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A base brasileira na Antártida é o nosso pedaço no continente mais frio e isolado do mundo

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 23/06/2025 às 15:00
A base brasileira na Antártida: A logística para manter o Brasil no continente mais isolado do mundo
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Reconstruída após um incêndio e inaugurada em 2020, a Estação Comandante Ferraz é a vanguarda da ciência e da estratégia do Brasil no continente mais frio e remoto do planeta.

No lugar mais frio, seco e isolado da Terra, o Brasil mantém um pé firme. A Estação Antártica Comandante Ferraz, a base brasileira na Antártida, é muito mais do que um posto de pesquisa. Ela é a materialização de uma sofisticada estratégia geopolítica, a prova da resiliência nacional e uma plataforma de ciência de ponta que garante ao Brasil um assento no seleto grupo de países que decidem o futuro do continente branco.

Sustentar essa presença é um desafio logístico monumental, que envolve uma complexa operação anual da Marinha e da Força Aérea para levar tudo o que é necessário para a sobrevivência e a pesquisa. Em 2025, a nova e moderna estação, reconstruída após uma tragédia, está em plena operação, reafirmando o compromisso do Brasil com a ciência e a paz na Antártida.

Uma questão de estratégia: Por que o Brasil criou o PROANTAR em 1982?

A presença do Brasil na Antártida foi uma decisão estratégica. Em 1975, o país aderiu ao Tratado da Antártica, mas para ter direito a voto nas decisões sobre o continente, era preciso provar “substancial interesse de pesquisa científica”. Foi para cumprir essa exigência que, em 12 de janeiro de 1982, foi criado o Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR).

O objetivo era duplo. Geopoliticamente, garantir a presença do Brasil em um continente vizinho e de imensa importância estratégica. Cientificamente, entender os fenômenos que ocorrem na Antártida e que influenciam diretamente o clima e a agricultura em nosso país. A primeira expedição, em 1982, garantiu ao Brasil o status de Membro Consultivo do Tratado no ano seguinte.

A tragédia de 2012 e a reconstrução da Estação Comandante Ferraz

A base brasileira na Antártida é o nosso pedaço no continente mais frio e isolado do mundo

A primeira base brasileira na Antártida foi inaugurada em 6 de fevereiro de 1984. Por quase 30 anos, ela foi a casa da ciência brasileira no continente, até a tragédia de 25 de fevereiro de 2012. Um incêndio de grandes proporções destruiu 70% da estação e, tragicamente, vitimou dois militares da Marinha.

A resposta do Brasil foi rápida e robusta. Em vez de abandonar o local, o que significaria perder o direito de presença, o governo decidiu investir em um salto de qualidade. Com um custo de aproximadamente 100 milhões de dólares, uma nova estação foi projetada. A construção, um desafio logístico internacional, ficou a cargo da empresa chinesa CEIEC. A nova e moderna Estação Antártica Comandante Ferraz foi inaugurada em 15 de janeiro de 2020, com o dobro da capacidade e tecnologia de ponta.

Como a Marinha e a FAB garantem a sobrevivência na Antártida

Manter a base brasileira na Antártida funcionando exige uma operação logística impecável, coordenada pela Marinha do Brasil. A espinha dorsal são as missões anuais OPERANTAR, realizadas durante o verão com os navios polares “Ary Rongel” e “Almirante Maximiano”. São eles que levam toneladas de combustível, alimentos, equipamentos e pessoal para a estação.

O apoio aéreo, feito pela Força Aérea Brasileira (FAB), é igualmente crucial. Com os aviões C-130 Hércules e o moderno KC-390 Millennium, a FAB realiza o transporte rápido de pessoal e, mais importante, garante o reabastecimento da base durante o rigoroso inverno, quando o mar congela e impede a chegada dos navios. Nessas missões, os suprimentos são lançados de paraquedas para a equipe que permanece isolada.

A ciência como passaporte: O que se pesquisa na base brasileira na Antártida em 2025?

A produção científica de alta qualidade é o que legitima a presença do Brasil na Antártida. Em 2025, a estação está em plena atividade, como demonstra a Operação Antártica XLIII (2024-2025). Essa missão dá suporte a 24 projetos de pesquisa e envolve 171 cientistas de diversas áreas.

As pesquisas são variadas, desde o estudo de fungos e os impactos das mudanças climáticas até a geologia e a biologia marinha. A nova estação, com seus 17 laboratórios modernos, oferece uma plataforma de classe mundial para que os cientistas brasileiros possam desenvolver seus trabalhos e contribuir para o conhecimento global sobre o continente.

Desafios e o futuro até 2048: Sustentando a presença brasileira no gelo

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O maior desafio para a base brasileira na Antártida e para o PROANTAR é a sustentabilidade financeira. O programa depende de um orçamento complexo, que muitas vezes precisa ser complementado por emendas parlamentares e parcerias, como a histórica colaboração com a Petrobras para o fornecimento de combustível.

Manter um programa científico e logístico forte é um investimento estratégico. Em 2048, o Protocolo de Madri, que proíbe a exploração de minérios na Antártida, poderá ser revisto. A posição do Brasil nesse debate futuro dependerá diretamente do peso de sua ciência e de sua reputação como um ator relevante e responsável no continente. A nova Estação Comandante Ferraz é a peça central dessa estratégia.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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