Mina brasileira de terras raras revela a dependência ocidental da China e o papel estratégico do Brasil na transição energética
Uma mina localizada em Minaçu (GO), a Serra Verde, tornou-se um elo crucial na cadeia global de suprimento de terras raras pesadas — elementos essenciais na fabricação de tecnologias como carros elétricos, turbinas eólicas e sistemas militares. É a única produtora significativa fora da Ásia e opera com capital americano, mas exporta majoritariamente para a China, de acordo com o site Info Money.
Embora tenha surgido como alternativa ao monopólio chinês, a produção da Serra Verde está comprometida com empresas chinesas até 2027. O motivo é claro: apenas a China possui a infraestrutura necessária para processar esses elementos em escala industrial. “Eles eram o único cliente capaz de processar”, afirma Thras Moraitis, CEO da empresa.
Ocidente busca alternativas, mas ainda depende da China
Mesmo com pressões dos Estados Unidos e investimentos em plantas de separação na Europa e América do Norte, o Ocidente ainda não possui capacidade tecnológica suficiente para substituir o modelo chinês. A MP Materials, empresa americana do setor, também exporta grande parte de sua produção à China.
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O domínio chinês é resultado de décadas de planejamento industrial, o que coloca o restante do mundo em posição reativa frente à crescente demanda por minerais estratégicos.
O Brasil como peça-chave
O Brasil possui um dos maiores potenciais fora da Ásia para suprir terras raras pesadas, mas enfrenta obstáculos estruturais para processar esses minerais internamente. Segundo especialistas, esse gargalo limita o protagonismo nacional em uma área estratégica para a transição energética e a soberania tecnológica.
“O Brasil pode mudar o jogo”, diz Constantine Karayannopoulos, cofundador da Neo Performance Materials. Para isso, seria necessário um salto tecnológico e industrial.
Apesar de novos investimentos e promessas de diversificação, o fluxo de exportação segue atrelado à China. A mina brasileira, símbolo de uma disputa geopolítica mais ampla, mostra como o controle de cadeias produtivas pode definir o futuro da segurança energética e industrial.


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