma equipe de engenheiros chegou a definir o local da futura barragem, entre duas serras, a oeste da cidade. Mas o plano acabou sendo abandonado.

Nos anos seguintes, a seca continuou castigando o sertão. Em 1908, surgiram novos estudos sobre o açude, mas novamente nada foi construído.

Somente em 1958, já sob responsabilidade do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), a construção da barragem finalmente começou. Dois anos depois, em 1960, a obra foi concluída.

Desde então, o açude se tornou a principal fonte de abastecimento de água de Quixeramobim, no sertão central do Ceará.

Construída para enfrentar a seca

O objetivo da obra era garantir água para a cidade, principalmente nos períodos de estiagem. O açude também ajudaria na irrigação, na dessedentação de animais e no controle das cheias do rio.

Além da função hídrica, com o tempo, a barragem passou a ser usada como local de lazer e de pesca artesanal.

O projeto original previa capacidade para armazenar até 54 milhões de metros cúbicos de água. Mas essa meta nunca foi alcançada. Estimativas atuais indicam que a barragem retém, no máximo, 8 milhões de metros cúbicos.

Parte da explicação está no assoreamento – o acúmulo de sedimentos no fundo do reservatório – e possíveis mudanças de projeto na hora da execução.

De símbolo de esperança à crise

A barragem ajudou a cidade a crescer. Com água garantida mesmo nos anos mais secos, Quixeramobim enfrentou menos migração forçada e teve mais estabilidade.

O espelho d’água virou ponto turístico e o evento da sangria – quando a água transborda – passou a ser celebrado como um sinal de fartura.

Mas o tempo passou, a cidade cresceu, e o açude perdeu volume. A seca entre 2012 e 2017 deixou a barragem praticamente seca.

A cidade entrou em colapso no abastecimento. Poços foram abertos no leito seco e carros-pipa passaram a distribuir água nos bairros. A barragem, antes orgulho local, virou motivo de preocupação.

Falta de manutenção e risco estrutural

Em 2016, um laudo técnico classificou a estrutura da barragem com risco nível 2, indicando necessidade urgente de reparos. Foram detectadas rachaduras, ferragens expostas, erosões no concreto e válvulas danificadas. Moradores temiam que uma cheia inesperada causasse um rompimento.

As obras de recuperação só começaram de fato em 2024, após anos de promessas e pressões da comunidade. Segundo o DNOCS, a barragem é essencial para o abastecimento e para a piscicultura local.

Adutoras emergenciais e nova fase

Diante da situação crítica, o governo instalou uma adutora emergencial ligando o Açude Fogareiro à estação de tratamento de Quixeramobim.

A solução evitou o colapso total durante os anos mais secos. Em 2023, a barragem sangrou após 12 anos sem atingir a capacidade. A cidade comemorou. Foi um alívio. Mas os técnicos alertaram: ainda há risco, e a recuperação deve continuar.

Agora, a cidade será incluída na rede Malha d’Água, um sistema estadual de adutoras que ligará vários açudes do sertão cearense. Com isso, espera-se reduzir a dependência da barragem.

Com informações de Calameo.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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