Descoberta na Turquia, a incrível cidade subterrânea de 18 andares foi uma fortaleza de engenharia projetada para sobreviver a meses de cerco.
Em 1963, um morador da cidade de Derinkuyu, na Turquia, fez uma descoberta surpreendente ao reformar seu porão. Ao derrubar uma parede, ele não encontrou um cômodo extra, mas sim um túnel escuro. Este túnel era a entrada para Derinkuyu, uma impressionante cidade subterrânea de 18 andares, uma metrópole perdida capaz de abrigar até 20.000 pessoas, seu gado e suprimentos, a uma profundidade de 85 metros, conforme detalhado pela Wikipedia.
O complexo não era uma simples caverna, mas uma solução de engenharia avançada, construída para proteger seus habitantes de invasores e perseguições ao longo dos séculos. Com uma história que se estende por milênios, desde os frígios até os cristãos da era bizantina, a cidade funcionou como um refúgio autossuficiente, completo com sistemas de ventilação, poços de água e mecanismos de defesa complexos, antes de ser abandonada e esquecida no século XX.
A descoberta acidental de um mundo perdido
A redescoberta de Derinkuyu em 1963 foi puramente acidental. Um morador local, durante uma simples reforma em casa, abriu uma passagem para um complexo que havia sido completamente perdido na memória. Relatos locais sugerem que o desaparecimento de galinhas através de uma fenda pode ter aguçado a curiosidade, levando à descoberta da sala misteriosa e do túnel. O que ele encontrou foi o topo de uma rede vasta que havia sido abandonada décadas antes.
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O esquecimento da cidade é quase tão fascinante quanto sua existência. A Wikipedia aponta que a cidade foi ativamente utilizada pela comunidade cristã grega da Capadócia até 1923. Com a troca populacional forçada entre a Grécia e a Turquia, esta comunidade, que detinha o conhecimento prático e cultural do complexo, foi removida. Em apenas 40 anos, a memória de uma cidade para 20.000 pessoas desapareceu, a ponto de sua entrada se tornar apenas um buraco desconhecido em um porão.
Engenharia de sobrevivência: um urbanismo vertical
A construção de Derinkuyu só foi possível graças à geologia única da Capadócia. A região é coberta por tufo, uma rocha vulcânica macia o suficiente para ser escavada com ferramentas rudimentares, mas surpreendentemente estável para evitar colapsos, mesmo após milênios. O Tomorrow City descreve o design como “urbanismo vertical e troglodita”, um mundo construído pela subtração de rocha, não pela adição de estruturas. A cidade cresceu para baixo, nível por nível, conforme a necessidade de segurança aumentava.
O suporte à vida para 20.000 pessoas era a principal preocupação. Segundo o Tomorrow City, a cidade contava com um sistema de ventilação engenhoso: 52 poços de ventilação principais, alguns com 85 metros de profundidade, e mais de 15.000 dutos menores. Isso criava um fluxo de ar constante. Além disso, o poço de água principal extraía água de um rio subterrâneo e não estava conectado a fontes da superfície, impedindo que inimigos envenenassem o suprimento durante um cerco.
Como era a vida nos 18 andares subterrâneos?
A vida em Derinkuyu era altamente organizada, com cada nível tendo funções específicas, como detalha o Made in Turkey Tours. Os níveis superiores (1º e 2º) eram logísticos, abrigando estábulos para o gado. Esta localização era estratégica: mantinha os odores e gases tóxicos longe das áreas de habitação abaixo e facilitava o acesso dos animais. Prensas de vinho e azeite também ficavam perto da superfície para facilitar o transporte das colheitas.
O Made in Turkey Tours também destaca a organização interna. O segundo andar continha uma escola missionária com teto abobadado, indicando a importância da educação e da religião. Os níveis intermediários (3º e 4º) eram o coração da vida residencial, com cozinhas comunitárias, refeitórios e vastas salas de armazenamento de alimentos. Nos níveis mais profundos, encontrava-se uma capela em forma de cruz e até uma masmorra, garantindo a proteção dos bens mais valiosos: fé, água e segurança.
Uma fortaleza impenetrável
Derinkuyu não era um abrigo passivo; era uma fortaleza militar ativa. Sua característica de defesa mais icônica eram as portas de pedra rolante. Eram discos maciços, semelhantes a mós, pesando até meia tonelada. Conforme o Made in Turkey Tours, elas só podiam ser movidas pelo lado de dentro, selando passagens inteiras. Um buraco central permitia aos defensores atacar os invasores com lanças, enquanto permaneciam protegidos.
O próprio layout era uma arma. Os túneis foram projetados intencionalmente para serem estreitos e com tetos baixos. Isso forçava qualquer invasor a avançar em fila única, curvado e completamente vulnerável a emboscadas dos defensores. O design labiríntico, cheio de curvas confusas e becos sem saída, era uma arma psicológica projetada para desorientar e prender qualquer exército que não conhecesse a cidade.
Quem construiu a metrópole e por quê?
A cidade não foi obra de uma única civilização, mas uma “fortaleza evolutiva”, adaptada por sucessivas culturas. A Wikipedia informa que, embora as origens exatas sejam debatidas, a teoria mais aceita atribui a construção inicial em grande escala aos frígios, por volta dos séculos VIII e VII a.C., conhecidos por sua arquitetura escavada na rocha. Outros especulam que as cavernas mais simples podem datar da era dos hititas, milhares de anos antes.
A cidade atingiu seu auge e expansão máxima durante a era bizantina (séculos V a XI d.C.). Cristãos fugindo da perseguição romana e, posteriormente, de invasores árabes durante as guerras Árabe-Bizantinas, encontraram e ampliaram massivamente as estruturas. Foram eles que adicionaram as numerosas capelas e a escola missionária, transformando Derinkuyu em um bastião da fé cristã, usado como refúgio seguro até seu abandono final em 1923.
Um legado de resiliência
Hoje, Derinkuyu é um Patrimônio Mundial da UNESCO, embora apenas uma pequena fração de seus 18 níveis esteja aberta ao público. A cidade é mais do que uma maravilha arqueológica; é um profundo monumento à resiliência humana, demonstrando a engenhosidade e a determinação necessárias para criar um santuário autossuficiente na escuridão, capaz de preservar uma cultura inteira contra ameaças existenciais.
O que mais impressiona você em Derinkuyu: a engenharia para manter 20.000 pessoas vivas ou a estratégia de defesa com portas de meia tonelada? Você conseguiria viver em um local assim para escapar de uma ameaça? Deixe sua opinião nos comentários.


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