Com transações em moeda local, clearing no país e adesão ao CIPS, o Yuan ganha espaço no Brasil, avança nas reservas e já responde por parte relevante do comércio bilateral sem “substituir” o dólar de uma vez.
O Yuan ganha espaço no Brasil à medida que Brasil e China passaram a operar transações diretas em moedas locais, reduzindo custos cambiais e ampliando a competitividade nas exportações. De acordo com o portal straitstimes, desde 2023, o acordo bilateral permite fechar negócios em renminbi e real sem intermediação do dólar, numa aposta de diversificação e eficiência.
Os efeitos já aparecem: o uso do yuan cresceu nas reservas brasileiras e, em 2025, alcançou cerca de 40% das operações do comércio bilateral, movimento que fortalece a relação com o principal parceiro comercial do país. Ainda assim, especialistas ponderam que essa transição é gradual e não elimina, no curto prazo, a relevância do dólar nas trocas internacionais.
O acordo em prática: o que muda na rotina das empresas
Na prática, o desenho operacional foi viabilizado por medidas concretas. A China autorizou o ICBC a atuar como banco de compensação (clearing bank) do yuan no Brasil, o que viabiliza pagamentos diretos entre reais e renminbi.
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Paralelamente, instituições brasileiras como o BOCOM BBM ingressaram no CIPS (Cross-Border Interbank Payment System), alternativa ao SWIFT, agilizando liquidações e diminuindo fricções.
Esse arranjo encurta a cadeia cambial (evita conversões duplas), reduz spread e dá previsibilidade de prazos.
Para os embarques de commodities e manufaturados, a simplificação tira atritos do caixa, melhora margem e em alguns casos ajuda a fechar preço com mais agressividade comercial.
Reservas, comércio e o avanço medido do yuan
Além do fluxo comercial, o Yuan ganha espaço no Brasil nas próprias reservas internacionais, onde já superou o euro e passou a ocupar a segunda posição.
O sinal é estratégico: além de diversificação, indica confiança operacional no ecossistema de pagamentos em renminbi.
No comércio, a curva é ascendente. Em 2025, cerca de 40% das transações Brasil–China passaram a usar moedas locais, num salto expressivo frente a anos anteriores.
Em paralelo, o intercâmbio bilateral alcançou US$ 157 bilhões em 2024, patamar que amplia a relevância de mecanismos que reduzem custo e tempo nas liquidações.
Quem ganha com a mudança e por quê
Exportadores de commodities e cadeias com contratos padronizados colhem ganhos imediatos com a queda de custos cambiais e maior previsibilidade.
PMEs começam a ser beneficiadas também, ao acessar condições mais simples para fechar em yuan, algo que antes ficava restrito a grandes players com estrutura financeira sofisticada.
Para o sistema financeiro local, a migração parcial cria oportunidade: bancos e fintechs passam a ofertar soluções de hedge, conta em moeda e pagamentos voltadas ao renminbi.
Quanto mais empresas internalizam o fluxo em yuan, maior a liquidez e a eficiência de toda a engrenagem.
Riscos e limites: o dólar não sai de cena do dia para a noite
Apesar do avanço, há limites claros. O dólar continua dominante no comércio e no financiamento global; a desdolarização é gradual e setorial.
Além disso, o yuan opera sob controles de capital, o que exige governança de risco e ferramentas de hedge adaptadas ao regime chinês.
Outro ponto sensível é a exposição geopolítica: aprofundar laços financeiros com a China pode ampliar dependências e exigir leitura fina do cenário internacional.
Para o Brasil, o ganho pragmático (reduzir custos e diversificar) precisa vir acompanhado de cautela, transparência e boa gestão cambial.
Infraestrutura de pagamentos: CIPS, clearing e swap
A espinha dorsal do avanço está na infraestrutura. O CIPS amplia o alcance de pagamentos em renminbi com liquidação mais direta, enquanto o clearing local do ICBC dá lastro operacional às empresas.
Adicionalmente, a cooperação monetária inclui acordo de swap entre os bancos centrais, abrindo linha de liquidez e dando segurança ao mercado em momentos de estresse.
Esse tripé CIPS + clearing + swap sustenta a tese de que o Yuan ganha espaço no Brasil por capacidade operacional, não apenas por narrativa. Sem trilho, o trem não corre: aqui, o trilho foi estendido.
Multipolaridade financeira: tendência, não ruptura
O que se observa é uma multipolaridade crescente, em que moedas locais como o yuan ganham espaço em nichos onde há escala comercial e infraestrutura.
Não é ruptura, é rearranjo: o dólar segue central, enquanto renminbi e outras moedas ocupam fatias em transações específicas, reduzindo custos e riscos para quem negocia com a China.
Para o Brasil, a estratégia diversifica financiamentos e aumenta graus de liberdade no comércio exterior. Equilíbrio é a palavra-chave: aproveitar a eficiência sem perder gestão de risco e sem concentrar dependências.
No balanço, o movimento em que o Yuan ganha espaço no Brasil já é palpável: mais uso em reservas, clearing instalado, CIPS em operação e participação crescente no comércio com a China.
É um passo pragmático rumo a custos menores e prazos mais previsíveis sem decretar o fim do dólar.
E você, acha que ampliar o uso do yuan nas transações com a China é uma vantagem competitiva para as empresas brasileiras? Quais setores devem aderir primeiro commodities, manufatura, varejo? E qual é o nível de risco cambial aceitável nessa diversificação? Conte sua visão nos comentários queremos ouvir quem opera no dia a dia do comércio exterior.