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A frota desativada de plataformas offshore brasileiras soma milhares de toneladas de aço com destino controverso

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 15/05/2025 às 13:10
O que fazer com as plataformas offshore brasileiras no fim da vida? 🏗️ Descomissionamento, riscos, custos e o futuro desses gigantes de aço.
O que fazer com as plataformas offshore brasileiras no fim da vida? 🏗️ Descomissionamento, riscos, custos e o futuro desses gigantes de aço.
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Milhares de toneladas de aço das plataformas offshore brasileiras desativadas têm um futuro incerto e complexo. Entenda o processo de descomissionamento, os riscos envolvidos e as alternativas para esses gigantes do mar que chegam ao fim de sua vida útil.

No litoral brasileiro, uma frota considerável de plataformas offshore brasileiras está se aproximando do fim de sua vida útil ou já foi desativada. Esses gigantes de aço, que por décadas foram pilares da produção de petróleo e gás, agora enfrentam um destino controverso e multifacetado: o descomissionamento. Este processo, natural na indústria de óleo e gás, tornou-se um desafio global e nacional de enormes proporções técnicas, ambientais e financeiras.

O que acontece com essas estruturas colossais após o encerramento de suas operações? São completamente removidas, parcialmente abandonadas ou podem ganhar uma surpreendente “segunda vida”? Veja o “destino misterioso” das plataformas offshore brasileiras desativadas, os riscos inerentes, os debates regulatórios e as soluções inovadoras que estão em discussão.

Por que as plataformas offshore brasileiras são descomissionadas?

As plataformas offshore brasileiras possuem um ciclo de vida operacional finito, geralmente entre 20 e 40 anos. O principal motor para o descomissionamento é a inviabilidade econômica, que pode ocorrer pelo esgotamento das reservas de petróleo e gás, aumento dos custos operacionais de instalações envelhecidas ou preços globais desfavoráveis.

Além disso, a integridade estrutural pode ser comprometida pela fadiga do material e corrosão. Mandatos regulatórios também exigem o descomissionamento após a cessação da produção ou expiração de licenças. Decisões estratégicas das empresas operadoras, como a racionalização de portfólio, também influenciam essa decisão.

As regras para o descomissionamento de plataformas offshore brasileiras

A frota desativada de plataformas offshore brasileiras soma milhares de toneladas de aço com destino controverso

O descomissionamento é uma atividade intensamente regulada. No Brasil, a supervisão é compartilhada por três órgãos principais: a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o IBAMA e a Marinha do Brasil. A Resolução ANP nº 817/2020 é o marco central, exigindo um detalhado Programa de Descomissionamento das Instalações (PDI).

Internacionalmente, a Convenção OSPAR e as diretrizes da Organização Marítima Internacional (IMO) são influentes, geralmente recomendando a remoção completa das estruturas, mas permitindo exceções (derrogações) sob critérios rigorosos. O debate central gira em torno da remoção total versus alternativas como o Rigs-to-Reefs.

As metodologias e os grandes desafios do descomissionamento das gigantes de aço

O processo de descomissionamento é uma empreitada de engenharia monumental. A fase mais crítica é o tamponamento e abandono seguro dos poços (P&A) para prevenir vazamentos futuros. As partes visíveis da plataforma (topsides) são limpas e removidas. Para as subestruturas (jaquetas), as opções incluem remoção completa, parcial ou tombamento no local.

Os custos são elevadíssimos, podendo atingir bilhões de dólares, e a operação enfrenta desafios como condições meteorológicas adversas e o manejo de materiais perigosos, como Material Radioativo de Ocorrência Natural (NORM) e o coral-sol invasor, um problema específico nas plataformas offshore brasileiras. A ANP exige garantias financeiras dos operadores para cobrir esses custos.

Os destinos alternativos e inovadores para as plataformas offshore brasileiras desativadas

Uma alternativa à remoção total é o programa Rigs-to-Reefs (RTR), que converte a estrutura submersa da plataforma em um recife artificial. Isso pode criar habitats marinhos, beneficiar a pesca e o turismo de mergulho, além de reduzir custos para as empresas. O Golfo do México (EUA) tem centenas de plataformas convertidas. No Brasil, a aplicabilidade do RTR depende de aprovações e de planos de gestão.

Outras ideias incluem a reutilização de fundações para energia eólica offshore, aquicultura ou como centros de pesquisa marinha. Contudo, a viabilidade técnica e econômica dessas conversões em antigas plataformas offshore brasileiras é complexa e enfrenta obstáculos regulatórios.

O balanço ambiental, riscos do abandono ilegal e o futuro das plataformas offshore brasileiras

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O descomissionamento, mesmo planejado, causa perturbação no leito marinho e gera enormes volumes de resíduos. O abandono ilegal de plataformas, as verdadeiras “plataformas fantasmas”, representa um perigo ainda maior, com riscos à navegação e degradação ambiental prolongada.

A Petrobras, principal operadora no Brasil, possui um programa estratégico para o descomissionamento de dezenas de suas plataformas offshore brasileiras, visando uma “destinação verde” dos materiais. As lições aprendidas nesses projetos iniciais são cruciais para o futuro da gestão do fim de vida dessas estruturas, buscando transformar potenciais passivos ambientais em oportunidades para valorização do ecossistema marinho e desenvolvimento sustentável.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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