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Yuan, o dólar do futuro? Moeda chinesa dispara ao maior nível em meses e reacende disputa monetária com o dólar, impulsionado por otimismo na China, apoio dos BRICS e avanços nas relações com Brasil e EUA

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 27/08/2025 às 16:30
Yuan atinge maior nível desde novembro frente ao dólar, impulsionado por bolsas chinesas em alta e expectativa de corte de juros nos EUA.
Yuan atinge maior nível desde novembro frente ao dólar, impulsionado por bolsas chinesas em alta e expectativa de corte de juros nos EUA.
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O yuan atingiu nesta semana o nível mais forte frente ao dólar desde novembro, em meio à valorização das bolsas chinesas e à expectativa de cortes de juros nos Estados Unidos.

O movimento reacendeu o debate sobre o papel da moeda chinesa no sistema financeiro global e sua disputa com o dólar pela liderança nas transações internacionais.

Na manhã desta quarta-feira (27), o yuan doméstico era negociado a 7,1615 por dólar, em alta de 0,12% em relação ao dia anterior. No acumulado de 2025, a moeda chinesa já registra valorização de aproximadamente 2%.

Mercado financeiro e otimismo na China

O fortalecimento do yuan vem sendo sustentado pelo otimismo dos investidores em relação ao desempenho da economia chinesa.

A expectativa de ganhos contínuos nas bolsas, impulsionada pelo desfile do Dia da Vitória, marcado para 3 de setembro, atraiu maior volume de capital estrangeiro para o país.

Em paralelo, o dólar perdeu fôlego após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sinalizar em Jackson Hole a possibilidade de redução dos juros já em setembro.

Esse cenário tende a favorecer moedas emergentes, incluindo o yuan.

“Nas últimas semanas, também observamos entrada líquida de capital estrangeiro em ações na China”, explicou Christopher Wong, estrategista do Oversea-Chinese Banking Corp., à Bloomberg.

Segundo ele, a combinação de fluxo externo positivo e expectativa de corte de juros nos EUA deve continuar fortalecendo a moeda chinesa.

O Banco Popular da China (PBoC) também contribuiu para o movimento ao elevar a taxa de referência diária da moeda, conhecida como fixing.

Na segunda-feira (25), o nível foi ajustado ao maior patamar desde janeiro.

Na quarta-feira (27), voltou a subir, alcançando 7,1108 por dólar.

Esse tipo de intervenção reforça a confiança dos investidores de que Pequim está disposta a sustentar a valorização da moeda, ao mesmo tempo em que procura consolidar sua presença nos mercados internacionais.

Projeções mais otimistas para o yuan

Instituições como Deutsche Bank, UBS e Toronto-Dominion Bank elevaram recentemente suas projeções para o yuan, aproximando as estimativas da marca simbólica de 7 por dólar.

As revisões refletem a aposta em um acordo comercial mais amplo entre China e Estados Unidos, além da melhora na percepção de risco em relação ao mercado chinês.

Caminho para moeda global

Apesar da valorização, especialistas lembram que o yuan ainda precisa ampliar sua participação internacional.

Para Bonnie Chan, CEO da Bolsa de Hong Kong, a moeda chinesa só ganhará maior relevância se houver mais instrumentos financeiros disponíveis em yuan, como ações e títulos.

A declaração foi feita durante o “Summer Davos”, evento do Fórum Econômico Mundial realizado em Dalian.

O processo de internacionalização do yuan ganhou força após as sanções impostas pelos Estados Unidos à Rússia, quando diversos países começaram a buscar alternativas ao dólar para reduzir vulnerabilidades.

Em 2016, o Fundo Monetário Internacional incluiu o yuan em sua cesta de moedas de reserva, marco importante dessa estratégia de longo prazo.

Participação no comércio internacional

Mesmo com avanços, o yuan ainda ocupa espaço reduzido nas transações globais.

Em maio deste ano, a moeda respondeu por 4,5% dos pagamentos internacionais, de acordo com dados da rede SWIFT.

O dólar liderou com 48%, seguido pelo euro, que registrou cerca de 23%.

No financiamento comercial, o yuan alcançou 5,1%, em terceiro lugar, atrás do dólar (85%) e do euro (5,6%).

Os números mostram que, embora a moeda chinesa tenha ampliado sua presença, o caminho para rivalizar com o dólar ainda é longo.

Avanços em Hong Kong e novos IPOs

Para ampliar o alcance da moeda, a Bolsa de Hong Kong vem incentivando listagens e investimentos em yuan.

No ano passado, lançou um programa que permite negociar títulos tanto em dólares de Hong Kong quanto na moeda chinesa.

Segundo Bonnie Chan, já foram registrados 73 pedidos de IPO neste ano, um aumento de 50% em relação ao semestre anterior.

O total de ofertas em análise chega a 110. “Tudo o que precisamos é de condições de mercado favoráveis para que essas empresas sejam lançadas com sucesso”, disse.

O fortalecimento do yuan diante do dólar representa apenas um passo dentro de uma estratégia ampla de Pequim para projetar sua moeda no cenário global.

Resta a dúvida: até que ponto essa valorização recente pode acelerar a disputa com o dólar e mudar o equilíbrio das finanças internacionais?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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