Inaugurada como um ícone, a Millennium Bridge se tornou a ponte que balançava demais, sendo fechada em dois dias. Entenda a engenharia por trás do problema e sua engenhosa solução
Entenda história que ficou conhecida como a ponte que balançava demais. Analisamos seu design inovador, as causas do problema, a solução de engenharia implementada e o legado duradouro que deixou para a construção de pontes em todo o mundo.
A Millennium Bridge, em Londres, foi concebida como um emblema da virada do século, uma “lâmina de luz” de aço cruzando o rio Tâmisa. No entanto, sua inauguração em 2000 foi marcada por um evento dramático: a ponte começou a oscilar de forma alarmante, ganhando o apelido de “Wobbly Bridge” (Ponte Oscilante).
O design inovador da Millennium Bridge
Fruto de um concurso de design lançado em 1996, a Millennium Bridge foi projetada por uma equipe de estrelas, incluindo o arquiteto Norman Foster, a empresa de engenharia Arup e o escultor Sir Anthony Caro. O conceito era criar uma travessia de pedestres minimalista, uma “lâmina de luz” que não obstruísse a vista da Catedral de St. Paul.
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O resultado foi uma ponte suspensa em aço com 320-333 metros de comprimento. Seus cabos de suspensão laterais e um perfil muito raso, sem grandes torres, conferiram-lhe uma aparência elegante e esbelta, um verdadeiro marco do design. O custo da construção foi de £18,2 milhões.
Inauguração e pânico, o fenômeno da ponte que balançava demais
A ponte foi inaugurada em 10 de junho de 2000, atraindo uma multidão de cerca de 100.000 pessoas ao longo do dia, com até 2.000 sobre a estrutura simultaneamente. Logo após a abertura, os pedestres começaram a sentir um “movimento de oscilação alarmante”.
A oscilação era predominantemente lateral, atingindo uma amplitude máxima de aproximadamente 70mm. O movimento era tão intenso que as pessoas se agarravam aos corrimãos para manter o equilíbrio. Após tentativas frustradas de limitar o número de pessoas, a ponte que balançava demais foi totalmente fechada em 12 de junho de 2000, apenas dois dias após sua inauguração, gerando constrangimento e críticas.
Desvendando a excitação lateral síncrona
A empresa de engenharia Arup iniciou uma investigação exaustiva. Após descartar o vento como causa, o foco se voltou para a carga induzida pelos pedestres. A investigação concluiu que a causa era um fenômeno então pouco conhecido: a excitação lateral síncrona (SLE).
A SLE é um ciclo de feedback positivo:
Um leve movimento inicial da ponte ocorre.
Os pedestres, de forma inconsciente, ajustam seus passos para se equilibrarem.
As forças laterais dos passos sincronizados com o balanço da ponte adicionam mais energia à oscilação.
O movimento se amplifica, fazendo com que mais pessoas sincronizem seus passos.
Os códigos de design da época não contemplavam adequadamente este fenômeno, que transformou a Millennium Bridge na ponte que balançava demais.
A solução de engenharia, como os amortecedores estabilizaram a ponte
Em vez de aumentar a rigidez, o que alteraria o design da ponte, os engenheiros optaram por controlar a ressonância. A solução foi a instalação de um complexo sistema de amortecedores (dampers) para dissipar a energia da vibração.
Foram instalados 89 amortecedores no total:
37 amortecedores viscosos: Projetados para controlar os movimentos laterais e de torção, foram instalados discretamente sob o tabuleiro da ponte.
52 amortecedores de massa sintonizada (TMDs): Para controlar o movimento vertical, foram adicionados como medida de precaução.
Esta adaptação custou £5 milhões e durou de maio de 2001 a janeiro de 2002.
O legado da ponte que balançava demais na engenharia mundial
Após a instalação dos amortecedores, a ponte foi submetida a rigorosos testes, incluindo uma travessia com mais de 2.000 pessoas. A estabilidade foi confirmada, e a Millennium Bridge foi reaberta com sucesso em 22 de fevereiro de 2002.
O incidente, embora embaraçoso, teve um legado duradouro. Impulsionou uma vasta pesquisa sobre a interação entre pedestres e estruturas, levando a revisões nos códigos de construção de pontes em todo o mundo. Os engenheiros passaram a ter uma compreensão muito maior sobre as vibrações laterais.
Hoje, a Millennium Bridge é um marco celebrado de Londres e uma ligação vital sobre o Tâmisa. A história da ponte que balançava demais se tornou um estudo de caso fundamental, um testemunho da capacidade da engenharia de aprender com desafios imprevistos e encontrar soluções duradouras.