No coração do Cerrado, um município com apenas 4 mil habitantes está se tornando o novo destino da mineração global. Com uma das maiores jazidas de esmeraldas do planeta, Campos Verdes desperta o interesse da China e vive um boom econômico inesperado.
Durante décadas, Campos Verdes, no norte de Goiás, foi apenas mais um ponto no mapa do Brasil rural. Uma cidade pequena, isolada, com pouco mais de mil habitantes e infraestrutura modesta. Mas tudo mudou quando veio à tona um dos maiores tesouros subterrâneos do país: uma das maiores jazidas de esmeraldas do mundo.
Hoje, com apenas 4.005 moradores segundo o IBGE (2022), Campos Verdes se tornou um polo de atração internacional, despertando o interesse direto da China e gerando acordos que prometem transformar completamente o destino da cidade. Um salto de quase 162% na população em apenas 5 anos mostra que o boom já começou.
A riqueza escondida sob o Cerrado
Pouca gente sabe, mas o subsolo de Campos Verdes guarda pedras preciosas de valor inestimável. São esmeraldas de altíssima qualidade, com coloração intensa e baixa presença de impurezas — características que as tornam desejadas em todo o mundo.
-
Família Batista paga R$ 146 milhões por única mina de potássio em operação no Brasil e assume US$ 22 milhões em obrigações
-
Cidade do interior do Ceará pode esconder a maior reserva de ‘ouro azul’ do Brasil, mineral estratégico para carros elétricos, aviação moderna, drones e até celulares
-
Brasil surpreende com novas descobertas de Terras Raras: reveladas concentrações até 6 vezes maiores que na China e 12 vezes superiores às de Cuba
-
Fernando Maggi, sócio de gigante agrícola, cria mineradora para explorar ouro em Mato Grosso.
Estima-se que a produção mensal da jazida varie entre 800 e 1.000 quilos de esmeraldas, números que colocam o município goiano ao lado de grandes potências minerais como Zâmbia e Colômbia. Mas o que torna tudo ainda mais impressionante é o potencial de expansão da jazida, considerado ainda pouco explorado.
É essa promessa de riqueza praticamente inesgotável que vem atraindo investidores internacionais — especialmente da China, país que domina o mercado global de lapidação e joalheria de luxo.
Investimentos chineses e uma nova fronteira tecnológica
A partir de 2023, Campos Verdes começou a receber comitivas técnicas e diplomáticas da China, interessadas não apenas na extração de esmeraldas, mas na criação de um ecossistema completo de produção, certificação e exportação das joias.
Um dos marcos dessa aproximação foi o protocolo de cooperação assinado com a Universidade de Huaqiao, referência em gemologia e lapidação. O acordo prevê a instalação de um Laboratório de Lapidação, Ensaios e Testes no próprio município, com previsão de gerar até 600 empregos diretos.
Além disso, há negociações com empresas chinesas para montar unidades fabris de beneficiamento e certificação no Brasil, o que garantiria maior valor agregado às pedras brasileiras e permitiria exportar joias finalizadas — e não apenas matéria-prima bruta.
Essa cadeia produtiva completa, se consolidada, pode transformar Campos Verdes no primeiro “Vale das Esmeraldas” do Hemisfério Sul.
Crescimento populacional e mudanças na economia local
A chegada dos investimentos e a retomada da atividade mineral causaram uma explosão demográfica e econômica. Em 2017, Campos Verdes tinha cerca de 1.526 habitantes. Em 2022, esse número saltou para mais de 4 mil, um aumento superior a 160%.
O comércio local ganhou fôlego. Novas pousadas, restaurantes, lojas de insumos, serviços especializados em mineração e transporte passaram a surgir com frequência. A prefeitura começou a investir em capacitação profissional, preparando a mão de obra local para as novas demandas.
O município, antes dependente de transferências federais, começa a se reerguer com base em uma economia mineral cada vez mais sofisticada, com foco em tecnologia, certificação e parcerias internacionais.
Sustentabilidade e desafios do crescimento rápido
Apesar da euforia, os especialistas alertam: crescer rápido demais pode ser um problema se não houver planejamento urbano, ambiental e social. Campos Verdes enfrenta hoje o desafio de manter o ritmo sem perder o controle.
A prefeitura afirma estar implementando planos de zoneamento urbano, reestruturação da rede elétrica, melhoria da captação de água e ampliação dos serviços de saúde e educação. O objetivo é evitar os erros cometidos em outras cidades mineradoras, que cresceram sem estrutura e depois entraram em colapso.
Outro foco é a regularização ambiental e a mineração sustentável. Com o apoio de universidades e instituições internacionais, o município quer garantir que a exploração das esmeraldas seja feita de forma responsável, com recuperação de áreas degradadas, rastreabilidade das pedras e combate ao garimpo ilegal.
Um futuro que já começou a brilhar
Campos Verdes vive um momento raro. Com os olhos do mundo voltados para sua jazida, a cidade pode escolher entre repetir os erros do passado ou liderar um novo modelo de desenvolvimento mineral — mais inclusivo, tecnológico e sustentável.
O interesse da China mostra que o Brasil tem muito a oferecer além da soja, do minério de ferro e do petróleo. As esmeraldas goianas são mais do que um recurso: são uma chance de reposicionar o país como player global no mercado de gemas finas e design de joias.
E se depender do brilho dessas pedras e do esforço local para estruturar o crescimento, Campos Verdes está prestes a se tornar muito mais do que a “cidade das esmeraldas” — mas também um símbolo de como pequenas cidades podem mudar o próprio destino.
Um país cheio de riquezas, mas cheio de pobreza.
Pelo contrario, Campos Verdes é uma cidade que na descoberta das esmeraldas, transitavam cerca de 30.000 pessoas. Com o passar dos anos a população foi indo embora… nos anos 2000 chegou a ter pouco mais de 1800 moradores, e hoje depois de “25 longos anos” um pouco mais de 4000 habitantes…A burocracia para legalização das áreas é tão grande, que investidores perdem o interesse… Infelizmente não se tem crescimento muito em virtude a isso… A agência nacional de mineração ANM praticamente não tem funcionários no estado. Tudo se arrasta. A chance do município crescer, é a demanda por ouro em grandes profundidades que já se tem sondado no município, e quando se trata dessa modalidade de mineração, somente as grandes mineradoras conseguem investir o que se demanda de custos de produção…
De que adianta termos as maiores jazidas do planeta se os governantes praticamente doam aos estrangeiros. No nordeste nao tem nem água, mas tem esmeraldas, ouro, petróleo, terras raras etc e estas minas vão pra onde ? Não para os brasileiros…continuamos sendo um país colonizado.