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A Brasil BioFuels desenvolveu recentemente um novo combustível que se fundamenta em biotecnologia; esta inovação promete revolucionar o setor de combustíveis, trazendo benefícios ambientais e econômicos a longo prazo

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 09/02/2023 às 17:43
Atualizado em 19/03/2023 às 15:01
Brasil BioFuels
Brasil BioFuels (Foto/divulgação)

O grupo de empresas, que já é ativo na área de produção de óleo de palma, biocombustíveis e usinas termelétricas, anunciou a criação da BBF BioTech. Esta nova empresa oferecerá soluções alternativas ao uso de petroquímicos para setores como cosméticos, farmacêuticas e agronegócio.

Durante aproximadamente uma hora de conversa, Milton Steagall discorreu sobre diversos temas. Em cada tópico, ele articula narrativas e passagens que, aparentemente, não possuíam conexão direta com aquilo que estava sendo abordado. No entanto, para entender completamente a sua lógica, esses fragmentos se revelariam fundamentais.

O empreendedor de 57 anos de idade é responsável por guiar a Brasil BioFuels (BBF), uma empresa fundada por ele em 2008, que evoluiu desde então para um modelo verticalizado e 100% centrado na Região Norte. Atualmente, a BBF tem um faturamento estimado em R$ 1,5 bilhão em 2022 e está lançando sua nova unidade de negócios, a BBF BioTech, que será voltada para a biotecnologia.

Steagall, fundador e CEO da BBF, observou para o Neo Feed que, ao longo da história, uma coisa sempre desencadeou outra. No entanto, ele também afirmou que este projeto é maior do que qualquer outra realização já feita pela empresa. Para iniciar essa nova história, a primeira fábrica dedicada à divisão da BBF foi estabelecida em Ji-Paraná, no estado de Rondônia. O investimento total foi de 33 milhões de reais e a capacidade produtiva mensal será de 3 mil toneladas.

A BBF BioTech está investindo aproximadamente R$ 90 milhões em sua segunda planta em Manaus (AM), que deverá ser inaugurada no primeiro semestre de 2024. A estrutura duplicará a capacidade produtiva da divisão, fornecendo matérias-primas renováveis produzidas a partir de óleos vegetais, como o óleo de palmiste. Essa iniciativa tem como objetivo substituir o uso de petroquímicos nos setores agrícola e alimentício.

A BBF tem desenvolvido seu portfólio há cerca de um ano. O empresário informou que no ano passado foram registradas 11 patentes e mais 13 estão previstas para este ano. Estes esforços resultaram na nova linha AmazonBio Care, que engloba dez tipos de insumos com características como biodegradabilidade e baixo nível de irritação térmica e ocular.

Os produtos abrangidos por esta oferta vão desde cosméticos, higiene e cuidados pessoais, como shampoos, sabonetes, filtros solares e espumas de barbear, até usos industriais como solventes ou herbicidas no agronegócio. 

BFF conclui a capacitação de R$ 133,4 milhões em emissão de debêntures 

Via Brasil BioFuels

A BBF BioTech está em fase de prospecção de mercado após uma etapa inicial de envios de amostras testadas para um grupo de empresas. Sem divulgar nomes, o plano da empresa é criar casos específicos com clientes menores antes de expandir a escala.

De acordo com dados do ano de 2021, o setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos movimentou R$ 124,5 bilhões no Brasil. Além disso, o país figura entre os cinco maiores mercados globais desse segmento. Por exemplo, para ilustrar o potencial da unidade, a compra da Oxiteno pela Indorama Ventures foi fechada por US$ 1,3 bilhão. Isso demonstra que é possível acessar importantes avanços na cadeia de produção com essa divisão.

A Oxiteno é a maior importadora de palmiste da América Latina, um produto que custa US$ 1,3 mil por tonelada. Assim, a BBF BioTech tem à sua disposição o recurso necessário para fabricar seu carro-chefe. A BBF anunciou recentemente um investimento de R$ 2,2 bilhões em uma biorrefinaria na Zona Franca de Manaus. Esta planta terá capacidade de produzir Diesel Verde (HVO) e Combustível Sustentável de Aviação (SAF), com previsão de início de operação em 2025 e possibilidade de absorver mais de 500 milhões de litros anualmente.

Por meio de um contrato firmado em novembro de 2021, todo volume será destinado à Vibra. Esta é a segunda iniciativa do gênero na América do Sul, pois no mesmo período a BSBIOS, companhia do ECG Group, divulgou um investimento de US$ 1 bilhão para a construção de uma planta avançada para biocombustíveis no Paraguai.

A produção de HVO e do SAF da Vibra só usa a parte amarela da palmeira. O que não tem interesse para a empresa, entretanto, é a parte branca interior. No entanto, Steagall destaca que com essa sobra é possível produzir os mesmos etoxilados que a Oxiteno faz, mas sendo 100% renováveis e verdes. Em paralelo, há outros projetos em curso na Região Norte que visam a recuperação de áreas degradadas de acordo com a proposta do grupo. Um exemplo desses projetos é a produção de etanol com milho em Boa Vista (RR), cujo início das operações comerciais está previsto para 2024.

A caminho dos R$ 2 bilhões

A BBF, que é controlada pelo Steagall e outros acionistas individuais não revelados, tem um volume de ativos avaliado em cerca de R$ 2,1 bilhões. O grupo possui três unidades de esmagamento de palma de óleo, uma extrusora de soja e uma de biodiesel, além de 38 usinas termelétricas na região. Essas estruturas têm uma capacidade instalada de 86,8 megawatts e atendem aproximadamente 140 mil clientes. 

Para financiar sua expansão no mercado amazônico, a BBF busca parcerias e recursos como empréstimos do BNDES. Recentemente, a companhia concluiu uma nova emissão de debêntures que captou R$ 133,4 milhões. A médio prazo, o objetivo da BBF é abrir capital quando for possível reabrir janelas para IPOs e projetar um faturamento de R$ 2 bilhões em 2023.

Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 2.300 artigos publicados no CPG. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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