Envolvimento em conflito pela Rússia, fornecedora de mais de 20% dos fertilizantes do Brasil, preocupa Embrapa quanto à economia deste setor
Além de gerar tensão generalizada no Leste Europeu, a Guerra da Ucrânia afeta significativamente a economia do Brasil e do mundo. No mercado de fertilizantes, isso não foi diferente. Visto isso, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) irá criar uma caravana de apoio técnico direcionada aos produtores do campo. A meta dessa medida é saltar de 60% para 70% a eficácia no uso de fertilizantes e poupar US$ 1 bilhão na utilização dos produtos na próxima colheita
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O presidente da Embrapa, Celso Moretti, confirmou as informações ao canal CNN Brasil e explicou a medida: “Para aplicar adubo, primeiro você precisa fazer uma análise do solo para ver o que está faltando e nem sempre isso acontece. Nós vamos dar todas essas orientações técnicas nas principais regiões produtoras do Brasil”. Segundo Moretti, essa atitude foi o meio encontrado pela Embrapa para agir rapidamente em relação ao conflito entre Rússia e Ucrânia.
Chamada de FertBrasil, a caravana surgiu de uma iniciativa implementada entre 2013 e 2014, em razão de uma praga que contaminou cadeias de algodão e soja pelo Cerrado. A caravana tem previsão para iniciar junto da divulgação de um plano nacional de fertilizantes do Governo Federal. Também em entrevista para a CNN, Tereza Cristina, ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, afirmou que o lançamento ocorrerá até o dia 17 de março.
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Conforme diz o presidente da Embrapa, a produção agropecuária do país fornece alimento para 800 milhões de pessoas ao redor do mundo, porém, consome 8,5% do mercado de fertilizantes. Assim, o Brasil ocupa a quarta posição em uso desses produtos, atrás de EUA, China e Índia.
Moretti frisou que, no ano passado, o Brasil importou 85% dos fertilizantes, equivalente a aproximadamente 43 milhões de toneladas. 73% desse total são utilizados nas plantações de cana-de-açúcar, soja e milho.
A Rússia é a principal fonte de fertilizantes para o Brasil, responsável por mais de 20% das importações. Um dos elementos mais requisitados é o potássio, que metade das importações também são da Rússia e de Belarus.
Enfraquecimento da dependência
A Embrapa planeja diminuir a dependência brasileira quanto ao mercado externo, visando reduzir em 25% a procura por importações de fertilizantes até 2030. Celso Moretti reitera que é impossível alterar drasticamente em um curto período de tempo.
A organização de pesquisas possui cinco frentes de ação: biofertilizantes, organominerais, fertilizantes nanoestruturados, agricultura de precisão e condicionadores de solo com pó de rocha.
Entre os biofertilizantes, há um que possui duas bactérias que atuam no fósforo do solo, uma movimentando mais o elemento e a outra gerando impactos nas raízes das plantas. A partir dessa tecnologia, o Brasil aumentou de 300 mil hectares para 3 milhões de hectares na safra de 2021/2022.
No caso dos organominerais, um fertilizante mineral é misturado a fontes orgânicas, como esterco animal.
Os nanoestruturados agem com uma liberação moderada das substâncias essenciais às plantas, ao passo que a agricultura de precisão atua com levantamento em detalhes das questões da propriedade rural que precisam de menos ou mais fertilizantes.
Já a “rochagem”, é uma frente que ainda está em processo de estudo, devendo apresentar resultados em dois anos.
O presidente da Embrapa ressalta a relevância do agronegócio, que corresponde a 26% do PIB do país. Para ele, unindo pesquisa e tecnologia é possível reduzir a dependência internacional e diminuir gastos.
Nesse sentido, a tecnologia foi responsável por auxiliar o Brasil a poupar R$ 28 bilhões em 2021, e por evitar a utilização de nitrogênio do petróleo, que impediu a emissão de 100 milhões de toneladas de CO2.
Acerca das consequências do conflito na Europa na produção nacional, Moretti crê que serão mais intensas depois da safra de verão, que inicia o plantio em outubro, caso os ataques se estendam. “É difícil fazer qualquer previsão. Isso vai depender da extensão do conflito”, diz ele.
Buscando outros fornecedores para substituir Rússia e Belarus, como Canadá, Irã e Qatar, o Governo coloca em prática a “diplomacia de fertilizantes”.
Para saber mais, assista ao vídeo da CNN a seguir: